Capítulo X: Queimem o lugar

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Samuel

– Por que eu sinto que você não está tão animado assim como a maioria?

Perguntei.

– Talvez porque eu não esteja.

Sébastien respondeu terminando de arrumar a gravata borboleta no espelho de corpo inteiro com movimento. Depois de ouvir o que o professor Siegfried disse na última aula ele decidiu que deveria pelo menos mudar alguma coisa no uniforme. Então estava ali usando aquela gravata.

– Até eu estou animado para aula prática. E eu não sou exatamente um exemplo de amante de contato físico.

Comentei fazendo piada.

– Veja pelo meu lado, estar em um lugar onde provavelmente várias pessoas estarão se atracando é como enfiar navalhas na minha pele por diversão.

Um flash de lembrança cortou minha mente. Tentei manter a mente limpa antes que ele percebesse que eu estava me lembrando de algo. E dessa vez a memória era completamente minha. Lembrando das marcas que deveriam estar em minha pele.

– Vai ser legal – menti, parecia o certo – E não devemos fazer nada muito drástico hoje. Pelo menos presumo que ninguém vá parar na enfermaria. Um lugar por sinal que eu não faço à menor ideia de onde seja.

– Alguém sabe onde fica qualquer coisa nesse lugar?

– Você.

Respondi com um sorriso que parecia tê-lo acalmado.

– Talvez.

Respondeu, três batidas fortes se fizeram do lado de fora do nosso quarto.

– Já estão prontos?

Roman perguntou.

Um arrepiou correu meu corpo em imaginar Killian do outro lado, o que também fez meu corpo se impulsionar para frente fazendo a porta se desfazer em pó.

Mas somente Roman estava parado a nossa frente. Novamente tive que forçar meu rosto a não transparecer o que minha mente pensava. Como frustração.

– Sim.

Sébastien respondeu depois de um longo silêncio que eu deixei acontecer sem perceber.

– Onde está o Killian?

Perguntei em seguida.

Bash tossiu atrás de mim relembrando a minha mente os bons modos.

– Quer dizer, bom dia Roman.

Tentei sorrir para disfarçar alguma coisa, mas foi tão inútil como tudo que eu fazia em relação a esse rapaz.

– Ele foi dispensado da primeira aula de exercícios práticos de bruxaria.

Respondeu como se fosse nada demais.

– Ele está bem?

Disse preocupado.

– Não, quer dizer, sim. Só está dormindo, ele não tem nada. Só foi dispensado, vai ficar o dia inteiro sem fazer nada.

– Então vamos.

Sébastien acrescentou.

Lexa

Trancei meu cabelo de modo que ele ficasse como em um coque, da maneira mais curta que consegui. Cecilly já estava lá. Sua vitalidade tinha voltado desde a aula de demonologia ontem à tarde.

Tínhamos conversado um pouco até, ela parecia estar melhor. Mas algo em mim ainda se preocupava.

Agarrei meu livro das sombras e desci as escadas.

Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora