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Foi o suficiente para que ele diminuísse a força sobre mim e me desse a oportunidade de fugir, levantei e mesmo tonta pela batida da cabeça no chão corri até o canto do quarto onde Delph havia se arrastado apertava a bochecha com as mãos.

–Delph, vamos sair daqui agora! –a puxei.

Ela parecia ainda pior que eu, mal andava, o corpo estava mole e ela chorava. Isso poderia ser o fim da fuga, mas peguei ela no colo e corri entre as fornalhas, seria impossível de passar por Lion, não no estado em que estava, então precisaria dar um jeito, mesmo que parecesse impossível.

Surpreendentemente ninguém pareceu surpreso com a minha corrida, na verdade estavam indiferentes e continuavam trabalhando calmamente, por algum motivo isso me deixou ainda mais preocupada, eles não deveriam estar correndo atrás de nós?

Delphine viu e escutou tudo o que Billy falou, será que ela entendeu? Ela é tão nova, não deveria estar passando por isso. Não iria encontrar uma saída, era uma caverna com uma única saída que eu não conseguiria usar. Ela passaria por isso novamente, ela me veria morrer e ficaria sozinha aqui com Billy, eu não posso permitir isso, nunca.

Corri ainda mais, ignorando a dor no braço perfurado pelo dragão, a dor na cabeça e os pulmões ardendo a cada inspiração.

–Anne! –chamou Billy, a voz entediada.

–Não importa o que acontecer Delph, eu vou te tirar daqui. –prometi sem parar de correr para cima.

Ela não respondeu, continuou chorando baixinho, estava fria e tremia um pouco. A ver assim era a maior dor que eu poderia sentir, o dragão poderia me tornar em cinzas desde que eu tivesse certeza de que ela nunca mais iria se sentir assim.

E então as escadas acabaram, chegamos ao topo e só havia uma porta, quase tão grande quanto a do primeiro andar.

–Vamos entrar ali e vou te tirar desse lugar, eu prometo.

Abri a porta assim que escutei Billy me chamar novamente. Era um quarto de bebê, todo verde-água, paredes pintadas, berço de carvalho e até uma cômoda com patinhos pintados a mão, além de uma enorme janela com cortinas brancas e pesadas, provavelmente para esconder o cômodo de qualquer um do lado de fora.

–Olha que quarto bonito. –tentei distrair Delph, mesmo que a existência desse cômodo me assustasse. Billy nunca deveria se tornar pai.

–Cordelia? 

Ao lado do berço, Sten, bem agasalhado e chorando pelos olhos vermelhos e nariz escorrendo.

–Sten? O que Billy queria com você? Por que te levou também?

–Que saudade! 

Ele se levantou e surpreendentemente me abraçou.

–O que você faz aqui? –perguntei.

–Billy me trouxe contra a minha vontade, está me torturando a dias. Não tem como fugir, Delia.

A Falsa Prometida - ShirbertOnde histórias criam vida. Descubra agora