Parte 10

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Duas semanas depois já estava me organizando para voltar ao México, Ruggero não me deixa em paz, ele tem  meu número e fico rejeitando suas ligações e não respondo suas mensagens sei que o expulsei várias vezes do meu quarto na mansão enquanto estive ali, e já não sei mais o que pensar sobre isso, preciso sair daqui não posso ficar vendo e falando com ele eu preciso esquecer que ele existe, mais fica impossível, ele insisti em dizer que estou doente e que preciso me tratar mais eu não quero sua pena por isso permaneço firme.
Babei muito o Lucas e Valu já está praticamente recuperada, tivemos o batismo do meu pacotinho ele é um amor, a parte chata foi ter que aguentar Ruggero na minha cola o tempo inteiro.

Era noite estava vendo um filme na tv quando começo com aquelas dores novamente antes eram bem leves só alguns incômodos, só que agora estão bem fortes, procuro o remédio na cozinha e saiu cambaleando de volta para o sofá quando percebo uma mancha vermelha no cobertor que estava enrolada, pego imediatamente meu celular e começo a pesquisar sobre as dores e sagramento fora do período menstrual e tudo me dar sintomas de... Não pode ser e me diz para procurar ajuda médica...
Subo as escadas correndo e troco de roupa colocando um moletom e pego as chaves do carro e minha bolsa.
Tomy está de folga e sei que o carro com os outros seguranças vão me seguir.

No caminho para mansão está chovendo muito e seguro o máximo que posso para não desabar, mas eu estou bem não sinto nada fora essas dores eu estou bem...

EU ESTOU BEM.... Grito tentando conter o turbilhão de pensamentos que querem me consumir.
Começo a chorar tento secar o rosto para me concentrar na estrada, quando chego a mansão passam das dez da noite estaciono meu carro e entro em casa, Valentina vem saindo da cozinha com uma mamadeira em mãos e sorrir para mim e forço um sorriso.
- Saudade de casa?
Ela pergunta e assinto ela vem na minha direção e me abraça, começo a chorar e soluçar e Valu se desespera.
- O que está acontecendo Karol?
Me conta o que foi? Pelo amor de Deus.
Faço que não e ela volta a me abraçar dizendo que vai ficar tudo bem, só que não vai, eu sei que não, eu sinto que não vai ficar nada bem comigo, eu não quero isso porque veio para mim, porque?

Subo para o meu quarto trancando a porta e respiro várias vezes para conter o choro, pego a foto da minha mãe sento no tapete e não consigo parar de chorar.

EU ESTOU DOENTE E NÃO TEM NADA QUE EU POSSA FAZER PARA MUDAR ISSO.
MÃE ME AJUDA POR FAVOR....
MAMÃE POR FAVOR TIRA ISSO DE MIM EU SUPLICO MÃE, ME AJUDA.
Suplico baixinho, Valentina bate algumas vezes na porta, pedindo para que eu abra e sei que estou assustando-a mais não consigo me conter a realidade esta socando a minha cara.
Valentina então desiste quando ver que eu não abro a porta, eu não posso colocar minha prima comigo nessa, agora ela tem um pacotinho lindo para cuidar e tudo que importa é ele, e ficarei mais tranquila assim, não posso envolve-la, seco as lágrimas e me estico pegando o violão.


Essa música é muito especial para mim, ela expressa toda a saudade que sinto da minha mãe, e nunca vou me cansar de canta-la.
Quando termino de tocar achei que conseguiria me controlar mas me enganei o choro veio com força total fazendo meu corpo tremer, então senti os braços e o cheiro de Ruggero em volta do meu corpo me puxando para o seu peito e me aconchegando a ele, não tive forças para afasta-lo, nesse momento eu só queria chorar e ter nem que fosse por alguns instantes um chão para poder pisar e não cair, me sentir amparada só por um instante.

Chorei, chorei por tudo, por não consegui engravidar e dar ao homem que eu amo uma família como prometi, chorei por ele, por tudo o que sofreu, chorei pelos papéis que assinei, chorei por toda a dor que isso me causou, chorei por não ter minha mãe comigo me dizendo que era uma mentira e que eles se enganaram, chorei porque deixei os palcos, chorei por aceitar que estou doente, e não é qualquer doença ela pode me levar, chorei porque posso não ter seu sorriso para mim, chorei porque posso deixar de existir e não estou pronta para isso.

Só senti os olhos pesando e meus olhos foram se fechando me levando ao mundo dos sonhos, meu corpo estava tão cansado que mesmo querendo falar e exigir que ele me deixasse ali, meus lábios não tinham forças nem para se moverem e eu adormeci.

Entrelinhas - Segundo LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora