Capítulo 48 - Vinhos

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Encarei aquele garoto de beleza melancólica, e soltei um suspiro.

O que mais eu posso descobrir?

– Então a Fay é praticamente uma espiã perfeita? – Retornei a arrastar a caixa.

– Ela tem um disfarce perfeito – Takeda me corrigiu.

– Você seria meu primeiro suspeito caso acontecesse alguma coisa séria por aqui – Falei – Isso se eu não soubesse nada sobre a sua verdadeira identidade.

Ele cruzou os braços e me analisou, então sorri e continuei:

– Silencioso, discreto, não interage com muitas pessoas... – Parei de andar – Takeda você é praticamente um suspeito perfeito.

– Alguém precisa fazer o trabalho complicado, – ele sorriu mais uma vez – Não se preocupe com isso, você acha que eles mandariam dois novatos principiantes para uma missão tão importante como essa?

Eles? – Repeti – É verdade! existem mais pessoas como vocês! Não é mesmo?

Ele balançou a cabeça positivamente.

– Nós seis não somos os únicos que estão nessa missão de recuperar o cristal de Otomabak – Explicou – Faz exatamente... Uns seis anos? Faz seis anos que eu e a Fay treinamos para chegar até aqui.

Senti um nó no meu estômago ao ouvir isso. Faz seis anos que eles treinavam e coletavam informações para recuperar o cristal de Otomabak que Reiner roubou. E a gente estragou todo o plano deles no dia do festival.

– Se a gente não tivesse interrompido a tentativa de vocês recuperarem o cristal...

Ele suspirou e revirou os olhos.

– Não daria certo de qualquer jeito. – Sua voz grossa estava fria – Eu Fay nos precipitamos, não havia uma forma lógica de pegar aquele cristal.

Fiz uma expressão infeliz, estávamos todos tão próximos... Pelo menos sabemos onde ele está, isso já é um bom começo.

– Eu sinto que estou falando com uma pessoa muito importante agora, – Falei – Você e a Fay não foram escolhidos para vir pra cá por um acaso...

Me sentei no chão e respirei fundo algumas vezes. Takeda se desgrudou da mesa e caminhou na minha direção, então se abaixou ao meu lado e ficou tão próximo que nossos rostos poderiam ter se chocado.

– Conforme a situação for mudando, vocês entenderão melhor como nosso trabalho funciona. – E então ele encarou o fundo da minha alma com seus olhos dourados – Eu sempre cumpro meus objetivos, e agora temos um em comum.

Ele agarrou aquela caixa pesada e a ergueu se levantando, então eu o observei caminhar até a direção da porta. Takeda parou no meio do caminho e olhou para mim.

– O que você está esperando? – ele perguntou – Vamos lá.

Uma onda energéticos de animação percorreu cada célula do meu corpo. Eu me levantei rapidamente, e sem perceber, meus olhos estavam brilhando.

– Posso te chamar de parceiro? – Perguntei quando o alcancei.

– Não – Ele respondeu sem me encarar. 

– Tudo bem parceiro! – Provoquei abrindo um sorriso pra ele.

Ele olhou para mim e balançou a cabeça negativamente tentando conter uma risada também.

Eu acho que a gente vai se entender bem.

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