Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&Cinzas

Capítulo XXXI: Não perca o foco

Samuel

– Então, quando você vai admitir?

– Admitir o que Bash?

Perguntei enquanto terminava de me arrumar para segunda aula de Exercício e Prática de Bruxaria.

– Que talvez, só talvez, você esteja apaixonado pelo Killian.

Disse ele com um sorriso bobo no rosto.

– Não sei do que está falando.

Menti bruscamente.

– Eu vi vocês dois no outro dia. Tão íntimos. Tão... Sei lá! Está rolando alguma coisa.

Acrescentou alegre.

– Como você mesmo disse, só talvez.

Respondi por fim com minha expressão facial dizendo tudo que eu estava tentando esconder.

E Sébastien tinha razão, mesmo que eu não quisesse de início, eu não podia negar para sempre. Minha mente sentia algo por aquele rapaz, ela só não sabia o que fazer com isso.

– Você deveria perguntar.

– Perguntar o que?

Questionei abotoando a camisa.

– Você sabe... Aquela coisa.

Disse ele tentando dizer sem dizer.

– Uma regra que se aprende, nunca pergunte se alguém é gay. Não se você não tiver muita certeza.

Essa era uma regra crucial.

– Você não quer tocá-lo para saber, então tem que perguntar. Se não para o Killian, então pergunte ao Roman. Eles já passaram bastante tempo juntos. Ele deve saber.

– Quem sabe, mas talvez nunca tenha surgido o assunto entre os dois.

Comentei otimista, mas nem eu mesmo acreditava nisso.

– Sério? Em nenhuma vez eles nunca se depararam com um assunto como ex namoradas, ou garotas dando em cima? É meio impossível. Para dizer o mínimo.

Sébastien retrucou sério.

– Certo, mas nem sei se meu dom funciona nele. O da Lexa não funciona direito – presumo eu que tenha a ver com a magia da fênix, mas isso era altamente relativo – E não vou perguntar ao Roman, se ele disser que o Killian não é e depois contar a ele que eu perguntei como acha que ele vai me tratar?

Esse era um medo constante.

Roman não se importava comigo porque tinha dois pais, e levaria tal coisa amigavelmente, mas Killian era outro assunto. Ele poderia ter me posto em uma zona confortável, pois eu nunca tinha ultrapassado barreiras. Talvez até me visse como um irmão mais novo. Eu poderia estragar tudo de diversas formas só por tentar descobrir.

– Mas você não pode se apaixonar por alguém assim, não é bom e muito menos saudável para sua cabeça.

Sébastien acrescentou.

Antes ele estava alegre, agora ele parecia preocupado.

– Você acha que eu não sei? Minha ansiedade não precisa de mais combustível. Mas ainda sim, acho que vou continuar como estar. Estamos finalmente sendo amigos normais. Conversando, trocando segredos, rindo... Essas coisas. Está bom assim.