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Maratona 1/3

Chegamos na França. Queria poder ver melhor as lojas e casas, mas estava de noite, só via uma ou outra casa iluminada pelos postes, Gilbert prometeu que me levaria para um tour na manhã seguinte, só nós dois, disse que também seria um jeito de apresentar a futura rainha da França ao povo.

Carrot aterrissa na frente do castelo e o som de centenas de arcos se flexionando vem das torres.

— Parem! — ordena Gilbert descendo do dragão e alguns dos soldados recuam, enquanto outros parecem ainda amedrontados pelo dragão — Eu mandei parar!

Gilbert me ajuda a descer, já me arrependi de escolher essa roupa, está muito quente e esse vestido tem pelo menos duas camadas. Delphine estava dormindo e a pego no colo, Carrot não relutou, deve ter percebido o perigo que ela correria estando com ele na frente de centenas de soldados.

— Príncipe Gilbert! — uma mulher vem correndo do castelo — Pelos deuses, achávamos que só chegaria amanhã pela noite, não preparamos nada. — se lamentou.

— Não tem problema, Sandra. — colocou a mão aberta na base das minhas costas, me trazendo mais para perto — Esta é a Cordelia, minha esposa e princesa da Escócia.

Fez uma reverência.

— É uma honra, princesa.

Aceno com a cabeça, não estou acostumada a isso.

— Por favor, me dê lady Delphine, a senhora não precisa segurar ela.

Quando Sandra se aproximou para pegar Delphine, Carrot solta uma onda de fumaça pelo nariz, com o objetivo de a afastar.

— Sandra, esse é Carrot, o "bichinho" de Delphine. — digo com um sorriso.

— Por falar nisso — Gilbert se intromete — Não deixe que ninguém ataque esse dragão, ele é manso com Delphine por algum motivo, e não se afasta dela. Diga aos soldados que não devem se aproximar. E peça ao cozinheiro que mande abater uma ovelha para Carrot.

— C-Claro, Vossa Alteza. E D-Delphine? — ela não conseguia tirar os olhos da cabeça de Carrot, deitada ao meu lado.

— Cuidamos dela. 

Com outra reverência ela sai.

— Onde vamos deixar ele? — perguntou Gilbert se virando para Carrot, que aparentemente começou a dormir.

— Delphine sugeriu os estábulos. — brinco, ele não vai caber lá.

— Boa ideia, acho que dará certo.

— O que?!

— Meu amor, depois te levo lá. Agora vocês duas devem descansar, vou resolver isso. — beijou a minha testa — Provavelmente terá uma criada na porta, peça a ela que te leve para o quarto.

— Tudo bem, mas não fique tanto tempo acordado, você também não dormiu. — digo antes de me afastar.

Realmente tinha uma criada na porta e primeiramente lhe pedi que me levasse para o quarto de Delphine, e ela o fez sem hesitar. Tivemos que subir algumas escadas até chegar em um quarto gigantesco, cor de rosa, uma cama enorme de madeira branca e centenas de brinquedos dispostos em prateleiras baixas.

— Obrigada pela ajuda. Me espere do lado de fora, por favor. — digo para a criada que sai em seguida — Você tem um quarto bem grande enh.

Com cuidado a deito na cama bem feita, e aos poucos vou tirando seu vestido e sapatos para colocar-lhe uma camisola mais fina. Ia saindo do quarto quando uma mulher entrou.

— Delphine! — ela diz com a mão na frente da boca enquanto chorava.

— Boa noite? — pergunto sem entender a entrara dela.

— Princesa. — fez uma reverência rápida — Sou a avó de Delphine.

— Oh, é um prazer. — sorri triste — Já estava de saída.

Parecia que ela nem queria saber de mim, assim que toquei a porta para sair ela correu para a cama de Delph, se deitando ao lado da neta, mesmo que ainda estivesse com o roupão por cima da camisola.

Será que Delphine vai me deixar agora? Agora está com a avó, a família.

A criada me esperou e quando pedi me levou para um quarto, uma cama e alguns sofás eram aparentemente o mínimo que um quarto deveria ter para os nobres, mas esse tinha algumas coisas a mais, como uma penteadeira, uma mesa sob a janela com vários livros e um príncipe deitado num dos sofás. 

— O que achou do castelo? Amanhã vou te mostrar ele melhor, é meio assustador de noite. Não quis acordar minha mãe, mas amanhã de manhã vamos tomar café da manhã todos juntos. Também vai... — ele para de falar notando que eu estava triste enquanto penteava o cabelo — O que aconteceu? 

— Eu conheci a avó de Delphine. — dou de ombros.

— Não gostou da senhora Lacroix? — chegou mais perto.

— Gostei sim, ela obviamente ama Delphine infinitamente.

— Então qual é o problema?

— E se Delphine não me quiser mais? Agora está em casa.

Ele sorriu para mim.

— Ela não vai te trocar, eu te garanto. Delphine te adora.

— Será?

— Sem dúvidas. — segurou minhas mãos e pegou a escova, me ajudando a desembaraçar a parte de trás do cabelo — Da próxima vez vamos deixar aquele dragão com Whinni. — resmunga.





A Falsa Prometida - ShirbertOnde histórias criam vida. Descubra agora