Samuel
Faltavam dois dias para o natal, e as coisas finalmente começavam a se normalizar novamente. Se era o espírito do natal, eu não sei. Mas não iria contestar.
– Isso é mais chato que o sétimo filme de Harry Potter...
Lexa comentou se esparramando na mesa do laboratório para preparo de poções e receitas místicas.
– Por que suas analogias são sempre sobre adaptações cinematográficas de livros que você nunca leu?
– Para falar a verdade eu não sei, mas quando isso vai acabar? Tenho coisas importantes para fazer.
Disse ela enrolando o cabelo cacheado com os dedos fazendo cara de sono. Obviamente era uma mentira, não era necessário magia para descobrir isso.
– Só falta mais umas duas coisas e depois acrescentamos a beladona para nossa poção do sono. E se tiver sorte não vamos matar nenhum dos ratos.
Completei sorrindo, sentindo pena pelos ratinhos brancos que seriam usados nos testes. Mas o professor Garret havia jurado que eles não eram animais reais. Desprovidos assim de consciência e principalmente receptores de dor. Pequenas criaturas feitas pelo professor Siegfried para seus experimentos. Necromantes, alquimistas e intelectos – uma das categorias de magia das sombras – eram normalmente bruxos conhecidos como as figuras cientificas da nossa cultura.
– Okay, okay eu posso esperar.
Disse ela por fim.
O professor Garrett havia tido a brilhante ideia de nos ensinar poções do sono, nos formando em dupla como nas escolas convencionais.
Por causa do fato da poção precisar levar uma pitada de energia, tivemos que nos unir para fazê-la funcionar, forçando Sébastien e Amora a construírem uma dupla reserva, o restante continuou com seus colegas de quarto atuais.
– Ele está bem?
Perguntei enquanto tentava me lembrar o que era arsênico e o que era só cinzas de salgueiro.
– Nervoso, mas bem.
Respondeu, estávamos falando claramente de Bash que deveria estar se saindo um pouco melhor que nós, já que fazer tudo sozinho estava dando um pouco mais de trabalho do que pensei.
– Quinze minutos.
O professor Garrett nos alertou da sua mesa, tocando uma sineta irritante, com seu sorriso incrivelmente lindo, mas também muito... Irritante.
– Você ouviu o homem, mãos à obra.
Lexa comentou.
– Isso seria bem rápido se você ajudasse, e sabe disso.
– Eu sei, mas ninguém é perfeito. Não se martirize por não ser, agora, podemos?
Perguntou segurando as três pétalas da beladona antes de jogar na poção cor de rosa.
– Sim, jogue.
Lexa as deixou deslizar pela palma da mão e depois fizemos o que o professor nos ensinou, descarregamos uma pequena energia no líquido, como uma fagulha de eletricidade estática de nossos dedos que fez a poção ferver.
– Magnífico.
Disse ela por fim com um sorriso orgulhoso, que quase passava satisfação própria o que me fez a encarar de modo repreensivo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&Cinzas
FantasiLexa e Samuel estão animados para ingressar em uma das mais famosas academias de bruxaria, em Nova Salém, bem longe de seus respectivos lares no Brasil e na Inglaterra. Separados desde os oito anos de idade, essa é a primeira oportunidade que possue...