Capítulo XXVIII: Sussurre para mim

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Lexa

O cheiro era uma combinação de brigadeiro quente e sorvete de morango. E tudo era tão acolhedor, que obviamente era uma grande mentira.

– Está tudo bem, minha querida?

Minha mãe perguntou enquanto penteava meus cabelos com seus dedos.

Estávamos as duas deitadas em uma grande cama circular e branca, não havia mais nada no quarto, somente o cheiro e a sensação. Era simplesmente ótimo.

– Está perfeito, incrivelmente perfeito.

Respondi olhando para o teto.

– Você está pronta para tudo querida?

– Pronta para o que mamãe?

Ela sorriu, não de felicidade, mas com pena. Seus cabelos loiros eram bem mais escuros que os meus.

– Eu amava você, sabia disso?

Perguntou segurando meu rosto com os dedos

– Mãe...

– Seu irmão também, e amei os dois. Tanto.

– Mas...

Algo não fazia mais nenhum sentido.

– Shh... Apenas ouça querida, você ainda não aprendeu a ouvir. Sempre foi assim.

– Ouvir o que?

Perguntei confusa.

– Fique quietinha, você vai entender. Precisa entender e explicar ao seu irmão.

– Mas mamãe, onde está o Sam?

Perguntei confusa.

– Ele está acordado, não posso estar com ele. Não consigo, a mente dele é mais forte que a sua.

Explicou.

– Por quê?

– Ele mais forte que você Lexa, sempre foi, só não se dá conta disso ainda. Mas a mente dele sabe, ela o protege de me deixar entrar quando ele dorme. Mas eu entro na sua, sempre entro. Você só esquece assim que chega perto dele, como se a mente dele tentasse proteger você também. Mas você não consegue evitar, sempre foi mais fraca.

Sussurrou me assustando.

– Não fale isso, por favor.

– Você precisa entender, minha querida. Treinar mais. Não pode continuar a ser a mais fraca. Precisa ter controle quando tudo vier. Total controle do que você é capaz de fazer.

Suplicou.

– Do que? O que está vindo?

– Querida, ouça, você necessita entender...

– Mas ouvir o que?

– Só ouça.

Disse ela antes de desaparecer em fumaça.

Fechei meus olhos tentando ouvir o que não estava ouvindo, e por minutos vazios fiquei ali sem mexer um músculo, somente ouvido o meu coração batendo e imaginando meu sangue sendo bombeado pelo corpo, mas então era isso que ela queria que eu ouvisse? Meu coração?

Então o cheiro foi substituído pelo cheiro de queimado, pelo calor de uma chama rubra e todo o quarto pegou fogo junto de mim e logo tudo era fumaça e cinzas.

Abri meus olhos sobressaltados. Completamente assustada. Meu nariz estava a centímetros de tocar no teto do meu quarto então eu cai sobre a minha cama, obviamente flutuando sobre ela enquanto dormia.

Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora