O hospital

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- Você tem certeza que colocou a carta no lugar certo, Georgiana? - naquele momento andava de um lado para o outro sem parar 

 Ela apenas me fitou com curiosidade

- Coloquei mas senhorita, ele está noivo agora… - existia um certo peso em sua voz - a coroação foi a poucas horas atrás…

Sorri para ela me apoiando na cômoda, fechei os olhos deixando que as lágrimas limpassem tudo aquilo

- Eu sei, por isso esperei a coroação. Quero que ele veja a carta depois disso.

Era possível sentir o peso das minhas decisões naquele quarto, naquele cômodo e em todo lugar onde caminhava. O futuro que tínhamos era incerto demais e mesmo contrariando tudo o que aconteceu nos últimos meses, no fim percebi que não existia um mundo onde eu me encaixasse dentro daquela mansão. Draco havia me feito experimentar algo novo, que não posso comparar a nada que já conheci, mas no fundo eu sabia, não conseguia me encaixar em uma sociedade que julgaria a escolha dele como rei em suas atitudes, jamais me perdoaria por não ter dado a ele a chance de escolher alguém melhor. 

Eu não era tudo o que uma rainha precisava ser, jamais seria. Por meses acreditei que poderia ter conserto mas não existia o que consertar, não era como um carro velho em uma garagem. Jamais iria funcionar como as leis mandam, seria sempre calada, oprimida. Sabia que ele jamais aceitaria o fim e decidi com a ajuda de Georgiana o machucar o bastante para não me procurar novamente. Ele jamais perdoaria uma traição. Estava confiante demais, mas no momento que o vi chegar naquele corredor e perceber o tamanho da dor que causei, a mais ferida nessa história fui eu. Tenho esperança que depois que essa febre passar, irei sobreviver. Draco merecia ter a chance de conseguir ser um rei de verdade. 

- É importante que ele saiba o quanto… - respirei fundo antes de continuar - o quanto me importo, apesar de tudo 

- Senhorita! - Georgiana correu para me abraçar no momento que percebeu meu descontrole emocional

Joguei meus braços quando ela se aproximou, estava exausta.

- Sei que estou agindo feito louca, mas estou presa na minha própria armadilha - os soluços eram intensos agora - não estou pronta para enfrentar a Narcisa, ela ameaçou minha família, não consigo, não consigo… - Georgiana me confortava enquanto tremia - estou rezando para sobreviver a isso, está acabando comigo, acabando comigo.

- Vai passar senhorita, vai passar… - suas mãos limparam minhas lágrimas - não precisa carregar um fardo que não está em condições de carregar. O príncipe vai entender sua escolha um dia.

Assenti olhando o celular vibrar na bancada, o busquei vendo o nome de Leta aparecer na tela. Ultimamente estava insuportável lidar com a ideia que ela queria conversar comigo. Joguei o aparelho longe voltando a me sentar na cama, estava cansada demais de tudo o que me perseguia. 

Sorri ao passar as mãos pelo lençol da cama me lembrando de todas as vezes que estivemos ali. A cama iria ficar tão fria sem ele me abraçando todas as noites, nosso futuro era tão incerto, a linha tênue que nos juntou foi a mesma que nos separou. Não sei dizer como será minha vida depois disso, na verdade não sei dizer como irei me adaptar sem ele, será estranho uma cama vazia, um mundo cinza. Enfim pulamos do penhasco, mas minha mão não estava erguida para ele segurar. 

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