Capítulo XXXVIII: Lâminas da agressão

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Samuel

– Ainda com dor?

Bash perguntou tentando conter o sorriso cínico e irônico.

– Você sabe que eu estou com dor, seu filho d... Argh! Não quero xingar...

Exclamei cansando.

A sessão extra com a professora Santiago tinha sido antes das aulas da tarde e depois mais uma antes do jantar. E ser lançado de um lado para o outro pela energia maluca que se formava sempre que você toca na sua irmã não é divertido.

– Acho que você deveria lembrar que ainda temos aulas práticas hoje.

Comentou guardando a revista na mesinha ao lado do sofá da sala de convivência.

– É, eu me lembro. Você cura estiramento muscular e essas coisas?

– Acho que teoricamente sou capaz de curar qualquer coisa. E a energia necessária para tal que muda, porém, não vou viciar você em curar toda sensação de enfermo que tiver com uso de magia.

– Por quê? Sou seu melhor amigo gay, isso é tão injusto.

Entoei fingindo estar ofendido de forma exagerada e cômica. E aproveitando que estamos sozinhos aqui embaixo.

– Por que sim.

Respondeu ele jogando um travesseiro sobre mim e sentando sobre escrivaninha ao lado da sua cama.

– O que acha que a professora Moraes vai dar hoje?

Perguntou.

– Não sei, não sendo exercícios físicos, eu estou dentro. Talvez algo como o feitiço Persagitta ignem, ou talvez não. Talvez ela esteja doente.

– Não acho que seja possível qualquer um de nós ficar realmente doente. Tantos feitiços, sabe...

– Pensamento positivo, Bash. Pensamento positivo.

Repeti tentando parecer otimista.

– O que vindo de você é irônico, já que é tão pessimista quanto possível.

– Dia do contrário. Vamos trocar aos dons também.

– Sempre que quiser.

Acrescentou, o que me fez pensar como seria ter o dom e a maldição de Sébastien. Ela não parecia muito ruim na maior parte do tempo, mas de qualquer maneira é sempre mais fácil assistir a desgraça do outro do que senti-la na pele.

Em poucos minutos a sala de convivência passou de vazia para lotada, como nas primeiras semanas das aulas, todos os alunos pareciam esperar passagens para ir para suas aulas.

Roman e Killian foram um dos últimos a descerem, e se isolaram em um canto distante. Provavelmente por desejo de Killian, já que Roman por outro lado tinha acenado para nós assim que estava nas escadas e deu de ombro quando levei meu olhar a Killian. Não sabíamos ainda o que se passava dentro dele, de qualquer maneira eu não sabia o que se passava dentro de mim mesmo.

Lexa e eu ainda não tínhamos nos falado essa manhã. Primeiro por que ainda era estranho poder falar com ela a qualquer minuto do dia, sem precisar me lembrar de fuso horário ou as atividades extracurriculares que ela tinha no internato. Segundo por que ela não quis tomar café da manhã e terceiro tínhamos passado tanto tempo ontem com esse lance de gêmeos-maravilha-ativar que estávamos dando uma saudável distância um do outro.

Bruxos&Demônios, vol. I - Fumaça&CinzasOnde histórias criam vida. Descubra agora