Samuel
Não sabia dizer se o que eu ouvia era minha imaginação ou se era real.
Batimentos ritmados claramente soando na ponta dos meus ouvidos. Os batimentos cardíacos da minha irmã, simples e de algum jeito sincronizados com os meus.
Levantei meu pedaço de cartolina assim que a primeira pessoa saiu do portão de desembarque do aeroporto, com meus pensamentos a mil.
Havia chegado aqui horas antes, e estava esperando o voo atrasado da minha irmã junto do motorista que iria nos levar até a academia. Um homem de pele negra e com mais de dois metros de altura que me deixava inquietamente curioso para saber o que se passava por trás daqueles óculos escuros e sérios. Ele não era humano, isso eu conseguia sentir.
Mais seis pessoas saíram antes que eu avistasse os cabelos loiros da minha irmã. E foi como se o tempo parasse. Lentamente minha mão foi se abaixando. Era estupidez pensar que ela realmente precisaria daquilo para conseguir me localizar.
Era como uma conexão magnética que nos puxava a nos encontrar. E ela me achou e tudo parou.
Demorei para notar a mecha escura no seu cabelo que descia pelo lado esquerdo do seu rosto, ela tinha feito isso recentemente. Lexa correu até mim assim que conseguiu se desvencilhar da multidão a sua frente, parando a centímetros do meu corpo.
Ainda estávamos mudos quando levantamos nossas mãos no ar e tocamos a ponta de nossos dedos indicadores na linha dos nossos narizes.
E foi como ligar uma lâmpada a uma usina de energia.
Uma pequena faísca avermelhada se fez no ponto em que nós tocamos e depois o tempo voltou a passar normalmente, e em um raio de quinhentos metros toda a iluminação ao nosso redor simplesmente explodiu, criando uma cortina de faíscas sobre nossas cabeças.
– Oi, mano.
Disse ela com o forte sotaque.
Oi.
Respondi sem mexer os lábios. Simplesmente na sua cabeça.
Isso vai ser demais.
– Podemos ir?
O motorista perguntou em inglês com uma voz grossa nenhum um pouco impressionado pelo nosso show de luzes igual a todos ao nosso redor que estavam nitidamente assustados, como nos filmes quando algo acontecia nos aeroportos e todos automaticamente assumiam que era um atentado terrorista.
Ao eu menos eu sabia o básico do idioma para me virar.
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Não prestei atenção em quanto tempo levou para chegarmos do aeroporto até a academia, Lexa e eu estávamos ocupados demais conversando. Mas evitamos nos tocar com o máximo de cuidado. Não sabíamos se outro toque poderia fazer o carro preto e de vidros escuros que estávamos capotar no meio da pista ou simplesmente levitar.
– Vocês estão prontos?
Disse o motorista cortando o silêncio que ele tinha formalmente adquirido desde que Lexa apareceu.
Levamos nossos olhares para a janela esquerda do carro e fitamos a rua. Um muro cinza que parecia ser feito de rocha pura havia pintado o ambiente e segundo por segundo o carro foi desacelerando até parar.
Lexa
O carro parou em frente a um gigantesco portão de metal, daqueles vazados como grandes lanças postas simetricamente uma ao lado da outra.
– Você pode sentir?
Perguntei encantada.
– Magia. Verdadeira e intensa. Estou sentindo desde que cheguei, mas aqui tem muito mais.
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Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&Cinzas
FantasyLexa e Samuel estão animados para ingressar em uma das mais famosas academias de bruxaria, em Nova Salém, bem longe de seus respectivos lares no Brasil e na Inglaterra. Separados desde os oito anos de idade, essa é a primeira oportunidade que possue...