Capítulo VI: Os dons

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Samuel

Terceiro dia, eu já tinha causado alvoroço com um cálice, uma briga por causa de um banco de concreto e tido um ataque de pânico por causa de uma boate, então isso com certeza era algum tipo de recorde pessoal.

Pergunto-me o que Erica e Diogo iriam achar disso agora. Eles não teriam entendido as duas primeiras coisas, mas já me haviam visto tendo um ataque de pânico antes, um que eu não soube explicar na época. Por sorte o assunto foi esquecido na semana seguinte quando um rapaz vomitou no diretor Marcus. Aquilo tinha sido mais do que altamente nojento.

Entretanto, Erica e Diogo não eram algo que eu deveria me preocupar, com tantas outras coisas para pensar.

As luzes se acederam sozinhas como no dia anterior, mas dessa vez eu já estava acordado há algum tempo.

Sébastien levantou tentando não fazer barulho, mas uma pilha de livros caiu da sua cama.

– Droga.

Disse ele tentando arrumar as coisas em silêncio.

– Já estou acordado Bash. Não se preocupe.

– Desculpe.

– Não consegui dormir de qualquer jeito.

Virando-me na cama.

– Ainda está sentindo...

– Estou bem.

Respondi tentando cortar o assunto.

– Ham...

– Vou tomar um banho.

Disse por fim já me levantando.

Peguei meu uniforme de dentro do armário e minha escova de dente, as toalhas ficavam dentro do banheiro, sempre limpas e trocadas quando alguém usava.

As portas que se desfaziam ainda era algo que eu tinha que me acostumar, porém, o banheiro não me parecia assustador. Pois depois que eu entrasse em um daqueles lavabos poderia ficar um pouco a sós. Só eu e a água quente, e nada mais.

Virei primeiro para pia e foi quando aquele corpo recuou violentamente para trás assim que me viu.

– Oi.

Killian disse segurando a toalha que estava ao redor da cintura.

Seu corpo estava com uma fina camada de água por causa do vapor condensando. Seu cabelo totalmente encharcado e pingando. Contudo, era sobre o seu tórax desenhado que meus olhos correram em primeira instancia.

Forcei meus lábios a se manterem fechados e respondi acenando com a cabeça. Ele fez um meio sorriso e a conversa acabou. Mas antes que ele pusesse seu pé para fora do banheiro eu disse, ainda de costas.

– Obrigado!

Aquela palavra saltou da minha boca sem aviso prévio, então não soube como me portar depois, então simplesmente me joguei para dentro do primeiro lavado que encontrei aberto e me tranquei ali mesmo.

Não ouvi uma resposta vindo dele, mas talvez ele nem tivesse me ouvido.

Pus meu uniforme em cima da porta e comecei a tirar minha roupa.

Meus braços que antes estavam curados pela magia de Sébastien agora mostravam finas marcas avermelhadas causadas pelas minhas unhas na última noite.

Sem notar levei meus pensamentos até o registro do chuveiro e ele girou lentamente no sentindo ante horário. Levei um pequeno susto ao perceber a água caindo nas minhas costas, mas de algum jeito minha telecinese estava começando a surgir.

Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora