Capítulo XXXVIII

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O desgostoso encontro com Cerberus serviu para gravar profundamente no espírito de cada membro do grupo que eles não estavam em casa, não estavam no mundo dos vivos, mundo no qual eles sempre conseguiam encontrar um jeito de resolver seus problemas. Aquele era o submundo, um lugar reservado para a morte, literalmente a casa da morte, e como tal deveria ser tratado com total cautela, aquele era um lugar no qual o simples ato de respirar poderia fazê-los viver alí permanentemente. 

Os quatro se encontravam reunidos ainda no mesmo local, alguns sentados, outros de pé. Nenhum deles estava ansioso pelo próximo destino. 

- Sei que ninguém quer ir em frente depois do que acabou de acontecer, mas já não dá para voltar por onde viemos. - Disse Aiala. - Nikolaus? - Chamou. - Espero que tenha feito o dever de casa. 

- Eu li esse livro velho. - Resmungou retirando o livro de sua bolsa. - Foi difícil ler  sem que as páginas desmanchassem ao menor contato. Mas ao que tudo indica as informações contidas aqui são confiáveis. 

- O que te dá tanta certeza? - Questionou Dídimo com curiosidade. 

- Havia uma espécie de encantamento que tornava a compreensão impossível. Imagino que por isso Dareios nos entregou sem cerimônia, o livro era inútil para ele visto que não conseguia ler. 

- E como você conseguiu ler? - Indagou Íris. 

- Não podem trapacear contra mim. - Ele respondeu, mas até então apenas Aiala compreendeu o que ele estava dizendo. 

- Isso não explica nada, mas vou deixar passar por enquanto. - Disse Íris. - Vamos ao que interessa. 

- Não precisa ser um gênio para saber o que vem depois do cerberus e os portões do submundo. - Falou Aiala. - Nikolaus, explique-nos sobre nossa próxima aventura. 

- É piada de mau gosto chamar de aventura. - Nikolaus voltou sua cabeça para cima como se tentasse ver o céu, mas como nada viu apenas fechou brevemente os olhos. - A seguir encontraremos os três juízes de Hades. 

- Já ouvi falar, mas nunca tive muito interesse em ficar procurando informação sobre criaturas que podem me mandar pros campos de punição com um castigo severo de brinde. - Comentou Dídimo. 

- Nem preciso dizer que estou boiando, né? Não é como se eu já não tivesse ouvido falar, mas eu tinha coisa melhor para fazer. - Falou Íris. 

- Explique do começo. - Pediu Aiala. 

- Os três juízes são: Minos, a estrela celeste da nobreza;  Radamanthys, a estrela celestes da Fúria e Éaco, a estrela celeste do heroísmo. - Começou a explicar. 

- Que títulos pomposos. - Comentou Íris. 

- Deixa ele explicar leoa selvagem. - Reclama Dídimo e Íris responde com uma careta ao apelido. 

- Todos sabem que Zeus não é lá um exemplo de fidelidade conjugal e em uma de suas puladas de cerca ele se enamorou da princesa fenícia Europa e com ela teve três filhos que renderam uma história posteriormente, mas vou deixar para contar sobre isso outra hora. Dois dos filhos dessa união são Radamanthys e Minos. - Disse ele. - O terceiro juíz é filho Zeus com a ninfa Égina, filha do deus-rio Asopo.

- Os três são filhos de Zeus? Isso é Nepotismo. - Reclamou Íris. 

- Íris, deixa ele terminar. - Implicou Aiala. Nikolaus apenas ignorou tudo e continuou a falar. 

- Radamanthys foi expulso de Creta por seu irmão Minos, vítima do ciúme que seu irmão tinha de sua popularidade, ao que tudo indica ele fugiu para a Beócia, onde se casou com uma viúva de nome  Alcmena. - Introduziu Nikolaus. - Integridade é o que o define. Carrega a reputação de um príncipe justo, porém severo, tão severo que suas decisões não são apenas pautadas em justiça, mas em rigorosa severidade. Há quem diga que foi ele quem ensinou a Hércules o manejo do arco. É conhecido como sendo um dos mais leais ao imperador Hades. O livro dizia que existe uma entrada secreta para o Elíseos sob o trono dele. 

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora