A Falsa Prometida - Shirbert

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*Bônus POV Gilbert*

Anne age como se nada tivesse acontecido desde que chegou no clã Rose semanas atrás. Delphine me disse que Billy Andrews bateu nas duas, mas não tive coragem de pedir que ela me falasse mais, é apenas uma criança e se esquecer daquilo seria o melhor para ela.

Mas Anne já tem dezenove anos, sebe a importância que isso tem tanto política como para ela mesma, como vou ajudar se ela não me diz? Me sinto culpado, sempre que tenho crises ela está para me ajudar, me confortar e acalmar, mas agora que ela passa por isso eu não tenho a menor ideia do que fazer.

Eu amo ela, mais do que tudo, mas não posso resolver um problema que desconheço.

Não sei direito o que aconteceu depois que saí a pedido dela, só sei que cerca de duas horas depois ela foi enfrentar a minha mãe, ou seja, deve ter sido terrível. Depois disso ela sumiu junto com Josie e ninguém sabe para onde elas foram.

Se ela quiser ficar longe, tudo bem por mim, mas Zein disse que ela precisa trocar as bandagens do ombro pelo menos uma vez ao dia e combinamos de fazer isso todos os dias as 16h, e quando fui ao quarto tudo estava intocado.

— Que vestido bonito, tio Gil. — disse Delphine de frente para o armário aberto, pretendo ficar aqui até Anne chegar e Delphine queria ver os vestidos novos de Anne — Delia gostou deles?

— Gostou sim, Delph. Ela que escolheu.

— Eu quero um desses quando crescer — puxou um vestido dourado —, é muito chique.

— Você ficaria linda, caso fosse do seu tamanho.

— Ele ficaria bonito com a cor de Carrot.

Outra coisa que aconteceu desde que Anne salvou Delphine é que tudo, literalmente tudo que ela faz tem relação com aquele dragão. Não consegue passar um minuto sem lembrar daquele bicho.

— Com certeza. — reviro os olhos e respiro fundo, procurando um relógio nas gavetas da penteadeira.

— Já já ela chega tio Gil. A tia Prissy e a tia Josie sempre sumiam também, mas sempre voltavam logo.

— Como? — pergunto confuso.

— Eu sei, eu via. Acho que elas gostam de brincar de boneca igual você e tia Delia, ela deve ter enjoado de você. Não é bom nisso, mas não fica chateado por favor. 

Será que ela sabe do que está falando?

— A tia Josie gosta muito da tia Prissy, mas acho que a tia Prissy não gosta mais dela.

— Porque você acha isso?

— Eu ouvi elas conversando, Delia e tia Josie, e eu acho que tia Josie está muito triste.

— Você sabe o que elas podem estar fazendo agora?

— Da última vez que elas sumiram foram para o celeiro, não sei porque já que lá fede muito. Eu estou bonita? — me viro para encarar Delphine com uma tiara de prata na cabeça, alguns colares e tamancos amarelos.

— Está linda. — sorrio — Quer ficar aqui? Eu vou ter que sair.

— Quero ficar.

Antes de sair em direção ao celeiro peço para que Hazel, a avó de Delph, fique com ela enquanto estou fora. Se tem uma coisa que aprendi nos últimos meses é a não confiar em ninguém com Delphine.

Meu tio passa muito tempo no celeiro, segundo minha mãe ele costumava ficar lá para fugir do estresse da Corte e por isso meu avô passou a coroa para minha mãe, já que os costumes eram de ser passada para o filho homem, mesmo que tio Mathew seja mais novo.

No celeiro guardamos as carruagens e o feno para os cavalos, é um pouco distante do castelo, mas é um bom lugar para fugir das pessoas, como disse Delphine, é muito fedido por qualquer que seja o motivo.

Depois de subir a estraga de grama alta e reclinada que dava no celeiro abro as portas vermelhas desgastadas e me surpreendo com o que vejo.

Nunca me senti tão traído na vida.