Capítulo XVI: Nada de pensamentos negativos hoje

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Lexa

Seguimos o conselho de Sébastien e contamos a um dos professores, o mais lógico a se fazer foi levar a informação para o homem que estava encarregado de nos ensinar como lutar contra as criaturas do purgatório, o quase imortal, professor Siegfried.

Aparentemente eles já tinham começado a purificar todos os pontos onde os cães infernais haviam escapado, e tudo estava normal novamente. Mas ainda estávamos trancafiados nesses muros medievais até segunda ordem. E eu realmente precisava de uma tinta de cabelo antes que minha mecha de cabelo tingida parecesse algo que tinha dado muito errado.

Em alguma tentativa de tentar amenizar minhas preocupações sobre uma morte prematura o professor de Siegfried havia prometido uma aula sobre purificações de buracos do purgatório.

Algo que minha mente estava ansiando para entender. E hoje era o dia.

Acordei assim que as luzes se acederam e levantei, Cecilly ainda estava na cama, aparentemente ela estava doente novamente. Ou pelo menos com muita dor de cabeça, como ela descreveu.

Quando terminei de escovar meus dentes me lembrei de Amora van Allen, porém, a mesma estava tão distante quanto era possível. A ironia que mesmo não trocando mais de algumas palavras com ela desde que cheguei, ela era a única das outras garotas, fora Cecilly, que me despertava algum tipo de curiosidade. Mas ela não era exatamente de se socializar com qualquer um, se não estava junto de Hazel, sua colega de quarto, ela desaparecia, simples assim.

A sala de convivência estava começando a ficar movimentada novamente. E a academia inteira parecia dividida entre dois grupos, ou as duas turmas para ser mais exato. Como se fossemos dois estados vizinhos, mas com grandes barreiras invisíveis. Isso me fazia rir. Era diferente dos internatos.

Não era como a hierarquia de abelha rainha e coisa do gênero, mais como subgrupos de uma mesma facção. Intocáveis e com seus próprios segredos. E de certa forma isso era reconfortante, não haveria a preocupação de manter um lugar na cadeia alimentar, principalmente se tudo que fazíamos era chamar a atenção, e eu gostava da atenção. Só não era a favor dos resultados indesejados.

Como de costume fui até o refeitório pela porta da Casa Leoa atrás de Samuel e Sébastien, já Roman e eu não havíamos conversado muito por causa do meu pesadelo maluco, mas trocávamos olhares sempre que podíamos.

Ele estava claramente confuso, sem saber se deveria esperar ou dar o segundo passo. Isso era incrivelmente engraçado para mim. Então talvez fosse hora de tentar uma abordagem que me levasse a um lugar onde Roman e Killian pudessem voltar ao nosso círculo de amizade.

Como sempre Sam comia sua irritante maçã, dessa vez Sébastien o acompanhava, eles como habitual se perdiam em dezenas de assuntos. A amizade deles era invejável de tão simples e fluida. Eu não tinha isso aqui, e as vezes parecia que estar perto do Samuel era competir com o Sébastien, e estar perto do Sébastien era como se alçar a uma amizade frágil. Não sabia dizer se seriamos amigos se o Sam não existisse entre nós.

Porém, era esperar demais que fossemos ser inseparáveis. Vivemos separados um do outro por toda nossa adolescência, criando hábitos e diferenças visíveis. Termos um variado grupo de amigos em comum que fossem fluidos como esses dois seria muito difícil de acontecer.

Peguei uma bandeja e coloquei algumas coisas. Um croissant de chocolate, uma vitamina, um pudim de baunilha e fui. Passei direto por meu irmão e seu amigo e me dirigi até a mesa redonda metros atrás deles.

Sébastien e Samuel tinham seus olhos penetrados na minha nuca, eu também achava isso engraçado. Já Roman e Killian estavam, como na minha antiga mesa, tão perdidos em um assunto que quando perceberam minha aproximação já era tarde demais, eu já estava sentada.

Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora