Capítulo XXXVI: Rapaz de fases o que fazes comigo?

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Samuel

Os dias passavam e cada minuto minha meta ficava longe de ser realizada. As pistas estavam esfriando em um ritmo tão rápido que já não fazia a menor ideia de onde ir para procurar respostas especificas.

Aquilo que estava tentando entrar em nossas mentes poderia ser qualquer coisa, de um bruxo, a qualquer ser místico vivo ou morto, então era como procurar uma agulha em palheiro sobrenatural.

E com o baile se aproximando a cada dia, todos começaram a ficar atarefados demais. E há uma semana do natal tudo parecia girar em torno do reencontro com os pais.

Sébastien era de longe o que demonstrava menos animação com o baile, mas não ousei perguntar, ele não havia tocado mais no assunto dos pais desde que nos explicou sobre a sua família e a maldição, e o pouco que disse não era favorável a eles.

Roman parecia eufórico com a possibilidade de rever os pais – e talvez apresentá-los a Lexa – Eu e minha irmã por outro lado tentávamos controlar nossas emoções. Mesmo que nosso pai tenha dado sua confirmação ainda era muito relativa sua presença. E de algum modo isso parecia estar chateando Killian também.

Não o relapso paterno que é nosso pai, mas o baile em si. Ele estava estranho desde o dia no lago. E nem mesmo Roman sabia o que estava se passando na mente dele agora. Era um completo mistério para todos nós. E quem sabe até ele mesmo.

Então o que me restava fazer era concentrar minha mente em algo que eu sabia ser construtivo e de fácil entendimento. Nesse caso a aula de magia lunar, em Teoria e Conceito Básico de Magia.

– Já terminou?

Bash perguntou com seu livro das sombras nos braços.

– Sim – respondi já me virando para porta e pensando na sala de aula do senhor Garrett e a porta se desfez – Vamos lá.

Fomos os últimos a entrar em sala, porque eu simplesmente não conseguia achar meu relógio de bolso, ele tinha o estranho costume de se esgueirar pelos bolsos de alguma roupa minha e se perder lá, ou talvez fosse minha memória, que nesses dias estava conturbada de pensamentos.

O professor Garrett estava atrasado, o que não era raro, ele sempre enrolava uns minutinhos, só para demonstrar o quanto não éramos assim tão importantes no final das contas para ele, ou talvez só para irritar a gente, ou acabar a aula mais cedo, quem sabe?

Levei meu olhar até Killian, mas o próprio tinha o olhar enterrado dentro do seu livro das sombras – de propósito? Não sei dizer – Os voltei a Roman que conversava com Lexa, que tinha que virar todo seu pescoço para cima para poder manter algum contanto visual com ele.

Sentei com um sorriso casual, e mandei um aceno de cabeça para Amora que devolveu com um sorriso educado. Ela era engraçada – engraçada do tipo não estou a fim de ser amigo de vocês – e quando pisquei o professor já estava parado em seu grande trono de ensino, pois era assim que chamávamos. Ele tinha de longe a poltrona mais luxuosa e pretensiosa de nossos quatro professores, e pretensão parecia ser a palavra que fazia jus a ele corretamente.

Ele arrumou a gravata roxa rapidamente e depois criou seu sorriso inconfundível no rosto, e foi como sentir um caminhão batendo contra nós.

Lexa segurou minha mão, e de alguma forma aliviou o esforço de repelir a personalidade magnética do professo em mim.

Ainda não entendíamos essa conexão dos gêmeos, mas a professora MiMi já tinha ensinado que ela era a mesma conexão que integrantes de um círculo possuem. Por isso somos poderosos, pelo mesmo princípio de aumentarmos o poder um do outro que um círculo possui. O que também nos fazia o único tipo de bruxo com esse tipo de habilidade natural. A maioria dos bruxos nunca formaria um círculo, pois era necessário nascer com essa conexão para se formar o pacto. Todos os Conselhos dos Clãs eram círculos de bruxos, os mais fortes e habilidosos de seus países. Mas não era só força bruta, tinha muito mais envolvido. Mas isso dependia de cada país.

Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora