Capítulo 3 - A central de vidro

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Quando estiver no meio do caos, se mantenha positiva. Pelo menos é isso o que eu faço.

– EU POSSO CARREGAR A MALA! – gritou Lian

– VOCÊ VAI DERRUBAR! POR QUÊ SIMPLESMENTE NÃO USA SEUS PODERES? – eu berrei em resposta.

– EU PRECISO FICAR FORTE! – ele rebateu.

A noite passada foi com toda certeza a noite mais conturbada da minha vida. Eu e minha mãe ficamos sem entender o que o genreal veio fazer pessoalmente aqui, e pude chegar a conclusão de que ele é uma pessoa estranhamente calorosa.

– Você tem certeza de que pegou tudo?- perguntava minha mãe – você costuma perder as coisas filha, por favor preste atenção no que faz quando estiver na central.

Olhei para ela e sorri.

– Mãe, você não precisa se preocupar, vai dar tudo certo! Esses anos de treinamento vão passar muito rápido. – "Pelo menos queria acreditar nisso"  pensei.

– Se alguém tentar te intimidar, você deve mostrar que é muito mais assustadora! – ela repetia.

– Pode deixar mãe... – Falei a abraçando com força.

– Não esqueça de ligar pra gente! – Disse Lian.

– Não vou esquecer, pode deixar.

Também abracei minha irmãzinha que estava se escondendo atrás da minha mãe, ela parecia triste... Dei um tapa no ombro do meu irmão, ele riu e me deu um abraço também.
Depois fazer as despedidas com eles, andei um pouco angustiada até o carro onde o meu pai me esperava.

– Vamos ter uma longa jornada pela frente, você está preparada? – ele sorriu me encorajando

– Acredito que sim! – Tentei parecer animada.

Olhei mais uma vez para minha mãe e meus irmãos, encarei nossa casa da qual vivi quase minha vida inteira, e depois me virei para observar o mar uma última vez. Sabia que sentiria falta desse cheiro de água salgada por um tempo. Então corri para abraça-los mais uma vez.
Quando estava voltando para o carro, uma gaivota voou na minha frente. E eu cabei dando um berro e derrubei tudo o que estava carregando. Fez-se um silêncio mortal, e depois de cinco segundos todo o clima de tristeza passou, e vi minha família rindo de mais!

Aquilo não era uma despedida, e sim, um até logo! Disso eu tenho certeza.

Em quanto meu pai dirigia, começou a tocar uma música  que deveria ser de pelo menos uma década atrás. Era agradável, e poderia melhorar o meu ânimo caso eu não estivesse destruída depois de deixar as pessoas que eu amo assim do nada.
A gente quase não teve tempo para se despedir direito, eu mesma quase não tive tempo de arrumar tudo o que eu precisava!

– Pai, você já esteve muitas vezes na capital?

– Quando eu era um cadete minha central ficava por lá, felizmente construíram uma nova. A qualidade daquela antiga era horrível – ele relembrou meio nostálgico.

– E por que as pessoas guerrearam no passado?

– Eu acho que todos conhecem essa história, não é mesmo filha? – ele ergueu uma sobrancelha em quanto me encarava.

– Sim, sim, eu sei, nosso país vizinho Otombak, nos atacou e roubou nosso bem mais precioso, conheço essa parte. Mas ninguém me contou como isso aconteceu de verdade e com detalhes!

– Pode ter certeza de que a primeira coisa que farão lá na central quando todos vocês cadetes se reunirem, vai ser contar cada detalhe da história. – disse ele.

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