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Ele estava bêbado, completamente fora de si e para piorar tudo ainda fingiu sobriedade, o que foi perturbador.

— Boa tarde. — disse Gilbert entrando e deixando a garrafa de rum na bandeija de um criado que passava.

Ele olhou para a mãe e fez uma reverência longa e debochada.

— Majestade. — então se virou para o único lugar vazio, o seu lugar, e se sentou ao meu lado enquanto o encarava perplexa — Oi meu amor. — segurou meu rosto entre as mãos e me deu um beijo, na frente de todo mundo, o cortei assim que tomei por conta o que estava acontecendo.

— Você perdeu a cabeça?! — perguntei assim que me afastei.

— Só bebi um pouco. Estou bem. — garantiu enquanto pegava o guardanapo de cima do prato e o colocando no colo. Quando olhou psra mim novamente notou Denis ao meu lado. — Ah. — revirou os olhos.

— É bom te ver também. — resmungou Denis se encostando na cadeira novamente, agora desanimado.

— Gilbert. Acho melhor que se retire. Agora. — disse Marila.

— Prefiro ficar.

— Sua mãe está certa. — digo o olhando.

— Agora você também? Por isso está chata. Tentando agradar a minha mãe. — bufa — Nada que você faça vai agradar ela, Marila tem expectativas que nem eu atingi e já superei esse fato.  Você deveria superar também — morde um pedaço de frango do prato, logo depois arrotando.

— Se você não for para o quarto agora, Gilbert. Eu juro que vou voltar para a Escócia sozinha. — digo firme, ou o máximo que pude. Me sinto humilhada.

— Você não faria isso. — ele ri.

— Vai arriscar?

Me olhou por alguns segundos antes de se levantar rápido o suficiente psra durrubar a cadeira atrás de si. Me olha carrancudo e sai, quase caindo algumas vezes.

Se eu estivesse sozinha provavelmente enterraria o rosto entre as mãos e começaria a chorar, mas Diana me ensinou que isso é o pior que poço fazer: desmoronar.

Com um sorriso evidentimente falso olho para Josie que ainda está de olhos arregalados e com o garfo com purê de batatas no meio do caminha para a boca.

— Josie, me ajuda a levar o almoço de Delphine?

Era a pior desculpa possível, todos na mesa estavam em silêncio desde a entrada de Gilbert, a minha desculpa era péssima, mas ou era isso ou eu provavelmente começaria a chorar ali mesmo.

— Claro. — ela disse se levantando imediatamente.

Saí da sala antes dela, sem escpnder a pressa, Josie veio logo atrás.

— O que você vai fazer? — perguntou quando as portas se fecharam atrás de nós.

Ainda me amntenho firme peço que ela realmente vá a cozinha pedir que levem o almoço de Delphine e vou até o nosso quarto.

Abro a porta e dispenso os guardas, Gilbert estava sentado no chão, cercado de vários papeis, dentre eles um mapa velho.

— Sabe, eu tive uma ideia. E se fôssemos para a América? É muito tempo de barco, mas com Carrot acho que levaríamos pouco mais de... — disse Gilbert quando me viu, mas parou quando notou minha raiva estampada no rosto — O que foi?

— Qual é o seu problema?! — berrei sentindo as lágrimas quentes caírem — Você tem noção do que você me fez passar?!

Seus olhos estavam arregalados e quando tentou levantar quase caiu, mas se apoiou na cama e conseguiu se equilibrar novamente.

— Não chora. — pediu se aproximando.

Senti minhas pernas fracas e acabei caindo de joelhos no chão enquanto chorava.

— Desculpe. — ele se jogou na minha frente, segurando meu rosto como conseguia. O álcool ainda não perdeu o efeito.

— Eu não posso falar com você assim. Vá tomar um banho.

— Me desculpa. — pediu, mas me levantei e fui até o banheiro da suíte abrindo a torneira da banheira.

Eu não tenho a menor ideia do que Gilbert esteja passando, ele não me contou, e eu respeito essa decisão, mas me recuso a ser humilhada desse jeito. Se não aceitar a minha ajuda pelo menos não me afete com as suas decisões. Eu também não sou de ferro e parece que ele não sabe disso.

Assim que Gilbert entra no banheiro o ajudo a se despir, e assim que entra na banheira saio do banheiro encostando a porta atrás de mim. Preciso encontrar uma solução para esse problema, não posso deixar que o erro de Gilbert cause um alvoroço ainda maior.

— Anne... — ele começou, mas o interrompi apontando para o cachimbo com ervas que Diana e Cole me ensinaram a fazer para curar uma ressaca.

Ele pega o cachimbo e continua me olhando ao acender o mesmo e se sentar na minha frente. Segurei meus joelhos contra o peito, enquanto ele se sentava cada vez mais próximo.

— Por favor, não vá embora. — tocou minha mão — Eu sei que agi errado, mas estava tão bravo por ter voltado para casa que não consegui me controlar.

— Eu respeito a sua rejeição da minha ajuda, mas não me prejudique por isso. Devem pensar que eu aceito esse tipo de coisa que você anda fazendo desde que chegamos. — encostei a testa nos joelhos.

— Acho que eu devo te contar o que aconteceu.

— Não se sinta obrigado a isso.

— Eu preciso. — respira fundo — Quando meu pai ainda era vivo eu fazia de tudo pra dar orgulho a ele, e eu sempre consegui. Era ótimo. Eu tinha certeza que seria um bom rei, mas depois que morreu minha mãe se tormou regente. Precisava orgulhar ela agora e isso nunca foi fácil. Na verdade nunca escutei mais do que cinco elogios dela em toda a minha vida. Até que eu abri mão e percebi que não adiantava o que eu fizesse ela sempre sentiria vergonha.

Ele se ajeita melhor no sofá, ainda com a toalha na cintura, mas parecendo esquecer dela enquanto pensava na mãe.

— E tudo piorou quando eu percebi que Denis era o preferido dela. Sempre dando presentes e sorrisos. Eu fiquei ainda mais furioso na época e sempre que os vejo lembro do momento em que minha ficha caiu. Então eu comecei a fazer o pior na frente dela, pelo menos assim ela nota que eu existo e, já que a sua decepção é inevitável, não fazia diferença as suas reações. Nunca estaria satisfeita comigo, talvez tenha sido por isso que teve Denis, um substituto em potencial.

Eu já imaginava que fosse algo assim que ele estava sentindo, mas não em relação ao irmão. É impossível que a culpa seja de Denis, ele deve ser menos que cinco anos mais novo que Gilbert.

— Já falou isso para sua mãe?

— Ela iria negar. Mas agora tanto faz, a coroação é em pouco tempo e depois disso vou mandá-la para algum lugar bem longe daqui.

— Você ama ela?

Ele exita.

— Sim.

— Então deveria conversar com ela.

— Não sei. Melhor não.

— Vai se torturar com uma possibilidade por se recusar a conversar? Tem certeza que essa é a melhor opção?

— Eu tenho que pensar. Agora só quero que me entenda e não fique magoada.

— Não quero que haja assim quando estiver com você. E pelos deuses, nunca mais chegue bêbado em público como você fez hoje. Sua mãe já não gosta de mim, e isso não ajuda em nada.

— É inacreditável que ela pense que um casamente mudaria as coisas entre eu e ela.

— Realmente.

— Você me perdoa?

— Perdoo.

— Acho que te prometi um tour pela cidade. — sorriu.

A Falsa Prometida - ShirbertOnde histórias criam vida. Descubra agora