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Derrepente a porta do meu quarto é aberta bruscamente por Diana que estava apenas de camisola, um roupão e uma vela nas mãos.

-O que foi? -pergunto sonolenta.

-A rainha chamou as escolhidas, um mensageiro acabou de chegar e disse que o barco do príncipe conseguiu pegar um atalho e chegaria pela manhã! -ela disse me arrancando das cobertas.

Só tive tempo de pegar um xale antes dela me arrastar pelos corredores infinitos e chegarmos aos aposentos da rainha.

A mesma estava com o cabelo solto e usando uma camisola longa enquanto andava de um lado para o outro, Josie Pye estava em pé e acompanhava a rainha com o olhar, Ruby chegou um segundo depois de mim.

-Você! -disse a rainha apontando para Tillie- Chame um médico, agora! -disse alto e ela saiu correndo deixando Ruby só que ja estava chorando.

-Porque todas precisamos estar aqui? -perguntei para Josie, mas foi a rainha que respondeu.

-Não preciso justificar minhas escolhas. -disse Prissy se jogando no sofá de seu quarto.

Josie se aproximou como um gato da rainha e se manteve ao seu lado, mesmo em pé, como um guarda.

-Quem Vossa Majestade esolheu? -perguntou Ruby de cabeça baixa entre soluços.

-Você mesma, mas recentemente descobri que está bem próxima de um de meus nobres... e que não quer cumprir seu dever como súdita. -disse Prissy batendo o pé no chão.

-Eu-eu -tentou argumentar mas foi interrompida por um homem que entrou com Tillie no enlaço.

-Quem é a paciente? -perguntou o doutor com uma maleta em mãos mas os cabelos brancos bagunçados, como se tivesse acabado de acordar.

-Lady Ruby. -disse Josie Pye olhando para a mesma.

-Qual o tipo de exame?

-O que uma garota travessa precisa passar para se casar. -disse Prissy aparentemente incomodade de falar daquela maneira.

-Eu não quero que ele olhe. -ela sussurrou quando o médico se aproximou.

-Desculpe, Lady Ruby. É meu trabalho. Vamos. -disse ele a segurando firme mas sem machucar.

-Eu vou reprovar no exame, Majestade! Eu assumo o que fiz! -Ruby berrou- Não quero que ele me toque! -disse chorando rios.

Prissy pareceu ter uma conversa silenciosa com Josie apenas com uma rápida troca de olhares.

-Tudo bem... -bufou- Preciso pensar, o senhor está dispençado. -disse voltando a bater o pé o chão.

Depois de alguns minutos tentei sair do cômodo mas a rainha não deixou, nós 5 precisaríamos ficar esperando a ordem de dispença.

-Acho que... Josie... -olhou para a mesma que deu um passo curto para trás por instinto.

-Prissy -implorou-, sabe que isso não vai dar certo... É muito arriscado... não podemos correr esse risco... se ele ver vai entrar em guerra. -disse baixo mas todas consegimos ouvir.

Seja lá o que elas estavam escondendo com certeza não era bom se envolvia guerra e ambas conseguíram ficar tão próximas nas últimas 3 semanas.

-Então... -ela me olhou- Será Anne. -disse Prissy com a espiração irregulada.

-Eu?! -perguntei sem reação.

-Você não é mais Anne Shirley, é Cordélia herdeira da Escócia. -disse a rainha ajeitando a postura.

-Mas... O que...?

-Chame as criadas. -disse Prissy para Diana me ignorando.

Diana não tentou me guiar para um conversa com a rainha e muito menos se despediu, apenas correu para obedecer a rainha.

Fiquei paralizada, por quanto tempo eu não sei, apenas senti várias mãos sobre meu cabelo e alguns sussurros enquanto via o sol nascer pelas enormes janelas do quarto.

Quando voltei a mim meus cabelos estavam negros como petróleo, assim como minhas cobrancelhas, meu coração acelerou quando me olhei no espelho.

-Perfeito. Vamos mover suas coisas para o quarto de Cordélia o mais rápido possível. -disse Prissy as criadas que pintaram meu cabelo- O príncipe chegará em algumas horas, para o bem de todas vocês é bom que tudo esteja perfeito.

Todas as criadas asceniram e saíram do quarto com uma reverência.

-Puta. Que. Pariu. -gritei pausadamente.

-Não xingue, Cordelia. -brincou Josie com um sorrisinho.

-Pode enfiar essa sua gracinha no meio do seu... -avancei nela mas fui interrompida por Prissy.

-Ela está certa, não xingue. -disse a rainha.

Depois daquilo eu simplesmente saí do quarto da rainha mostrando o dedo do meio para todas ali.

Acabei trombando com alguém enquanto corria até meu quarto.

-Desculpe. -disse um jovem talvez um pouco mais velho que eu.

-Desculpe, não deveria estar correndo. -digo olhando para o chão- Com licença. -voltei a andar apreçadamente pelos corredores.

Quando tentei abrir a porta do meu quarto vi que estava trancada. 

Comecei a esmurrar a porta mas ela não se mexia.

-Merda. -sussurrei e entrei no quarto de Diana que era a porta a frente ao meu.

Assim que olhei para a mesa dela vi um buquê de margaridas amarelas em um vaso branco e azul de porcelana.

Também havia um bilhete, mas eu não o leria, deveria ser mais um dos presentes que Diana frequentemente recebia de pretendentes.

Me joguei na cama da mesma e me cobri, estava em estado de choque.

Antes de perceber acabei caindo no sono.

A Falsa Prometida - ShirbertOnde histórias criam vida. Descubra agora