Eu não achei que Gilbert tivesse levado aquilo tão a sério, mas cá estou eu, depois de me acalmar no celeiro, em frente a porta do quarto onde dezenas de criados fazem malas e colocam lençóis brancos nos móveis.
Meu nariz está quase tão vermelho quanto os meus olhos e a voz anasalada não ajuda em nada, todos sabem que eu andei chorando, criando teorias do porque disso e da raiva que Gilbert parece emanar. Agora está sentado na minha penteadeira, escrevendo uma carta ou algo do tipo enquanto um criado fica ao seu lado, esperando ordens.
— Leve isso para minha mãe. — dobra o papel amarelo e o cela com cera.
— Gilbert. — o chamo da porta do quarto.
Ele se vira, me olha da cabeça aos pés e olha para o criado novamente.
— Diga para abrir quando escurecer.
O criado faz uma reverência rápida e passa por mim, fazendo outra reverência. Gilbert só vira para mim novamente alguns minutos depois, quando os criados começam a sair.
— Não vai mais falar comigo? — pergunto triste.
— Eu falo com você sempre, você é que não fala mais comigo. Na verdade nunca falou. — relaxa a postura quando a última criada sai.
— Eu falo com você sim.
— Você já esteve em algum relacionamento antes?
Considerando que eu fiquei órfã aos catorze anos e todos os pretendentes em potencial eu dispensei.
— Não.
— Um relacionamento não deveria ser sacrifício de apenas uma pessoa, eu me abro para você sempre, mas você não se abre para mim. Porque? Eu preciso entender.
— Você me conhece tão bem quanto qualquer outra pessoa.
— E isso é muito?
— Claro que é. Eu só não me abro sobre problemas com quase ninguém, isso é normal.
— Então você não confia em mim o suficiente para ser incluído nessa lista. — afirma.
— Não é isso, eu confio, eu te amo.
— Então porque não se abre comigo, mas com Josie Pye? Conte o que quiser para ela, mas achei que se sentiria confortável em se abrir comigo sabendo de como eu sou.
— E como você confiaria no que eu te digo, para superar os seus problemas, se eu estou tão mal como você?
— Eu escutaria com todo o prazer, todos temos problemas e nada é impossível de se resolver, algumas pessoas só não conseguem colocar as soluções em prática. Eu nunca te julgaria por isso.
— Até onde isso vai? Até quando vai aceitar ser julgado por amar uma tirana?
Ele se levanta e para na minha frente, segurando meu rosto entre as mãos, com força para enfatizar suas palavras, mas não o suficiente para me machucar.
— Você não é Cordelia. Não é uma tirana. É minha. Minha Anne com E. E só isso importa. O mundo pode me perseguir pelo resto da vida por te amar, mas nunca vou deixar de te querer.
— Não é tão fácil. — sinto a voz tremer — Quando se cansar desse peso vai me deixar e ir para bem longe.
— Eu nunca vou me cansar de você, quanto mais perto te tenho de mim mais sinto a sua falta. Não se confie em uma mentira que se convenceu, eu nunca vou te deixar. Eu prometi que não faria isso. Mas se quiser que eu ainda te ame precisa me mostrar quem é você, preciso saber o que realmente estou amando.
— Você não vai me ver de um jeito diferente?
— Você não me viu depois de encarar meus defeitos. Defeitos e qualidades formam quem você é e amo tudo isso, eu amo você.
O puxei para o sofá, nos sentando sob o lençol branco e contei tudo, desde criança até o celeiro.
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A Falsa Prometida - Shirbert
Fanfic+13 (gatilho estupro, ansiedade, suicídio e auto mutilação) Ela assumirá o nome de um tirana poderosa e se casará por obrigação. Ele precisa decidir se vale amar alguém com um passado tão cruel. "Me chame de Cordelia" Início: 14/12/20 Fim: