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Por um instante senti meu corpo pesado, minha mente travou e eu não consegui raciocinar. Billy Andrews tem alguma relação com o desaparecimento de Delph? Não parece algo baixo de mais para ele, mas mesmo assim, era a afilhada do príncipe da França. Não é alguém com quem se deva mexer.

–Oi, Anne. Como você está? 

–Me chame de Cordelia.

–Se eu fosse você não mentiria sobre a minha identidade, sabia que isso é crime em alguns lugares? 

Apertei mais o tamanco na mão quando ele levantou o rosto para me olhar, estava igual da última vez que o vi, tirando que agora tinha uma cicatriz em formato de meia-lua ao lado do olho esquerdo.

–Pelos deuses, o seu cabelo ficou horrível. –sorriu.

–Tenho minhas dúvidas sobre a sua opinião do que considera bonito, Billy. Esse lugar está bem acabado. –bem, era verdade, era frio de mais e as fornalhas ao redor pareciam improvisadas e prestes a desabar a qualquer momento.

–Não gostou da sala? Ela foi planejada para a princesa Cordelia, achei que seria do seu gosto. 

–Como?

–É isso mesmo que você escutou, princesa. 

–Não quero saber de nada que você tenha envolvimento, só quero saber onde Delphine está. E não adianta negar, sei que você sabe de algo.

–Delphine? Ela está no quarto, mas não me preocuparia com ela agora. Você e eu precisamos ter uma conversa de adultos –se levantou.

Corri para a primeira porta que vi, surpreendentemente haviam muitas para uma fábrica de armas ou qualquer coisa que fosse esse lugar. A primeira porta deu em um cômodo vazio, a segunda na mesma coisa, mas com uma mesa de escritório jogada no canto e a cadeira em perfeito estado no centro.

Antes que pudesse chegar na terceira porta Billy me segurou pelos braços e me virou com força para ele.

–Não vire as costas para mim, estávamos conversando.

–Onde ela está? 

–Quer mesmo ir até ela? Tudo bem.

Mantendo o aperto firme ele me levou até a maior porta, a qual ficava atrás da sua escrivaninha. As portas pesadas foram abertas por duas pessoas que pararam imediatamente de trabalhar e correram para auxiliar Billy.

E lá estava Delphine, lendo seu livro deitada numa cama enorme. Um quarto, deram um quarto para ela. 

–Delia! Olhe o livro que Billy me deu! –disse se levantando na cama e mostrando a capa do livro. Ela usava uma camisola grande de mais para ela e o cabelo estava aparentemente embaraçado, não haviam desfeito o penteado dela desde que foi levada.

–Delph! –comecei a correr na direção dela, mas mal dei dos paços antes de sentir um puxão forte no cabelo e o chão gelado nas costas quando cai.

–Eu disse que seu cabelo não tinha ficado legal. –disse Billy com um sorriso.

–Delia! –berrou Delph preocupada.

–Vamos dar um jeito nisso.

Com um puxão nos braços Billy me forçou a levantar e ficar de pé, mas antes que eu pudesse recuperar o equilíbrio fui arrastada na direção de Delphine.

–Pare com isso! Ela está machucada. –disse Delphine com voz de choro.

Mas não valeu de nada, Billy ainda estava me arrastando e só me soltou quando caí ao lado de Delphine. 

–Se você realmente fosse Cordelia conseguiria reagir. Você não é Cordelia, é uma imunda que Mackenzie encontrou na rua e achou que poderia substituir a ela... Gilbert sabe? Porque eu acho que não –tocou o meu rosto com as costas das mãos–, ele não teria se casado com você nem em outra vida. 

–Pare com isso! –berrou Delphine.

Então ele bateu nela, no rosto, a fazendo cair da cama.

–Eu vou te matar. –sussurrei.

–Entre na fila. –tocou minha barriga– Josie te disse alguma coisa? –tentei levantar e ele me impediu segurando meu pescoço– É claro que disse. Prissy viu, só o final, mas viu. Ela chorou, e obviamente percebi que tinha algo de errado, cresci com ela e nunca a vi chorar e não seria por uma garota estranha que ela choraria agora. Quando ela ameaçou me matar percebi o que elas tinham. Então combinamos, não diria a ninguém desde que elas também não.

–Eu vou te matar.

–Sempre que passava pelos corredores via a culpa que Prissy sentia, por Josie ter concordado com isso. Se alguém soubesse do relacionamento delas acabaria o reinado de Prissy, porque é completamente diferente todos saberem que Ed dorme com Cole do que a rainha tentar anunciar que o rei desistira de governar e no seu lugar ficaria uma segunda mulher. –passou a mão em mim novamente.

Só conseguia escutar o choro de Delphine do canto do quarto e a respiração de Billy Andrews mais próxima de mim do que deveria. O que eu deveria fazer? 

–Sabe porque não vai contar isso a ninguém? Porque se abrir a boca até para o seu marido vou contar a todos da rata que você é e o povo vai se revoltar. –segurou me queixo.

Mexi o ombro e senti algo, o livro de Delphine, grande de mais para uma criança de seis anos. Billy ainda me olhava de perto quando peguei o livro e o bati em sua cabeça.


A Falsa Prometida - ShirbertOnde histórias criam vida. Descubra agora