Capítulo XIII: Atordoado pelos acontecimentos

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Samuel

Finalmente estávamos usando nossos livros das sombras. Ou mais menos.

Eles funcionavam como diários mágicos que guardavam toda informação sobre o mundo dos seres místicos dentro dele. Era como uma grande tela multifuncional de informações.

Descobrimos também que as disciplinas de Teoria e Conceito Básico de Magia e Prática e Exercício da Bruxaria trabalhavam em conjunto.

O senhor Garrett havia até nos explicado a concepção do feitiço que usamos na vela e sobre o conceito no geral para estruturação de qualquer feitiço.

Ele também tinha nos alertado com forte ênfase a nunca tentar criar nossos próprios feitiços. Seria desastroso e potencialmente fatal.

A arte de criar feitiços era algo raro, e pelo que tínhamos entendido só ocorria em somente uma das seis categorias de dons de magia das sombras, e não havia nenhum aluno em nossa classe que fosse um Intelecto. Então gravar e entender os feitiços que já existiam era a melhor coisa a se fazer do que tentar criar novos.

Ironicamente toda nossa classe se incluía nas outras cinco categorias.

Médiuns, usuários de espírito, naturalistas, manipuladores de percepção ou mestres de energia. E ainda incluindo três elementais que eram bruxos capazes de acessar as forças elemental primarias como base de seu poder e também magia das sombras.

Os outros tipos de bruxos a existir eram claramente necromantes e alquimistas. Que como elementais tinham a base de sua magia de uma outra fonte de poder, mas que conseguiam acessar magia das sombras em algum nível. Sendo que alquimistas tinham a magia dificuldade em acessar esse poder do que necromantes ou elementais.

Olhei ao redor e vi Bash totalmente concentrado, lendo atentamente cada palavra descrita no imenso quadro negro.

As informações eram automaticamente gravadas nas páginas do seu grimório e sintetizadas por temas.

Lexa estava girando um lápis sobre a mesa usando sua telecinese, parecendo tão entediada quanto distante. Aproveitei a oportunidade e mirei minha atenção até Killian, desde o incidente, duas semanas atrás, não havíamos nos falado mais.

Ele não parecia tão mais receptivo agora. Não depois de ter sido arremessado contra uma parede.

Como se alguém gostasse de ser tratado assim.

O professor Garrett não estava usando sua aura, voz ou o que fosse para nos influenciar de algum jeito, mas ele tinha deixada uma boa impressão com as garotas da turma, que suspiravam sempre que tinham oportunidade.

Daniel não gostaria dele, o acharia exibido e pomposo. Eu diria que ele só estava com ciúmes por achar alguém que fosse pior que ele, e nos riríamos. Seria assim, mas não era assim de verdade.

Tentar não pensar nos humanos que tinham feito parte da minha vida por um longo período de tempo era bastante desgastante.

Eu sei que era para melhor, tinha consciência disso, mas ainda assim era estranho.

Daniel e eu tínhamos terminado há meses, mas isso não significava que eu não sentia mais nada por ele. Em compensação eu estava minando minhas atenções para alguém que era o oposto do meu ex namorado.

Killian e Daniel eram como polos diferentes, de universos diferentes.

Daniel era ousado, exibido, até um pouco arrogante e gostava de ser o centro das atenções, ele puxava isso em mim, Killian era calmo e comedido, sempre tentando manter o controle da sua magia. Isso era algo que compartilhávamos.

Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora