A sala

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  Eu acordei e Draco já não estava mais ali, mas ele fez o favor de deixar meu uniforme no lugar, eu já estava muito atrasada quando entrei na aula.

-Dentre todos os alunos atrasados as desculpas foram das mais esfarrapadas, gostaria que a sua não fosse tão ruim Sr. Black. -A professora disse sem tirar os olhos da apostila

-Eu...ahm...

  O meu raciocínio embaralhado de ressaca e nervosismo foi interrompido por uma voz  forte que veio por trás de mim na entrada da sala.

-Com licença professora, preciso de um dos seus alunos pra uma demostração para os mais novos. A senhorita Black não vai demorar.

   A professora Minerva não teve nem tempo de dizer sim ou não antes de Lupin me arrastar pelo corredor e me enfiar em uma sala qualquer.
   A última vez que o vi bravo foi em uma briga com Lucius na mansão, eles não se davam nem um pouco bem, acho que por isso não simpatizava com Draco também.

-Ainda bem que me tirou de lá, não ia conseguir prestar atenção em nada. -Eu disse me apoiando na mesa dos professores.

-As drogas fizeram efeito rápido, normalmente só causam danos ao cérebro em longo prazo.

-Remo, eu posso explicar..

-Não Luiza, não pode, não se dê o trabalho, espero que o Draco tenho te ajudado com alguma coisa, porque realmente o Fred Weasley não está sendo uma boa influência.

-Não foi ele que me deu.

-Não interessa quem deu Luiza! -Foi a primeira vez que ele ergueu a voz comigo. -Quebrou regras da escola, usou aquela porcaria, mas o pior de tudo, mentiu pra mim!

   Eu fiquei em silêncio enquanto ele falava, ou melhor, gritava.

-Eu só posso confiar se me provar que é merecedora disso, achei que tinha sido sincera quando disse que confiava em mim pra tudo.

-Queria que eu fizesse o que? Contasse pra você? Você ia ficar assim do mesmo jeito.

-Porque eu quero o seu bem! -Ele chegou a centímetros de mim e disse alto no meu rosto, eu não podia desviar porque estava apoiada na mesa. -Tem noção que eu dediquei a minha vida a estar com você? Estar em um lugar onde eu e Sirius não somos aceitos, por você!

-Você julgou o Draco mas está fazendo a mesma coisa que ele. -Eu disse baixo olhando nos olhos dele, mas ver ele bravo comigo era doloroso demais, e deixei meus olhos brilharem segurando as lágrimas.

Tinha apenas uma coisa que fazia o Lupin se acalmar durante uma briga, me ver chorando, todas as vezes em que ele notava eu espiando as discussões atrás da porta com lágrimas nos olhos ele parava de imediato.

-Isso não funciona mais Luiza.

-E você pensa que eu faço por querer? -A minha voz saiu falhada vendo ele permanecer com o rosto de desgosto.

  Ele desviou o olhar de mim, e respirou fundo tentando por os pensamentos no lugar.

-Porque tudo que eu faço afeta todos vocês? Os mínimos dos meus erros? Porque todo mundo fica bravo comigo com qualquer decisão que eu tomo?

-Porque você não sabe decidir sozinha!

Nessa momento minhas lágrimas de mágoa se tomaram por um ódio imenso, depois de tantas coisas que eu ouvi saindo da boca da minha mãe, eu nunca imaginei que a que mais me machucaria sairia dele.

-Eu não esperava isso de você. -Eu disse com a mesma intonação que ele me dirigiu no quarto na noite passada, e então desarmei ele, o rosto de raiva voltou a ser o rosto de acalento que era característico dele. Eu nunca machucaria ele se estivesse no meu juízo perfeito mas meu primeiro reflexo foi gritar.
-De todas as pessoas daquele projeto de família a única que eu não esperava ouvir isso era você. -Eu o empurrei enquanto descarregava todo o ódio que eu sentia, ele mal se defendia. -Aquela noite eu confiei em você porque você era o único que não me trataria de qualquer jeito depois.

-Luiza chega.

-Mas você esnoba um erro na minha cara que você também cometeu quando era adolescente, e não me vem com história de arrependimento porque eu cansei de ouvir....

  O único jeito que ele achou de me manter quieta foi me dando um beijo. Eu senti uma lágrima escorrer quando ele me puxou meu rosto pro dele e parecia que ele tinha me sedado. Tudo aquilo acabava, quando eu lembrava quem era ele, ainda era o Lupin. Sinto que as vezes em que eu tratava as pessoas assim é porque é o único jeito de por pra fora tudo o que queria dizer pra minha mãe. 
   Ele me soltou e me olhou nos olhos.

-Me desculpa. -Ele me puxou de volta pra um abraço.

   Assim como o Draco, as minhas discordâncias com o Lupin não duravam muito tempo, a única diferença é que antes ele as resolvia me levando pra algum lugar com o Sirius, agora ele me beijava.
    Ele apenas abriu a porta e agradeceu a professora, eu me sentei e não faço a mínima ideia do que falamos naquela aula.

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