Perguntas e medos

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     Acordei e Draco estava escovando os dentes no banheiro do meu quarto. Fui cambaleando de sono até ele.

-Bom dia. -Ele disse depois de cuspir a pasta de dente.

   Eu apenas sorri sem raciocinar direito, escovando os dentes e arrumando um pouco o cabelo percebi ele me olhando com uma cara boba, ele tinha os olhos mais puxados quando acordava, eles  iam voltando ao normal ao longo do dia, era extremamente fofo ver ele assim.

-Que foi? -Eu disse terminado de limpar a boca. 

-Seu cabelo ta bagunçado. -Ele disse rindo do meu cabelo que realmente, estava uma bagunça.

-O seu também ta. 

-Não, o meu é perfeito 100% do tempo. -Ele disse exibido jogando ele pra trás.

                                      ~                                                       

   Eu contaria oque aconteceu no café, mas não foi diferente de todos os outros vários. Blaise nos esperou na estação. Sentamos juntos e Pansy Parkinson teve seu acento gentilmente negado pelo Blaise, ele sabia que ela ia dizer algo que não devia. Passamos a viajem conversando, Zabini fazendo piadas, Draco reclamando do quanto não queria ir, e eu rindo dos dois.

   Quando descemos na estação a primeira pessoa a reparar em mim foi a Luna. 

-Bom dia Lu. -Ela disse com a voz doce de sempre. 

   Eu tinha jogado meu cabelo pro lado da cicatriz, então só dava pra ver se você prestasse bastante atenção em mim, oque não aconteceria, porque as pessoas não demoraram muito pra superar de quem eu sou filha. Luna começou a me olhar bastante e então soube que ela percebeu, não me importaria de contar a ela, mas estavamos todos um pouco atrasados.

   As primeiras aulas foram normais, não me perguntaram, nem sequer me notavam. Draco e Blaise perguntavam se estava tudo bem comigo nos intervalos.
   A hora do almoço foi a mais difícil. Vi Fred e George na mesa da Grifinória, os dois acenaram pra mim. Draco e Blaise ficaram olhando pra mim de longe garantido que eu estaria bem.
    E eu estava, até ver Lupin entrando no salão e se sentando na mesa dos professores. Ele olhou por toda a mesa da minha casa. E me viu.
     Ele não esboçou nenhuma reação. Apenas conferiu se eu tinha vindo e voltou a comer, quanto todos estavam saindo do salão Fred e George vieram até mim, o trio de ouro estava atrás deles.

-E aí lu, você tá melhor? -Fred disse tentando fingir não querer ver minha cicatriz.

-Sim, obrigada por perguntarem meninos. -Eu disse e como era meu costume coloquei o cabelo atrás da orelha.
 
  Quando fiz isso Rony me olhou assustado.

-Meu deus, oque aconteceu com seu rosto? -Ele nunca foi muito bom em disfarçar as coisas.

-Rony! -Hermione deu um tapa no ombro dele.
   
-Desculpa, é que na sexta você não tava assim.

-É... aconteceu no fim de semana. -Tentei não demostrar que achei a reação dele horrível.

   Antes de as perguntas começarem fui pra sala em que eu teria a aula. E pra minha grande felicidade, era aula do Remo.

-Bom dia alunos, não precisam se sentar, quero que façam uma fila aqui no meio por favor. -Ele pediu com uma voz um pouco cansada.

     Todos estavam ansiosos pra saber do que se tratava. Brigaram por um lugar mais a frente da fila. Fiquei mas no final possível, e senti dois toques no meu ombro, Draco e Blaise tinham caído na mesma aula que eu.

-Oque acha que vamos fazer? -Blaise disse me dando um abraço por trás.

-Não sei, só sei que estou torcendo que não dê tempo de ser minha vez.

   Draco deu um tapa no Blaise pra me soltar.

-Disse a vocês que íamos estudar os seres mágicos, o da vez será o bicho-papão.

-Mas professor, não terminou de falar sobre os lobisomens. -Disse uma aluna da Sonserina que estava mais a frente.

-Vamos voltar nisso depois.  -Ele tinha uma voz desgastada, como se não quisesse ouvir essa palavra nunca mais. -Por favor, primeiro da fila.

  A primeira era uma garota da Sonserina, Remo explicou sobre oque ela teria que fazer, e nos deu uma breve explicação de como era o comportamento da criatura.

-Quando eu abrir a porta ele irá se transformar no seu maior medo. Mas basta dizer a palavra que te ensinei.

   A garota assentiu um pouco nervosa, a porta se abriu e de dentro do grande armário rastejou uma cobra, ou melhor, o bicho papão, como cobra.
   A menina disse alto e fez o movimento com a varinha "Riddikulus". O bicho se contorceu até surgir um chapéu de aniversário na cabeça, e toda vez que mostrava a língua fazia um barulho engraçado.

-Uma Sonserina com medo de cobra? -Blaise disse debochando.

-Muito bem querida, próximo.

     Admito que ouvir Remo chamar outra menina de querida me deixava um pouco chateada, até porque eu sabia que não ouviria mais isso dele.
      Os medos mais comuns eram aranhas, dragões, perder um amigo próximo, escuro e a floresta. Quando estava se aproximando da minha vez me questionei quanto demoraria pra aquela aula acabar de uma vez.
      Blaise não queria ir, disse que mostrar os nossos medos é entregar pros inimigos a resposta pra nos atacar. Mas ainda sim pediu pra passar na minha frente, "sei que não quer ir", ele disse baixo no meu ouvido e passou minha frente quando Remo não estava olhando.
      Ele me olhava como se eu fosse qualquer outro aluno, como se não me conhece mais que todo mundo naquela sala.

-Sr. Zabini. -Ele disse um pouco incomodado.

     A porta abriu e todos ficaram sem entender quando a criatura se tornou a própria imagem dele. Ele não demorou pra dizer o feitiço, tentado evitar que tivessem tempo de pensar.
     Todos na sala desfizeram a cara de estranhamento por risos, quando "o Blaise" apareceu apenas com um biquíni de bolinhas brancas e azuis, um óculos em formato de coração e um grande chapéu de praia. Até Draco deu risada.
      
-Até que fiquei bonito. -Ele saiu rindo de si.

      Draco tomou minha frente sem que eu pedisse e assentiu pra Lupin abrir a porta, ele continuava com o rosto desconfortável por estar ali com a gente.
       Quando a porta se abriu novamente a sala toda pareceu ficar em completo silêncio quando o bicho papão assumiu a aparência de Lucius que olhava pra Draco com desprezo. Draco disse baixo o feitiço mas é como se não ouvesse funcionado.

-Pense em algo engraçado Draco. -Lupin se aproximou pra caso precisasse controlar a situação.

     Malfoy repetiu o feitiço alto e Lucius tomou as roupas que minha tia usava, começou a falar como ela quando estava brava. "Eu já disse pra não deixar a meias sujas nos sapatos Lucius!", a criatura fazia caretas engraçadas que combinariam muito com meu tio.
      Ele foi pro final da fila e me olhou como quem desejava boa sorte. Lupin apenas assentiu com a cabeça e eu dei um passo a frente, tentei pensar em outro medo pra quem sabe o bicho papão assumir este. Mas não funcionou.
      Assim que abriu a porta veio até mim um lobisomem, eu travei, assim como na floresta, se eu tivesse um espelho tenho certeza que veria meus lábios azuis de medo.

-Sr. Black, o feitiço. -Lupin disse com pressa pra aquilo se encerrar.

        Eu tentei erguer a varinha sem tremer, o bicho se aproximava e quando ergueu a pata pra fazer o mesmo que fez aquela noite, Lupin entrou na minha frente, seu bicho papão era a lua, e quando lançou o feitiço uma bexiga saiu voando pela sala.
        Os alunos da Sonserina cochicharam entre si, pude ouvir um deles dizer "os corvinos não eram os inteligentes?"
         Aquela aula ridícula finalmente acabou e quando estava indo pro salão comer tentando fugir das perguntas sobre a relação entre o meu medo e o corte no meu rosto, Lupin veio na minha direção e falou sem me olhar nos olhos.

-Srta. Black, pode me acompanhar até minha sala, por favor? 
      

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