Capítulo XLII: O problema com as vozes

3.9K 391 131
                                    


Samuel

– Vovó! Vovô!

Exclamei sem saber o que falar.

Lexa havia me levado até nossos avós. Roman tinha levado Killian para o outro lado do salão, e tinha feito nevar para distrair todos da nossa cena, e agora eu não sabia o que fazer, ou como agir.

Vovô estava parado na minha frente sem reação – tanto ele como eu – e vovó não sabia o que falar. Ninguém sabia.

Então aquela sensação se arrebentou sobre nós e todos viramos para o mesmo lugar. O senhor Garrett estava lá, parado, sorrindo, vestindo um terno novo e brilhante. Ele estava descaradamente chamando atenção com seu dom. Por causa de nós ou por causa dele mesmo? Não sabia dizer, mas era impressionante ele poder atrair tanta atenção. Éramos muitos, e só então dei por mim. Todos eles tinham visto meu beijo.

Cada família da academia tinha presenciado meu ato de loucura apaixonada com Killian e agora eu não sabia onde me esconder, mas sabia onde queria estar. Queria estar o beijando novamente.

Então a sensação se acabou. Ele simplesmente quebrou seu controle sobre todos, mas ninguém voltou a olhar para cá, então me concentrei a olhar somente para o professor, não queria de jeito nenhum encontrar algum olhar me fitando, se não fosse o de Killian, é claro.

Desculpa!

Disse a Lexa telepaticamente.

Mas ela não me respondeu só enroscou os dedos aos meus e se aproximou de mim.

Consegui encontrar Sébastien e sua família pelo canto do meu olho, droga... Desculpe também Sébastien.

Sua mãe parecia muito com a diretora Witwer, era exageradamente magra e alta. Só que Lucinda Strider parecia tão amarga que o jeito a qual Sébastien tinha descrito ela, agora parecia até doce e feliz. O pai de Sébastien que eu ainda não sabia o nome, era parecido com a mulher, que chegava a ser muito estranho. Os três eram pálidos, de cabelos de um tom escuro penetrante, só que diferente dos pais, Sébastien não tinham um rosto intimidado e murcho de rancor, o dele no caso estava mais para claramente assustado. Só que normalmente ele parecia bem mais feliz do que demonstrava agora.

Lexa

Minha mente mal conseguia processar tudo que meu irmão tinha feito e da forma que tinha feito, mas eu só conseguia sentir orgulho e nada mais. Mas por ora era melhor não falar nada. Claramente não era o meu momento de enlouquecer animadamente, não mesmo. Era deles. E da vovó e do vovô também, que ainda estavam em choque. Sam era tão calmo que eles mal conseguiam entender. Era engraçado, na verdade.

Não demorou muito depois que o senhor Garrett apareceu para que o restante dos professores também aparecesse, junto da diretora. Essa que vestia um deslumbrante vestido preto para ocasião, com luvas da mesma cor.

Enquanto falava ninguém se atreveu a olhar para cá. Primeiro pela onda maciça do poder do nosso professor sobre eles, segundo porque ninguém seria mal-educado o suficiente para não olhar enquanto a diretora Witwer falava e terceiro porque eu estava discretamente manipulando a energia de todos. Mandando ondas de calma e a apatia a cada intervalo de quinze segundos.

Mas Killian não se deixava abater tão facilmente.

Seu olhar estava aqui, sobre nós. Caindo e suplicante. Segurado por Roman que olhava na direção da diretora. Mesmo que eu não fosse capaz de saber o que Killian sentia, era fácil perceber que ele queria voltar, e continuar o que estavam fazendo antes. Mas ele não faria outra cena, bem, ele tinha começado isso tudo, não é? Então não sei exatamente o que eles eram ou não capazes de fazer quando suas emoções estavam em jogo desse jeito.

Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora