Retomar o ar

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Por favor, não julgar a atitude de qualquer personagem antes do final da fanfic. Que aliás está acabando.

Música recomendada: never be alone


Blaise saiu enquanto eu não conseguia raciocinar direito. Porque ele estava fazendo aquilo? Como vou fazer o Draco acreditar, se nem eu acreditei naquilo que ele fez.
Como ele disse, fiz das minhas mágoas minhas forças. Sai do quarto e corri atrás dele que já estava em um corredor. Quando me viu parou de andar e me olhou como quem achou que eu fosse agradecer, mas tirei toda a minha mágoa num soco. Ele caiu assustado. Eu ia continuar a bater nele, a culpa de tudo até agora era minha, mas oque ele fez com o Draco, era dele, não ia carregar pra mim, mas me senti sendo puxada pra trás enquanto chorava de ódio.
Ele se arrastava pra trás tentando ficar longe de mim e eu não fazia a mínima ideia de quem estava me segurando mas desabei. Me vi de joelhos implorando por dentro pra fosse tudo um pesadelo. Pra eu acordar na mansão, do lado do Draco, ou quem sabe que tudo até hoje na minha vida não passasse de uma história ruim. Aquele sentimento ruim voltou, aquele da floresta, os ouvidos tapados, o coração acelerado, a boca seca.
Vi na visão meio embaçada minhas mãos com um pouco de sangue, a pessoa me segurava perto do peito e pedia pra eu respirar devagar. Eu só queria que fosse o Draco. Em algum momento eu disse que não podia perde-lo, pois bem, perdi.

-Luiza, respira, respira fundo, vai passar. -A voz foi ficando menos abafada e reconheci, era Lupin.

Meu coração, se é que ainda tenho um, retorceu dentro do peito. E a voz dele foi interrompida pela voz da prof. Minerva que dizia escandalizada pra Lupin me soltar.

-Professora eu sei resolver isso. Por favor.

-Ela é uma aluna! Não pode ficar com ela assim!

Ele ignorou e continuou a fazer oque sempre fazia quando eu tinha crises assim.

-Respira Lu, respira. Eu tô aqui.

Minhas mãos que eu sentia tremendo tiveram força pra abraçar ele implorando.

-Me desculpa, eu estraguei tudo. -Ele era um dos poucos que entedia oque eu falava mesmo chorando. -Eu perdi tudo.

-Não Lu, eu tô aqui, não vou sair daqui, tô com você.

-Professor, por favor! -Minerva repetiu indignada.

-Ela não é só uma aluna professora. -Ele me olhou nos olhos. -Ela é a família que me sobrou.

Foi como se eu tomasse uma anestesia, em meio a toda aquela bagunça, eu senti que servia pra alguma coisa. Eu consegui respirar sem parecer que ia ser meu último suspiro.

~

Me levaram pra enfermaria, a professora foi atrás de Blaise e eu fiquei pra garantirem que eu não ia ficar sem ar de novo. Lupin ficou do meu lado, ele estava cansado de ter trabalho o dia todo, estava quase dormindo, mas não soltava minha mão.
Ouvi a porta abrir e a professora vinha com o Blaise atrás dela. Lupin levantou com o barulho pra porta e não soltou minha mão.

-Srta. Black. Acho que agora já está bem pode me explicar porque fez isso com o Sr. Zabini?

-Porque não explica você Blaise? É bom com as palavras. -Eu disse tentando não socar a cara dele de novo.

-Eu disse algo que não foi do agrado da Srta. Black. -Ele disse com uma voz dissimulada.

-Fez. -Eu queimava de ódio por dentro e por fora.

-Bom, seja qual for o motivo, não vai se repetir, os dois vão se resolver fora da escola e não vão causar mais problemas. -O Lupin disse como se soubesse que aquilo não ia ser fácil de explicar.

-Porque eu sinto que isso tem a ver com o Sr. Malfoy? -Minerva especulou me olhando.

-Talvez porque o quarto dele esteja revirado de cabeça pra baixo? -Blaise disse um pouco baixo mas eu me incomodei quando ouvi, ele só fazia isso quando estava realmente mal.

-De qualquer forma, os três são muito próximos, vão se resolver, e pode deixar isso por encargo da família professora.

Minerva apensas assentiu e deu sinal pra Blaise a acompanhar pra fora. Lupin respirou aliviado, sentou no banco um pouco baixo ao lado da minha maca.

-Eu já posso ir?

-Ahm, se você se sente bem, acho que pode sim.

Ainda estava estranho olhar pra ele, ele tentava não olhar as cicatrizes toda vez.

-Sobre o Sírius...

-A gente pode falar disso outra hora? -Eu disse com a voz chateada quase implorando pra ele não tocar no assunto.

-Claro querida, quando você se sentir a vontade.

Eu me levantei e fomos caminhando até o meu dormitório. No caminho ele notou como os alunos me olhavam, todos fixavam os olhos sem nem disfarçar, isso dava tanto desconforto nele quanto em mim.
Quando estávamos quase chegando vi sentando na porta da comunal com a cabeça baixa, o Draco. Não tínhamos outro caminho se não aquele. Quando passamos eu segurei o impulso do choro, mas ele nos viu e ele sabia bem quando eu queria chorar.

-Lupin. -Ele chamou e eu só torci pra não ouvesse mais brigas. -Posso falar com você?

Remo me olhou como quem esperava que eu dissesse algo, mas eu não ia dizer nada. Ele assentiu e se sentou. Eu fiquei com a cabeça baixa esperando ele terminar, Draco respirou fundo algumas vezes entre os sussuros. Quando Lupin se levantou colocou a mão no ombro dele. Draco olhou pra ele e depois pra mim, ele não me olhou chateado, apenas me olhou.

~

-Oque foi que ele disse? -Eu perguntei antes de entrar no quarto.

-Só perguntou se havíamos conversado. Mas não disse nada que desse motivo pra você bater no Blaise, oque aconteceu?

-Ele me beijou.

-Mas vocês já fizeram isso mais que uma vez. -Ele disse achando que era brincadeira.

-Na frente do Draco. -Ele desfez a cara e entendeu tudo quase que de imediato. -Eu não queria. -A voz voltou a fraquejar. -Eu disse que o Draco ficaria chateado, mas quando ele entrou no quarto ele me puxou e fez parecer que eu queria aquilo, mas eu juro, eu juro...-Eu já estava chorando outra vez.

-Tudo bem Lu, eu acredito. -Ele me abraçou.

-Mas o Draco não vai acreditar.

-Você acredita que tudo oque eu te disse aquele dia foi impulso de um idiota medroso?

Eu não havia pensado se realmente desculpava, mas aquela altura, oque o Lupin me disse foi de longe a coisa menos dolorida que ouvi, entrou apenas como mais uma para a coleção.

-Acredito.

-Então ele vai acreditar, você tem que tentar. Se quiser, eu tento.

-Faria isso? -Eu levantei os olhos marejados pra ele.

-Se funcionar como minha redenção. -Ele brincou e me abraçou de novo.

-Obrigada. Por cuidar de mim.

-Nem sempre não é. -Ele disse com a voz baixa e envergonhada.

-Sempre.

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