Ele vai ficar

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     Ter perdido meu aniversario não era ruim por não comido bolo ou coisa assim, senti falta das pessoas ao meu redor, por mais que agora fosse um pouco estranho, era como estar com desconhecidos. Aquilo que senti na festa voltou enquanto Delphi falava. Era como se eu voltasse pra aquele silencio assustador. 

     Tom estava mais pálido do que a ultima vez que o vi. Ele se aproximou de nós, não imagino que ele queira um pedaço de bolo, mas começou a falar. 

-Porque mesmo Remo esta aqui com vocês? Achei que tivesse casa. 

-Ele tem, mas ele é da minha familia, quero ele aqui. -Eu disse encostando a cabeça no ombro dele. 

-Lupin cuidou de mim pai, enquanto você não estava. 

    Vi os olhos de Tom arderem na direção de Remo, prefiro não chama-lo de Voldemort, da a impressão de ele ser importante, e pra mim não é. A pequena não via erro algum nas atitudes do pai, achava ele incrível. 

-E quando pretendem acertar as coisas comigo? -Ele olhou para minha mãe.

-Logo. Só precisamos pensar em quem. 

-Eu já tenho algumas pessoas em mente. -Ele olhou pelo canto na direção de Remo, isso foi o suficiente pra me fazer querer matar ele. 

-Não vai fazer isso com ninguem. -Delphi me olhou assustada pelo meu tom de voz. 

-Isso foi decidido sem você, portanto, vamos terminar de resolver sem você. 

-Se aquelas criaturas chegarem perto de alguem por ordem sua, eu mesma tiro a pouquíssima felicidade que te resta. -Ele se levantou e por instinto me levantei também e me preparei pra caso precisasse pegar a varinha que tinha prendido no sapato. 

-Luiza, vamos resolver isso outro dia. -Narcissa se levantou.

-Acho melhor o Lorde resolver isso quando as coisas se acalmarem, ainda é muito recente. -Minha mãe tinha um tom doce perto dele, oque me enojava. 

    Ele não disse mais nenhuma palavra e saiu, foi tarde. Minha mãe o acompanhou pra fora. Tia Narcissa levou Delphini para dormir. Remo me deu um beijo na testa e também subiu. Blaise e Draco me olhavam como se eu tivesse matado ele.

-Precisa ir pra lá também Draco, talvez volte mais corajoso. -Blaise provocou.

-Você já é bem corajoso não é? Tanto que não se importaria de dormir na rua. 

  Blaise desfez o sorriso do rosto. 

 -

     Subi por aquelas escadas e finalmente tive a sensação de estar em casa, meu quarto, minhas coisas, tudo como eu deixei. Soltei o cabelo, deixei o vestido no armário, para depois guarda-lo e dar para Delphi. Blaise e Draco estavam com minha tia decidindo onde ele poderia dormir. Aproveitando o tempo, fui fazer oque senti tanta falta.

    Abri a torneira da banheira e a do chuveiro também. Esperei a água enquanto encarava no espelho aquele símbolo horrível que deixaram no meu pescoço. Mais uma marca pra conta. Tentando limpar a mente de qualquer pensamento eu entrei na água e tentei prestar atenção no barulho das gotas caindo.

    Meu olhar estava perdido, eu sabia disso. Era como se o silencio me fosse confortável, visto que tive que aprender a gostar dele, mas ao mesmo tempo, pelo pouco tempo que fosse, eu sentia falta do falatório, me vi presa na necessidade de ouvir alguem, só pra me lembrar que eu não estava mais lá.  

    O barulho da água do chuveiro lembrava o mar em torno da prisão. Aquela sensação voltou. Era como se minha mente estivesse presa lá. Eu sabia que ainda era só o começo, o ministério viria atrás de mim. Então na esperança daquela sensação passar eu afundei na banheira. 

    As gotas que caiam forte faziam o barulho ser mais alto, minha cabeça estar ocupada resolvia o problema. Comecei a pensar em tudo, tentando desviar daquele lugar. E quanto o ar faltou voltei o rosto pra fora e suspirei. 

-Isso foi uma tentativa de suicídio? -Me assustei ao ouvir Blaise encostado no batente. 

    Draco estava sentado no chão. Eu me afundei até o pescoço pra que não me vissem. 

-Ta tentando esconder oque? Eu conheço bem isso. 

-Blaise, agora não. -Eu disse cortando qualquer provocação.

-Eu avisei. -Draco com um olhar cansado. 

-Qual é, faz tempo que a gente não fica os tres juntos. 

-Faz tempo que não fico com ninguem não é Blaise? 

  Ele me olhou em silencio por alguns segundos. 

-É, foi mal. 

     Draco se levantou e me deu a toalha que eu havia esquecido, sai do banheiro logo depois de Blaise e me deixaram no silencio de novo. Apenas alguns murmurinhos abafados pela porta. Antes eu ouvia o murmurinho dos meninos, mas depois começou a ficar mais alto, quase num tom de briga, então resolvi sair rapido.

     Coloquei o roupão e quando abri a porta os meninos não estavam no quarto, as vozes ficaram ainda mais altas, desci correndo as escadas e Tia Cissa veio na direção contraria trazendo Delphi para se deitar outra vez. Ela tinha um rosto preocupado.

-Já conversamos sobre isso, oque as pessoas vão pensar? -Ouvi a voz de Sirius.

-Ela acabou de voltar, nós passamos a maior parte da nossa vida aqui Sirius, porque só agora alguem pensaria alguma coisa? 

      Vi Sirius e Remo na porta discutindo, não consegui entender ao certo oque era, mas os meninos estavam ao lado e me olharam como quem dizia que algo ruim ia acontecer se Sirius não fosse embora. 

-Oque esta fazendo aqui Sirius? 

-Vim oferecer pra ficar de vigia na casa. Porque esta vestida assim? -Ele olhou para o roupão que estava usando como se fosse a coisa mais indecente do mundo. 

-Acabei de descer do banho. Acho que não vamos precisar, Molly e Arthur estão cuidando de tudo no ministério.

-Bom, então Remo não precisa ficar. -Ele olhou como se eu fosse simplesmente expulsar Remo de lá.

-Não, ele vai ficar. Pode ficar se quiser, só não precisa ficar ai fora. 

-Ele tem casa. 

-E você também tem, então pode ir para sua se não quer ficar. -Vi Blaise comprimindo os lábios. 

-Quem te ensinou a responder desse jeito? -Ele disse enojado e dando um passo a frente, Lupin veio pra mais perto de mim. 

-Não conversei muito nos últimos meses Sirius, então acho que ninguem.

    Ele desfez a cara seria. Olhou pros meninos e saiu. Mas Remo continuava irritado. 

-Vocês dois, subam, Luiza, preciso conversar com você.

    Porque ele me chamou de Luiza? 

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