Capítulo XV: Nascido, criado e conjurado

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Samuel

Só conseguimos algum tempo livre que fosse construtivo após o final da segunda aula de Prática e exercício de bruxaria, então já estava de noite quando entramos na biblioteca.

Para não pararmos na sala da caldeira ou qualquer coisa do gênero, fizemos Sébastien pedir a uma porta para nos levar a biblioteca e ela atendeu.

O labirinto de livros parecia o mesmo da última vez, só que as estantes estavam mais altas, como se novos livros tivessem sido acrescentados. Ou quem sabe estivéssemos em outra ala da biblioteca, eu não sabia dizer.

– Por onde começamos então?

Lexa perguntou coçando o cotovelo.

– Pela letra D.

Sébastien respondeu apontada para o corredor a nossa frente, com a letra D pintada em verde cintilante alguns metros acima de nossas cabeças.

Poderia se dizer que eu não estava mais tão animado em vir aqui como antes.

Minha mão passava sobre o meu braço com certo afinco. Como se tentasse esquentar um membro dormente ou algo assim, mas era somente nervosismo.

– Você está bem?

Lexa perguntou tomando a dianteira.

– Estamos atrás de cachorros demoníacos, não, eu não estou muito feliz com essa virada da nossa vida...

Disse por fim sendo cortado por Sébastien.

– Vocês vêm?

– Sim.

Respondemos juntos.

Para uma biblioteca mística reconhecida esse lugar parecia mais bagunçado do que a biblioteca pública da minha cidade.

– Como vamos achar alguma coisa entre – Lexa estreitou os olhos para ler as letras douradas no verso do livro – Etimologia dos monstros negros ou Anatomia d-do M-monstro do lago Ness? – ela fez uma cara de desdém antes de fazer seu comentário sarcástico – Fala sério?

– Procurem algo como cães de guarda do purgatório, emissários do caos, faz-tudo do diabo. Títulos que façam referenciam a escravos sanguinários.

Sébastien acrescentou, aquilo tudo não parecia novidade para ele.

– Isso não está melhorando em nada.

Respondi.

Comecei a passar meus dedos pela infinidade de títulos, cujo qual a maioria eu não conseguia reconhecer nem uma palavra. Puxando a manga da minha blusa sempre que possível, fazendo a ficar na metade da minha mão.

Lexa se pudesse tacaria todos os livros, que para nós não parecia servir, no chão. Eu por outro lado, não ficaria chateado em saber um feitiço de auxílio, porém, era pensar nisso ou no que Rex tinha me dito.

Ele poderia estar blefando, seria o mais sensato a pensar, e ele poderia ter ouvido sobre o Daniel, que também seria lógico, mas ele havia sido especifico de mais ao comentar sobre Killian. Não havia erros.

Mas por ora ele guardaria a informação consigo e não iria usar contra mim. A diretora estava de olho em nós, o fazendo se acalmar, mas assim que tudo voltasse a ser esquecido ele iria jogar isso como uma peça no tabuleiro. E eu era a peça a qual ele queria desesperadamente tirar do jogo.

– No que está pensando?

Lexa perguntou percebendo minha distração.

– Nada.

Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora