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Estávamos subindo a montanha já fazem algumas horas, Gilbert evitou falar comigo ao máximo, nem sequer olhava para mim. Isso estava me angustiando e assim que chegamos a entrada da caverna, onde faríamos uma parada para nos prepararmos melhor, o puxei para longe dos outros, Diana e Jerry foram os únicos que perceberam nossa saída.

-Qual o seu problema? -pergunto o empurrando na montanha e me aproximando, o impedindo de sair andando.

-Não aconteceu nada. -disse ele me olhando- Qual o seu problema?

-O meu problema? Você me ignorou a manhã toda, saiu do chalé no meio da noite e se recusou a me dar uma justificativa.

-O nosso acordo foi..

-Eu sei o que tinha no nosso acordo -o interrompo- mas se acha, que depois de tudo isso que anda acontecendo nos últimos dias, essa merda ainda está de pé, então você é o maior idiota que já vi na vida. -ouso tentar me afastar mas ele segura meu cotovelo com uma mão, enquanto a outra passa pelo rosto, mostrando como estava estressado.

-Desculpe, Delia... Hoje é um dia difícil.. -ele toca meu rosto, com as pontas dos dedos tocando meu cabelo- O que é isso? -enfia a mão no meu cabelo, puxando levemente a raiz.

-O que é o que? -pergunto ainda com o coração acelerado pelo seu toque.

-Seu cabelo está alaranjado na raiz. -toca os fios do meu cabelo, os fazendo soltar um pouco da trança- O que é isso?

Sinto um calafrio na espinha quando raciocino a situação, me afastando.

-Não é nada. -digo começando a ajeitar meu cabelo a fim de esconder a raiz ruiva.

Desde que entramos no barco me esqueci de retocar a tinta. Ele descobriria a verdade. Diria a todos. Acabaria com a Escócia.

Eu poderia ser morta.

-Cordelia. -me chama ainda confuso- Sabe que pode me contar tudo, não é?

-Você também deveria saber que pode me contar tudo. Mas não sabe, estamos quites.

Tento desviar do assunto sobre o meu cabelo.

-Se eu te contar o motivo deste ser um dia difícil você me conta o porque do seu cabelo estar ruivo?

-Essa troca não é justa.

-Tudo bem, eu conto o que quiser e te devo uma. Mas quero a verdade, e uma promessa de que daqui para frente seremos sinceros um com o outro, não importa o quão difícil ela seja.

-Tudo bem, mas você primeiro. -digo me afastando e me encostando ao seu lado.

-Hoje fazem três meses que Bash morreu...

-Sinto muito. -digo e ele ignora.

-Acordei de madrugada com a lembrança de quando o vi cair da janela, não por causa do sofá.

-Essa promessa foi um erro, não deveria te pedir para falar sobre isso.

-Deveria sim, eu pedi para que tentarmos fazer desse casamento algo bom. Confiança é o mínimo, e ao contrário do que você disse eu confio em você, Cordelia.

Me chamar de Cordelia foi como um tiro no peito, eu não era Cordelia, meu nome era Anne. Mas Gilbert não sabe disso.

-E porque me evitou o dia todo.

-Me culpei, senti como se tivesse traído Bash.

-Mas você não fez nada. 

-Justamente por isso, enquanto conversávamos, esqueci de Bash. Esqueci do que o dia oito de novembro significava por sua causa.

-Mas...

-...Na verdade não foi culpa sua, foi culpa minha, não deveria ter me deixado levar.

Suas mãos estavam tremendo, ele cruzou os braços, o que não ajudou em esconder seu estado.

-Eu não conheci Bash, e lamento por isso -voltei para sua frente e peguei suas mãos, tentando fazê-las pararem de tremer- Mas conheço você e Delphine, vocês são tudo que Bash deixou no mundo, a culpa não foi sua, e também não foi dele. Não são todos que aguentam o peso dos próprios mundos nas costas, sei que o seu está mais pesado pela ausência dele, mas olhe para quem ainda está com você e seja forte por Delphine. Daqui alguns anos o dia oito de novembro vai servir para relembrar os anos que ele vivem e as lembranças que criou. Você só sente o luto porque se importou, e isso é lindo, amava Bash como um irmão e isso é maravilhoso.

As mãos dele haviam parado de tremer, ele me olhava com os olhos marejados, mas antes que pudesse me responder ouvi Sten nos chamando.

Antes de sair, beijei suas mãos e sorri.

Eu vou escrevendo e postando, não to revisando os capítulos mas vou revisar assim que terminar. Planejo a fic até o capítulo 100 no máximo, mas pode passar disso

A Falsa Prometida - ShirbertOnde histórias criam vida. Descubra agora