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Saímos da caverna assim que possível, não olhei direito mas vi Diana e Jerry levando Sten entre eles e sangue pingando de uma atadura.

Gilbert me deu Delpfhine no colo assim que ela dormiu de repente enquanto nos abraçávamos na caverna, e colocou seu braço sob meus ombros, nos mantendo próximos, e nos guiando até o grupo que havia fugido e voltado para o ponto que fizemos nossa pausa uma hora atrás.

Assim que viram o estado de Sten um grupo de pessoas correu para ajudar, fizeram uma tenda rápida para primeiros socorros e tentariam ajudar Sten com seja lá qual seja o machucado.

-Não pense que me esqueci do nosso trato, ainda vai me dizer sobre seu cabelo. -disse Gilbert apertando meu ombro.

-Você precisa prometer que não vai mudar nada entre nós se eu contar. -digo baixo acariciando as costas de Delphine.

-Prometo.

-Eu...

Jerry abre a tenda onde todos estavam com Sten e grita:

-Precisamos de um médico! -das poucas pessoas que não haviam entrado na tenda nenhuma afirmou poder ajudar.

Gilbert me encarou firme, deu um beijo na cabeça de Delphine e foi em direção a Jerry.


Fiquei por horas sentada a frente da fogueira que fizeram, haviam pegado um trono de árvore dali perto e dispuseram como banco para mim, tentei compartilhar com  os outros, mas todos negaram.

Delph ainda não acordou e isso estava começando a me preocupar, a última vez que comeu foi de manhã e já estava na hora do almoço.

Era planejado que voltássemos para o clã meia-hora atrás, mas parece que o problema de Sten era maior do que eu imaginava.

Quando me levantei, ainda segurando Delphine, Diana saiu da tenda com um avental sob o vestido completamente ensanguentado, ela correu em minha direção enquanto tirava o avental.

-Anne -cochichou- Sten está chamando por Cordelia. 

-Por que? -pergunto surpresa.

-Não sei, acabamos com os procedimentos, o dragão arrancou um pedaço da perna dele, até metade da panturrilha, fizemos um pé de pau improvisado mas vai ser horrível de usar até conseguirmos um melhor. Mandamos alguém até o clã avisar Whinni e pedir que um marceneiro faça uma perna melhor e...

-Delphine chegou perto daquela aberração. -a interrompo chocada.

-Enfim, esse não é o ponto -continua sem prestar atenção no que eu disse- Ele está chamando por Cordelia, chamando por você.

-Não posso.

-Pode sim. -ela larga o avental sob o trono que eu estava sentada e pega Delphine de mim- Vá, Gilbert também está te chamando.

Antes que eu possa negar mais uma vez Gilbert aparece de cara fechada saindo da tenda, indica com a cabeça para que eu vá até ele enquanto todas as pessoas que estavam na tenda começam a sair.

-Por que ele está chamando por você? -pergunta cruzando os braços.

-Não sei. 

Quando pessoas param de sair da tenda ele me lava para os fundos.

-Ele está dormindo agora, dei uma mistura para tirar a dor, mas sempre que pode ele te chamou.

-Eu não sei o porque. Juro.

-Vocês não se conheciam antes da festa? Tem certeza.

-Tenho. -digo começando a me irritar.

-Me diga sobre o seu cabelo.

-Agora?

-Sim.

-Ok. -tomo fôlego- Lembrando que você jurou que nada iria mudar por isso.

-Independente da verdade.

-Cordelia está morta. -ele pareceu surpreso- Morreu um pouco antes de você chegar, Cole McKenzie me procurou dizendo que seria uma boa substituta para ela, pois éramos parecidas. Desde então estou assumido a identidade dela.

-Quem é você?

-Meu nome é Anne Shirley, não sou nada de importante para a sociedade, trabalhava na casa de uma senhora como empregada.

Gilbert fica em silêncio.

-Não vai dizer nada? -pergunto nervosa.

-Esperava que ela estivesse morta, mas sabia desde que entrei no navio que ela estava doente e pelos meus estudos dificilmente sobreviveria. Para falar a verdade esperava chegar na Escócia e receber a notícia. Mas lá estava você. Anne.

-Vai acabar com o casamento?

-Jurei que não faria isso.

-Está bravo?

-Um pouco frustrado por não ter me dito antes, mas compreendo. 

-Está bravo comigo?

-Não, estou aliviado para ser sincero.

-Aliviado?!

-Estava me sentindo culpado por começar a gostar de Cordelia, e não uma tirana.

Arregalo os olhos, sinto meu rosto quente. Gilbert parece indiferente.

-Como?

-Você entendeu, Anne.

-Me chame de Cordelia.

-Mas você não é ela.

-Agora sou, Anne não existe mais.

-Claro que existe, tomar a vida de uma pessoa não é se tornar ela. -disse indignado.

-Isso não importa.

-Claro que importa!

-Não faz diferença nas nossas vidas Anne Shirley não existir mais.

-Faz diferença sim, faz para mim. Estou apaixonado por Anne Shirley e não Cordelia da Escócia!



A Falsa Prometida - ShirbertOnde histórias criam vida. Descubra agora