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— Meu Deus. — sussurro.

— Não tem como fugir, Delia. — chorou mais.

— Vamos pela janela.

— É no topo de uma montanha, Cordelia. Isso é impossível.

— Prefere ficar aqui? — digo indo até a janela e a abrindo.

Não esperei a resposta de Sten antes de pegar um lençol e amarrar firmemente Delphine contra meu corpo. é uma queda muito alta, mas talvez consiga escalar até o topo e chamar pelo dragão de Delphine.

Coloco um pé para fora da janela, Delphine me agarra com todas as forças mesmo sabendo do lençol resistente que a prendia em mim. Pelo menos eu estava usando sapastos de neve, mesmo não sendo os ideais para uma escalada eram melhores do que tamancos.

— Eu não vou te deixar cair. Nuca. — sussurro contra sua bochecha.

Comecei a me apoiar no que conseguia, o topo estava mais distante do que eu imaginava, mas eu conseguiria, não arriscaria ficar mais um minuto junto a Billy Andrews. Se ele fez o que fez comigo, quem dirá Delphine. O que será que ele fez com ela.

Não posso pensar nisso agora, preciso me concentrar para não cair. Pisei em uma pedra que parecia resistente e tentei subir, já estava um pouco acima da janela, não parei para procurar Sten. Sinceramente não acho que o risco de perder o equilíbrio valha saber onde ele está. A minha vida e a de Delph está em risco.

— Você não vai fugir! — escuto alguém em baixo de mim gritar — Você não é a princesa e não precisa ser tratada como uma.

Billy me alcançou.

Preciso subir mais rápido, ele vai me alcançar.

Coloco o pé em mais uma pedra, mas quando me impulsiono para subir ele agarra meu pé com força.

— Volte.

E então puxa e eu perco o equilíbrio, virando o rosto para baixo por impulso. Ele estava sentado na janela, com as costas ao vazio, pretendia me segurar quando caísse, estava com os braços levantados esperando a minha queda.

Mas eu caí de mal jeito, bati com o braço machucado no ombro de Billy e nós dois caímos, Delphine agora tremendo contra mim.

Eu vou morrer.

Tudo acabou.

Delphine vai morrer.

Gilbert nunca vai me encontrar.

Billy me agarra enquanto caímos, puxa minha perna com força, se impulsionando para se afastar da montanha e evitar uma morte mais dolorosa. 

— Delia. — Delphine murmura com os olhos fortemente fechados.

Vamos morrer, de verdade. E eu nem cheguei a viver de verdade. Não tanto quanto eu deveria.

Então a queda de repente para e bato o corpo contra algo duro e rígido. A preção do impacto fez minha cabeça dor ainda mais do que antes, a agressão de Billy ainda doía.

— Carrot! — Delphine diz parecendo feliz.

Aos poucos consigo me sentar e percebo que estamos voando, sob um dragão, o dragão.

A Falsa Prometida - ShirbertOnde histórias criam vida. Descubra agora