3 - Será que eu posso?

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Dulce Maria

Eu olhei pra ele um tanto surpresa por ele ter abaixado um pouco a guarda. E ele prontamente percebe e continua.

- O que? Não foi só você que saiu da adolescência. Acho que podemos fazer isso. Um ano é razoável, nos conhecemos desde sempre. Definitivamente fingir um amor não será problema. - ele disse com tanta certeza que meu coração chorou, como assim FINGIR um amor, não era problema?

- Bom acho que temos um acordo então né? Vou chamar Roberto. - falei já me levantando. Ele pegou a minha mão, só com a intenção de me parar por um instante, nada romântico (o que me decepcionou).

- Depois vamos tomar algo e decidir as coisas práticas tá? - ele me disse em tom de aviso.

- Que coisas práticas? - perguntei relutante

Ele me encarou com um olhar travesso e começou - Bom, como você mesmo disse... não somos amigos, eu preciso te conhecer. Precisamos fazer a terapeuta acreditar que conseguimos conversar e que agora pelo menos suportamos estar no mesmo ambiente, sim? - fez a pergunta com uma entonação muito maior a de uma afirmação.

Eu assenti sem dizer nada, apesar de minha cabeça concordar com o que ele dizia, meu coração ficava um tanto quanto descompassado só de imaginar que eu e ele ficaríamos tão vulneráveis um em frente ao outro em breve.

Percebi que nossas mãos ainda estavam juntas, e automaticamente olhei pra elas, o que o fez desviar o olhar pra lá também e em seguida me olhou, eu procurei em sua expressão saber o que ele pensava mas não encontrei nada, então em segundos meu corpo me traia e eu ruborizava. MAIS QUE DROGA!

Ele deitou a cabeça muito sutilmente quando percebeu que tudo isso acontecia em milésimos de segundos, eu em um gesto de reflexo puxei rapidamente minha mão que continuava na dele.

Um, dois, três segundos... o constrangimento podia ser cortado com uma faca. Quebrei o silêncio repetindo - Vou chamar Roberto, antes que nosso tempo acabe, certo?

Ele sorriu de lado - ok!

Roberto estava sentado nas poltronas do corredor, olhando no relógio e balançado o pé direito que estava livre, por sua perna estar cruzada.

Eu interrompi um pouco exasperada - Roberto.
Ele levantou a cabeça e me olhou - podemos? - Fiz um gesto para que ele me acompanhasse até a sala e ele me seguiu.

Roberto entrou atrás de mim já falando - Então, temos uma decisão?

Eu e Ucker nos entreolhamos uma última vez agora com um medo que nos tornava cúmplices... e respondemos em uníssono - Sim!

Roberto sorriu disfarçadamente, aquele velho desgraçado deveria ter feito o plano junto com Alexandra. Meu Deus eles precisavam mesmo de mais ocupações na vida.

Ucker me tirou do meu devaneio, quando continuou a falar. - Optamos por não pensar só em nosso r/abo, como essa imbecil vez. E seguirmos essa LOU-CU-RA que ela propôs. Estamos animadíssimos, né amor? - disse da forma mais irônica que alguém poderia soar.

Eu assenti sem abrir a boca. Roberto continuou - Bom, vamos a parte prática então.

Eu comecei a super ventilar de leve mais uma vez... dessa vez os ânimos já estavam mais calmos e ucker foi o primeiro a notar que algo estava errado, ele observou sem dizer nada. E sussurrou em meu ouvido - Está tudo bem. Vamos pegar o dinheiro dessa desgraçada! - Eu sorri de lado e tentei me acalmar, Roberto seguiu como se nada estivesse errado - Então regras claras...

De volta à você.Onde histórias criam vida. Descubra agora