Capítulo XXXIII: Muralha invadida

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Samuel

Como em todo fim de semana as luzes só se acenderam bem depois das seis, e tudo parecia como antes, úmido e chuvoso. Bem, era assim que eu achava até perceber que minha irmã tinha levantado antes de mim.

Ah! – gritou Lexa mentalmente – SOL!

Meus olhos ainda estavam um pouco fechados, mas Bash estava em pé lendo um bilhete que deveria ter surgido na nossa porta à noite.

– Temos um dia sol.

Disse ele com muito menos empolgação que Lexa.

– Do que estão falando?

Perguntei confuso.

– Aparentemente ganhamos um dia de sol para relaxarmos as margens do lago. Aqui também diz que temos roupa de banho nos guarda-roupas e todo tipo de coisa nos esperando lá no lago que é para nos arrumarmos e irmos para lá depois do café da manhã.

– Um presente? Para gente?

Perguntei incrédulo.

– Sim, para as duas turmas na verdade, mas sim.

E aquilo tudo parecia como um dia de neve, onde as crianças ficavam em casa em alegria pura, por não ter aula, como nos filmes que eu via a tarde na tevê. O que teria muito mais sentindo já que estávamos na metade de dezembro num país que realmente nevava, diferente do Brasil, porém, um dia de sol depois de quase uma semana e meia de chuva sem fim era algo a se festejar de qualquer maneira.

O problema era que o sol envolvia pouca roupa e pouca roupa envolvia muitos problemas.

Sam! Sam! Sam!

Lexa voltou a gritar.

Eu sei, eu sei. Já vi. Pare de gritar tão cedo.

Desculpa, bom dia. SOL!

Pensou ela por fim antes que a bloqueasse mentalmente, exigia certo esforço forçar a mente dela a se desligar da minha, mas eu estava acostumado a erguer muros.

– Nós vamos?

Bash perguntou.

Mas antes de responder peguei o papel de sua mão e li, sentindo ainda uma pontada da emoção de Lexa batendo em meus pensamentos.

– Como se tivéssemos alternativa.

Disse por fim.

Mas era isso ou passar mais um dia preso dentro dos dormitórios ao som de chuva batendo no telhado. Nesse caso, metafórica.

Lexa

Claramente havia uma parte da minha cabeça usando isso como meio de esquecer o que tinha acontecido comigo e Amora, e sinceramente eu poderia fazer isso o dia todo, sem problema nenhuma.

– Rápido, gente...

Supliquei assim que terminei de comer meu café da manhã.

– Estou comendo o mais rápido que consigo.

Sam retrucou tentando devorar sua maçã matinal.

Killian estava do seu lado direito, e Sébastien do esquerdo, deixando os outros dois lugares para Roman e eu. E com certeza tinha algo diferente entre meu irmão e nosso ruivo favorito, mesmo que no dia eu tivesse certeza do que senti vindo de Killian, hoje essa certeza estava abalada. Mesmo com os sinais claros, aquela simples fração de segundo que se abriu para que eu pudesse saber o que ele sentia tinha somente me confundido mais. Mas ainda sim, eu não colocaria minhas cartas fora para esses dois.

Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora