Lexa
Já estávamos esperando dentro da sala da diretora a mais de meia hora. Ninguém ousou dizer absolutamente nada. O medo era generalizado e não havia como fugir dele, era demais para qualquer um.
Cecilly estava morta, e nós sabíamos pelo que. Conseguimos ver as marcas queimadas na pele do seu cadáver. Um cão infernal tinha feito aquilo. E nós nem fazíamos à menor ideia que ela nunca tinha chegado a Alemanha.
Assim que vimos o seu corpo a diretora apareceu, aparentemente Amora quebrou a barreira da academia com algum super feitiço, fazendo as portas se abrirem. Isso explicava por que ela estava desmaiada, mas não porque estava sonâmbula.
Fomos trazidos para escritório da diretora logo depois disso para aguardar e talvez manter o segredo.
Deram alguns cobertores para nós, daqueles que parecem ter todas as cores misturadas de uma única vez e nós esqueceram aqui.
Samuel e eu pegamos o maior e o dividimos, nos escorando na parede mais próxima, Sébastien se sentou na cadeira ao lado de Amora, Roman ficou em pé ao meu lado, e Killian ao lado de Samuel, também em pé. Nem mesmo eles conseguiam assimilar aquilo de uma forma mais pratica do que nós.
– Ela vai nos interrogar, será?
Sam acrescentou sendo o primeiro a sair do silêncio mortal.
– E o que ela acha que podemos responder? – ironizei – Que isso aqui é como Hogwarts, só que tudo de novo? Eu não faço à menor ideia do que aconteceu, só estava seguindo-a.
Disse por fim apontando para Amora, a mais abalada de nós. Ela agora não estava com aquela expressão, parecia mais séria, mas ainda sim abalada.
– Não foi minha culpa.
Disse ela olhando para mim se forçando ao máximo para não chorar.
– De ninguém... Não foi culpa de ninguém.
Sébastien acrescentou.
– Vamos dizer o que achamos que aconteceu – Killian respondeu – Você a viu, não é? – perguntou ele para mim e eu afirmei com a cabeça – Disse ao Samuel o que estava acontecendo e ele ao Sébastien, e eu o vi no corredor, chamei o Roman, e depois vimos o corpo. Não temos nada para esconder. Nem poderíamos. Nenhum de nós aqui tem poder para conjurar um cão infernal e muito menos controlá-lo, não tem como ser nossa culpa.
– Teoricamente – completei – Pois nenhum de nós deveria ser capaz de quebrar a barreira e abrir os portões da academia também, mas ela vez – Amora levou a mão para debaixo da coberta, ela havia se queimado fazendo a magia, Sébastien não havia conseguido curá-la, algo a ver com a energia ainda estar no corpo dela – O que garante que ela não tenha feito antes?
– Eu não sei como fiz aquilo. Nem me lembro de ir dormir.
Respondeu irritada, ele parecia gostar muito menos da situação no geral.
– O que quer dizer?
Sam perguntou.
– Não me lembro de ir deitar, ou qualquer coisa. Só que acordei lá, ao lado dele – ela olhava para Sébastien com um estranho sentimento misto – E depois vi a Cecilly, ou corpo dela.
Amora fechou os olhos como se tentassem apagar da memória. Todos queríamos.
– Você estava em um estado transe – disse – Pelos menos parecia.
E isso era verdade, mas algo em mim estava repartido em colocar a culpa nela e a outra em não a culpar e isso me irritava.
– Então foi como se o seu corpo sentisse algo?
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Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&Cinzas
FantasyLexa e Samuel estão animados para ingressar em uma das mais famosas academias de bruxaria, em Nova Salém, bem longe de seus respectivos lares no Brasil e na Inglaterra. Separados desde os oito anos de idade, essa é a primeira oportunidade que possue...