Capítulo XXIII

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Procuramos o fio de Ariadne para nos guiar pelo caminho certo. Uma luz na escuridão. Adorariamos saber nosso destino. Para onde nos leva. Mas a verdade é que existe apenas um caminho por toda a eternidade, predeterminado pelo começo e pelo fim. Que também é o começo.
-Dark

A princípio Aiala tentou sutilmente descobrir mais informações sobre o capitão apartir do que conseguia arrancar dos demais tripulantes. Não demorou muito para ela se aproximar mais do cozinheiro do bando, visto que de suas atribuições às tarefas relacionadas a cozinha eram maioria, mas isso não foi algo que ela achou ruim. O Cozinheiro era conhecido por ser ranzinza e muito exigente, seu nome era Ignátios e ironicamente seu nome combinava muito com o ambiente em que trabalhava, visto que pode significar "ardente" ou "o que é como o fogo".O homem estava em seus cinquenta e poucos anos, sua barba e cabelo eram um misto de branco e preto acinzentado, tinha cerca de 1,70 de altura e era muito musculoso, como alguém que carregou muito peso a vida toda deveria ser. Apesar de ser grosseiro, toda a frota tratavan o homem com bastante respeito, inclusive o imediato. Ao que tudo indica ele era um dos membros mais antigos do bando e quando o antigo capitão morreu e o novo, que também era filho do finado, ficou em seu lugar Ignátios não deixou o bando. De acordo com o que ouviu, Aiala veio a saber que o homem conhecia o capitão desde que nasceu e que o capitão tem pelo cozinheiro grande consideração.

A garota tentou de tudo para arrancar algo de útil do velho cozinheiro, mas ele sempre se esquivava e pior... Arranjava mais trabalho para ela fazer.

- Velhote, não tô perguntando nada demais. - Disse com manha. - Só estou curiosa.

- E o que tem eu que ver com isso? - falou Ignátios. - Se quer saber então que vá perguntar ao Damazo.

- Mas Damazo é pior que você, se eu for lá me dara mais trabalho do que o que se dá a um escravo. - Falou Aiala.

- Você disse algo rude sobre mim agora mesmo, não foi? - Ignátios coçava a barba e tentava analisar o que tinha acabado de ouvir. - Você foi rude. - Constatou. - Ora sua fedelha suja-imunda...

- Tomo mais banho que você. - Rebateu a garota. - E não falei nenhuma mentira.

-Sua...

O velho pegou a colher de madeira e foi pra cima dela, Aiala correu para o outro lado da bancada e mostrou a língua. Era uma bricadeira comum entre os dois, ele não bateria nela mesmo ela não corresse.

- Se tem tempo para encher meu saco, tempo para trabalhar. - Falou, foi até a bancada da pia e pegou uma bandeija com pães e um prato cheio de um caldo que a garota não identificou o que era. - Vá até Damazo e lhe entregue isso. - disse entregando a bandeja.

Aila bufou e pegou a bandeja.

- Eu falei que ia me escravizar. - Murmurou se virando para subir a escada.

- Tá reclamando do que? - Bradou o velho.

- Não reclamei de nada velhote, você que tá ficando doido. - Rebateu.

Aiala não poderia ver pois estava de costas, mas o velho sorria. Três semanas, apenas três semanas foram suficientes cara que a garota fizesse amizade com a maior parte do bando, mesmo que todos estranhacem o fato de nunca a verem sorrir.

A garota subiu a escada e varreu o navio com o olhar, mas não encontrou Damazo em lugar algum. Ela pensou que ele poderia estar no quarto do capitão e caminhou rumo ao quarto, ao chegar na porta se resignou a apenas bater suavemente nela por três vezes e aguardou que o imediato se profunciasse do outro lado, mas em vez da voz de Damazo o que Aiala ouviu foi a voz de uma mulher que fracamente a autorizou a entrar. Aiala então ajeitou a bandeja em uma das mãos e mesmo que sua consciência lhe dissesse que estava fazendo algo errado, ela girou a maçaneta e entrou vagarosamente no quarto.

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora