8 - C L Ã E G Í P C I O

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Cheiro de sangue. O aeroporto era repleto dele, pior ainda era o avião. E quase uma catástrofe eram os pensamentos das pessoas, antigamente eu me sentia melhor em relação à eles porque eu ainda estava no começo, tinha descoberto à pouco tempo meus poderese e eles estavam em constante evolução, não tinham a dimensão que tem hoje. No entanto durante a longa viagem de Forks para o Egito, troquei mensagens com Benjamin e até com Alice. Minha tia ficou contente quando soube que eu tinha decidido partir, ela disse que se eu ficasse em poucos dias minha mãe descobriria da mentira e nesse momento eu quase me ajoelhei para agradecer qualquer entidade que tocou meu cérebro para ir embora. Seria um desastre.

O Egito era um país completamente adorável, óbvio que eu sentia calor quando vinha para cá mas eu não nego que amava sentir os raios de sol em contato com a minha pele. Amun ordenou que um de seus empregados me buscassem no aeroporto, digamos que talvez ele seja cuidadoso demais. Avistei Benjamin ao lado de Amun quando cheguei no Palácio do mais velho, Tia e Kebi sorriram para mim quando me aproximei.

— Não sabem a saudade que senti — comentei ao abraçar Tia. Ela era adorável, sua aparência era jovem e ainda sim madura. Eu a adorava.

— Sentimos o mesmo de você — ela disse dando espaço para que Kebi me recebesse em meio aos seus braços gélidos.

— Como foi a viagem? — Kebi me perguntou retirando as malas de minhas mãos.

— Cansativa eu diria. Os pensamentos humanos são complexos demais para mim em muitas ocasiões, e mesmo assim procuro compreendê-los — neguei com a cabeça logo dando de ombros — E você Ben, obrigada por me entreter durante a viagem com suas histórias antigas.

Benjamin sorriu se colocando à minha frente, eu sentia sua felicidade me preencher. Era incrível. Nos abraçamos demoradamente.

— Não poderia ter feito menos. Humanos são... complicados — ele franziu o cenho um pouco confuso.

Assenti desviando o olhar para Amun. Ele não era do tipo que demonstrava facilmente seus sentimentos, no entanto seu olhar dizia tudo que eu precisava saber.

— Amun, é muito bem revê-lo — comentei o abraçando rapidamente.

— É recíproco Lillian — Amun respondeu colocando um mínimo sorriso de lado no rosto. Ele insistia em me chamar de algo que ninguém fazia.

— Bem, vamos entrar? Pedi que preparassem uma bela refeição para você — Kebi pediu andando ao lado de Amun para dentro do grande Palácio. Acho que tudo neste lugar é de ouro.

— Kira, porque não se banha para relaxar um pouco?  — Tia me aconselhou colocando a mão no meu ombro direito.

— Oh, claro. Se não se importarem.

— Não nos importamos — Benjamin sorriu de forma fofa.

Amun dizia que nós dois éramos um perigo e juntos um futuro Apocalipse. Temos a mente inocente demais comparadas a eles e nossos sentimentos sempre tão compreensivos com os outros podem nos colocar em perigo. Talvez ele esteja certo, Ben é um vampiro de coração bom e atitudes nobres, tem um ótimo senso do que é certo e errado e eu sou igual a ele, apenas um pouco mais infantil.

Tia me levou até o quarto em que eu ficaria, que estava mais para um apartamento dentro de casa. Eu costumava usar roupas mais leves aqui e por isso depois de tomar um ótimo e relaxante banho, me vesti apenas com um vestido preto de mangas longas, as pontas das mangas que iam até os meus dedos tinham uma abertura onde eu colocava meu dedão. Adorava roupas assim ou luvas de dedos abertos, eu sentia que facilitava minha movimentação na hora de usar meus poderes e não deixavam minhas mãos geladas demais. Nos pés coloquei apenas um salto alto nude e sai do quarto com os cabelos soltos, fiz apenas duas finas tranças e prendi as mesmas formando uma meia coroa.

Eu poderia simplesmente me perder dentro do Palácio de Amun, isso se não conseguisse sentir cada um do clã espalhados pela casa. Me encontrei com Benjamin e Tia sentados à mesa do jantar, ela era enorme e banhada em ouro. Eu venderia ela com certeza para comprar uma casa só minha, meu pensamento me fez sorrir mas evitei que fosse muito.

— Agradeço por me esperarem — me sentei na cadeira. Um dos empregados colocou meu jantar no prato e eu podia sentir o pouco sangue do meu corpo se concentrar nas minhas bochechas.

— Sabe, acho adorável quando você cora — Tia soltou uma pequena risada colocando a mão na boca.

Revirei meus olhos colocando o garfo de ouro com comida na minha boca. Benjamin sorriu segurando a mão dela sob a mesa. Os dois eram perfeitos juntos, sempre apoiando um ao outro e exalando o mais puro amor por cada lugar que passavam.

— Kira, o que pretende fazer esta noite? Se não for dormir, claro — Benjamin perguntou chamando minha atenção.

— Eu realmente não faço a mínima ideia. Não costumo dormir sempre, apenas quando estou cansada demais e já fazem dias que não me sinto assim — dei de ombros ingerindo suco de uva.

Ele concordou com a cabeça franzindo o cenho. Eu podia ver as engrenagens de sua cabeça sendo postas para funcionar.

— Ah, sim. Amun e Kebi se retiraram para se alimentar, podem demorar horas — Benjamin disse parecendo se lembrar deste fato agora — E não se preocupe com sua alimentação, Esme mandou um recado para Kebi avisando que você se alimenta com comida humana uma vez por semana e não dorme com frequência. Aliás, não se preocupe com o sangue, posso te levar para se alimentar todos os dias.

— Lhe ajudaremos com o que for necessário — Tia continuou.

Sorri assentindo. Terminei minha refeição com rapidez e logo depois de escovar meus dentes me reuni com Benjamin e Tia no jardim que Amun havia feito para Kebi. O lugar possuía uma fonte de água enorme no centro e na borda da fonte Tia se sentou delicadamente.

— Quero que um dia alguém me ame assim como vocês se amam — comentei observando o olhar admirado que Tia lançava para o marido — São perfeitos juntos.

A mulher sorriu para mim assim como Benjamin.

— Não se preocupe, eu tenho a sensação de que isso não irá demorar à acontecer — Ela disse em um tom doce.

— O que me diz de brincar um pouco? — olhei para Benjamin curiosa.

"Apenas por alguns momentos " pensou com um sorriso.

Assenti caminhando com ele para alguns metros longe de Tia. Benjamin se colocou à minha frente e moveu minimamente as mãos para cima fazendo pequenas pedras subirem.

Envolvi as mesmas com a energia vermelha que saia das minhas mãos e juntos começamos a construir uma réplica do lado de fora do Palácio, eu via perfeitamente cada detalhe do lugar pela mente de Benjamin.

— Ficou perfeito! — olhamos para o lado onde Kebi sorria ao lado do marido.

— Devo concordar — o mesmo comentou caminhando até nós — Vocês fazem uma boa dupla. Trabalham em conjunto com habilidade e precisão.

— Eu apenas preciso ler a mente dele para saber exatamente o que fazer — dei de ombros.

— Pois bem... creio que seja bom que os dois treinem juntos. Assim Benjamin pode ter mais controle sob suas habilidades e você sobre combate mais físico.

Mordi os lábios assentindo.

— Realmente, pode ser uma boa ideia — concordei vendo seu sorriso.

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