Capítulo VI

760 87 131
                                    




Após constatar que Geórgios estava realmente morto, Aiala saiu furtivamente do galpão e deixou as docas voltando para a hospedaria, onde se banhou e comeu como se nada tivesse acontecido. De acordo com o planejado, a garota partiria na madrugada do dia seguinte, antes que os pescadores e os trabalhadores do cais encontrassem o corpo. Naquela tarde Aiala não deixou seu quarto, decidiu que o melhor a si fazer era não ficar perambulando por aí depois do que tinha feito, além de não está muito segura de ficar andando pela cidade portuária, Poseidon poderia não estar procurando ela, mas cautela nunca é demais.

Aiala levantou na madrugada do dia posterior ao assassinato e começou a se preparar para sair, seu próximo alvo estaria em Mégara, uma Cidade-estado que ficava no lado norte do estreito de Corinto. A viagem seria mais rápida se ela usasse navios para viajar, mas ela optou por seguir viagem em terra firme margeando a Cidade - estado de Atenas, para evitar possíveis encontros indesejáveis.

Levou mais tempo que o esperado para chegar a Mégara, no caminho, Aiala se viu em um vilarejo que era um ponto de partida e chegada de Comerciantes. Ao chegar na vila, algumas pessoas aconselharam ela a ir embora o mais rápido possível e ter muito cuidado ao transitar nas estradas daquela região. Segundo aquele povo, uma fera enorme e feroz semelhante a um urso estava atacando, destruindo a carga, ferindo, matando e até comendo alguns comerciantes que tiveram o azar de enconta-lo em seu caminho. Eles temiam que a fera invadiria o vilarejo.

Aiala nunca tinha ouvido falar sobre um animal assim antes, tal criatura parecia ter saído de alguma das muitas histórias que existiam naquela nação. A garota não pôde deixar de notar o medo e o desânimo nas expressões da população, até as crianças pareciam temerosas e preocupadas, na verdade não havia muitas crianças brincando nas ruas. Uma cidade que deveria ser muito movimentada transmitia melancolia e medo.

A garota havia crescido sob os ensinamentos de Pachis, um homem que adotou uma criança desconhecida de procedência duvidosa, e esses ensinamentos incluíam fazer tudo ao seu alcance para ajudar os mais fracos ou aqueles em necessidade, ela até tentou, mas  simplesmente não conseguia ignorar as necessidades daquele povo.

Aiala  alugou um quarto em uma hospedaria na margem norte do vilarejo, o lugar de onde vieram a maioria dos relatos de ataques, alí ela se preparou para a caçada. No alvorecer do dia seguinte, a garota deixou a hospedaria e avançou em direção a floresta. A mata era densa, mais que a floresta na montanha em que ela morava, haviam muitos insetos e por várias vezes Aiala encontrou serpentes dos mais diversificados tipos em seu caminho. Após caminhar por horas ela alcançou a margem de uma estrada, muito utilizada pelos comerciantes e até então nem sinal da fera. Ela já estava pensando em atravessar a estrada e adentrar a mata do outro lado quando de súbito começou a  ouvir gritos desesperados pedindo por ajuda. Sem exitar, a garota partiu correndo a toda velocidade em direção aos gritos e ao chegar lá ficou chocada com o que viu.

Várias das carroças estavam destruídas, havia sangue e mercadoria espalhadas pelo chão. A uma distância de vinte metros do pandemônio, Aiala viu um homem que teve um de seus braços arrancados desfalecendo enquanto um homem e uma mulher tentava arrasta-lo para longe dalí, e no centro de toda aquela confusão estava uma criatura esquisita. De fato, seu corpo lembrava o de um urso, mas só lembrava mesmo.

A criatura tinha cerca de três metros de altura, quando estava sobre as quatro patas, mas como o urso ela também ficava em pé sobre suas patas traseiras, o que o tornava muito maior. Suas presas eram enormes ao ponto de ficarem para fora  mesmo quando a boca estava fechada, suas garras eram longas e pareciam ser afiadas. Quando viu a besta, Aiala só pode pensar que aquele homem teve muita sorte de ter perdido apenas o braço.

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora