Capítulo XXII

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A frota pirata tinha cerca de cinco navios, o nome do Bando era Otrera e exibia na proa do navio principal a imagem entalhada da rainha Amazona. Aiala foi insada para dentro do Navio do capitão e colocaram-na sentada no meio do convés, boa parte da tripulação se amontou em volta dela e o fato de haverem tanto homens como mulheres chamou a atenção da garota. Um dos tripulantes se aproximou de Aiala, ele parecia ser o capitão. Ele era alto, tinha cabelo castanho escuro e olhos azuis quase brancos, a pele era bronzeada como a maior parte das pessoas alí visto que viviam sob o sol, braços fortes eram exibidos em sua blusa sem mangas, sua face trazia uma expressão suave, mas não despreocupada.

- Me chamo Damazo. - Falou o homem, sua voz era grave porém suave. - Sou o Imediato dessa frota e segundo no comando, no momento nosso líder está descansando e não pode sofrer perturbações, ainda assim permitiu que a trouxessemos a bordo. Quem é você? - Todos a volta faziam silêncio e analisavam a recém chegada.

- Me chamo Aiala. - Respondeu.

- E como, em nome do Olimpo, você veio parar no meio do nada? - Perguntou com uma sobrancelha levantada.

O que responder numa situação como aquela, as pessoas tendiam a ser supersticiosas, principalmente os que viviam no mar. Dizer alguma coisa de forma descuidada poderia garantir que a jogassem de volta no mar, dizer a coisa certa poderiam fazer com que todos a vissem como um sinal de bom agouro, mas não conseguia pensar em palavras tão convenientes naquela situação, então optou por pelo menos garantir que não a jogassem no mar.

- A embarcação onde eu estava afundou, haviam apenas cinco tripulantes três morreram quando o navio afundou, um morreu de frio já que naufragamos a noite e o outro sumiu de vista antes do dia amanhecer, a quinta está aqui na sua frente. - Mentiu descaradamente e nem piscou pra fazer isso, autopreservação acima de tudo. - Talvez algum deles tenham feito algo para ofender o deus do mar.

- E que garantias eu tenho de que não foi você? - Perguntou Damazo.

- Impossível, antes de entrar no mar eu fui pessoalmente ao templo de Poseidon e prestei adoração. - Uma meia verdade.

- Entendo. - Disse o homem ponderando o que tinha ouvido. - A chefia tá de bom humor hoje e descidiu que você pode ficar aqui até chegarmos em terra.

"Eles estavam planejando me jogar no mar se o capitão não estivesse de bom humor?" Pensou Aiala. Porém ela podia jugar? O mar é um lugar belo e alimenta milhares de pessoas, mas também é um lugar poderoso, não é nada sensato ir a casa de uma das entidade divinas mais poderosas e irrita-lo, basta um pensamento do deus e os navios fariam uma viagem permanente para o fundo do mar.

- Desde que Você não cause problemas e siga as regras. - Falou Damazo.

- Adoro regras, claro que seguirei as regras. - Ela tinha consciência de que não teria pra onde ir. 

- Muito bem, bem vinda a bordo!

- Quando chegaremos em terra? - Perguntou a garota. Ela não queria ficar muito tempo no mar.

- Em três meses. -  Respondeu.

- Três meses?

Era tempo demais, quão longe estavam do continente? Que perigos surgiriam no horizonte? Aiala não estava com medo, pelo contrário, por alguma razão seu espírito se animou sutilmente. A sensação de estar velejando sobre o mar, sem poder ver o que se passa sob o casco daquele imponente navio, porém impotente se comparado imensidão do mar... Tudo aquilo, por alguma razão, a fazia sentir algo, o que já é um grande passo para alguém que nada sentia. Em seu íntimo ela se questionava em conflito se aqueles eram sentimento dela ou algo fabricado pela união com o senhor dos mares.

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora