Lexa
Cecilly havia se recuperado da intoxicação alimentar e os dias começaram a correr mais rapidamente.
Por causa dos dias que ficou doente, a diretoria retirou Cecilly das aulas de Artes Especializadas.
Usei o restante do meu tempo livre para pensar em como customizar meu uniforme, e tentar fazer alguma melhoria naquela coisa monocromática.
– Já teve alguma brilhante ideia?
Lly perguntou.
– Não. Pelo menos nada que fosse realmente original.
Pus meu uniforme de forma a qual ele ficasse montado em cima da minha cama.
Blazer preto. Camisa social branca. Saia preta. Meias cinzas. Sapatilhas pretas.
– Pensei em algumas coisas, mas tudo parece ficar horrível em mim.
Disse ela por fim.
Peguei minha segunda mala que estava escondida embaixo da cama e retirei minha maleta de costura. Não que fosse minha atividade preferida, mas é nessas horas que as aulas obrigatórias do Saint'Anne pareciam servir para alguma coisa.
– Você não parece uma garota que costure.
Cecilly acrescentou rindo.
Desde a briga com Rex, ela havia ficado estranha comigo. Mas agora que estava melhor da intoxicação tinha voltado ao seu normal, talvez fosse por causa da comida mesmo.
– Aprendi nos meus dois primeiros internatos. Era uma atividade obrigatória. Éramos treinadas para sermos damas. Damas costuram, cozinham, limpam a casa, fazem chá, e esperam os maridos chegarem em casa. Pobre delas, não sabiam o que tinham dentro daquelas paredes.
Disse com um sorriso cínico que esbaldava confiança exagerada.
A primeira coisa a fazer era cortar alguma coisa. Claro que se eu cortasse errado poderia destruir o uniforme para sempre e eu não fazia ideia se poderia receber outro, ou se Cecilly sabia um feitiço para consertar roupas, então tentei visualizar alguma coisa na minha cabeça.
E depois de conseguir algo finalmente comecei.
Joguei praticamente tudo que estava na minha maleta sobre a parte vazia da cama, organização nunca tinha sido minha melhor qualidade de qualquer jeito, e ser espetada por agulhas era praticamente um pré-requisito básico para se costurar qualquer coisa.
Segurei a manga com uma mão e com a outra simplesmente puxei o ombro do blazer com força, mas foi como rasgar papel, quase como se a roupa fizesse o que minha imaginação queria. Retirei a segunda manga e joguei no chão. Arranquei o emblema da academia e o joguei em cima do bolso da camisa, automaticamente a costura do emblema se amalgamou a da camisa. Elas simplesmente conversavam entre si.
– Como fez isso?
– Não fiz – respondi – O uniforme parece responder ao que eu penso.
Segurei a saia no alto e depois a larguei, ela continuou onde estava, simplesmente flutuando. Pelo menos levitar roupas minha telecinese era capaz de fazer sem problema. Procurei entre as quinhentas amostras de tecidos espalhadas em uma sacola, algo que servisse para minha saia pregada, e consegui.
Consegui encontrar um cinto final branco perdido em algum lugar das minhas coisas, e um lindo broche de metal no formato de uma rosa.
Segurei a tesoura entre os dedos e comecei a cortar as mangas do blazer em quatro tiras. Segurei a ponta de duas perto uma da outra e como o emblema e a camisa, as linhas do tecido se uniram até parecerem imperceptíveis.
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Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&Cinzas
FantasyLexa e Samuel estão animados para ingressar em uma das mais famosas academias de bruxaria, em Nova Salém, bem longe de seus respectivos lares no Brasil e na Inglaterra. Separados desde os oito anos de idade, essa é a primeira oportunidade que possue...