Sem chão

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Em frente ao espelho começo a fazer um longo caminho com os dedos em toda região dos meus lábios onde antes Draco havia tocado. Cada toque naquela área que meu dedo percorria era como uma estrada, uma ampulheta onde a areia estava presa e contida naquele lago, naquele momento que eu sabia dentro do meu íntimo como jamais esqueceria. Fechei os olhos para lembrar de como ele mordeu levemente meu lábio inferior enquanto suas mãos apertavam intensamente minhas pernas debaixo d'água. Não precisei de treinos ou qualquer outra coisa que eu sabia que deveria ter aprendido antes com algum garoto, Draco me guiou perfeitamente bem e quanto mais seu corpo estava próximo ao meu pude entender o que era se sentir desejada, não que antes nenhum garoto tenha se aproximado - como disse a ele - mas nenhum me causou interesse para continuar, não existiu uma química como aconteceu com o Draco, com ele a situação fluiu leve e sem pressão, era exatamente como eu imaginava que deveria ser, como sonhei que fosse. Ele não era apenas o homem que tirou de mim meu primeiro beijo, ele era mais que isso, quando me senti insegura ele segurou minha mão e a beijou. Nenhum dos meus livros de romance me preparou para isso, nunca pensei que sentir esse arrepio dentro do próprio corpo fosse mudar tanto alguém, e eu sabia que eu mesma tinha mudado, mesmo que não intensamente, mesmo pensando ao contrário ou achando isso uma idiotice de uma garota inexperiente, Draco Malfoy marcou minha vida para sempre. Toda vez que alguém fosse me perguntar sobre isso era sua imagem que viria a minha mente, é uma marca que fica para sempre dentro de nós, e ele sem intenção já estava mergulhado nesse pacífico que era ser a primeira vez de uma garota.

- Tem alguém aí? - uma voz feminina bate na porta me fazendo abrir os olhos - tem alguém? Olha preciso usar o banheiro é urgente!

Busco a chave que a recepcionista me entregou no balcão e giro a maçaneta dando de cara com uma mulher de meia-idade se contorcendo do lado de fora.

- Desculpe, eu já estava de saída - entrego a chave a ela e saio do banheiro, sorridente.

Como se o universo fosse uma rua sem saída, o vejo ali sentado na mesa à frente da cafeteria do “campus”, um notebook aberto na mesa com um copo de café expresso do lado. O observei por um tempo sem me dar conta que estava parada em frente a fila de pedidos. Através dos cílios longos os olhos acinzentados ali estavam, ele que de certo modo, parecia intrigado com alguma coisa. Sua atenção estava voltada a alguma coisa que pela expressão que fazia parecia bem séria. Não sabia se era certo me aproximar, claro que não cobraria nada dele e não tinha esse direito, mas por alguma razão eu queria estar perto, perto o suficiente para saber o que estava tirando sua atenção, o que estava fazendo e por que aquilo o fazia jogar os cabelos para trás, nervoso. Queria descobrir detalhes nele que antes não tinha reparado e pensei ter visto algo importante de se lembrar. Quando o sol refletia nos cabelos loiros criava uma espécie de multi cores, duvidei que seu cabelo fosse branco antes pela cor que tomou assim que o sol o tocou com mais intensidade. Respirei fundo me aproximando da sua mesa deixando agora as pessoas atrás de mim satisfeitas por não atrapalhar mais a fila de pedidos. À medida que me aproximava meu coração disparava mais e uma sensação estranha me subia à garganta, será que essa era a famosa sensação de sentir borboletas no estômago? Não saberia dizer, assim como não sabia dizer se ele percebeu quando me aproximei, sua atenção estava fixa naquela tela.

- Oi! - digo me sentando na cadeira ao lado - vi você quando estava saindo e resolvi ver se está tudo bem. - abri um sorriso labial forçado demais, estava nervosa.

Draco desviou os olhos da tela e me encarou por alguns segundos, não respondeu.

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