Eles margearam a cidade de Mégara andando sempre na mata, evitavam contato até com lenhadores e caçadores. Haviam decidido evitar o conflito, restavam poucos dias até a superlua e cada um deles precisava chegar em seu lar para descansar. Tudo parecia correr de acordo com o plano, chegaram num vilarejo que ficava a um dia de viagem de distância de Mégara, Dídimo entrou cumprindo o papel de batedor.
Ao entrar no vilarejo, passando pelo centro, ele viu cartazes de procurados e como esperado os rostos deles estavam estampados em vários deles. Dídimo recolheu alguns na surdina enquanto tentava conter o riso e voltou para junto do restante do grupo que o estava esperando fora do vilarejo.
- Esse daqui deveria ser eu? - Perguntou Nikolaus.
- Parece um jovem prostituto. - Disse Dídimo gargalhando da miséria do amigo.
- Alguém deixou uma grande impressão na filha dos Nomikos. - Comentou Aiala olhando o cartaz de Nikolaus mais de perto.
- De todo modo, felizmente é grande a discrepância entre nós e esses cartazes ridículos. - Disse Íris.
- Sim. Contudo, nós temos que tomar cuidado com pessoas que conhecem nosso rosto. Talvez tenham colocado pelo menos um soldado, que nos viu no dia da fuga, em um dos pontos com outros soldados e até mercenários. - Argumentou Aiala.
- Tudo culpa do Nikolaus. - Acusou Íris.
- Pois é, ele tinha que ferir o coração da princesa? - Dídimo se juntou a provocação.
- Falou a garota que libertou um prisioneiro. - Rebateu Nikolaus.
- Falou o cara que afanou um cetro de inestimável valor. - Devolveu Íris.
- Não começa. - Avisou Aiala. - Vamos seguir o plano. Entramos, pegamos alguns mantimentos, apenas o suficiente para chegarmos em Atenas e damos o fora. Estamos perto demais de Mégara para dormir em uma cama quente e esses cartazes são um péssimo sinal. Vou entrar primeiro com Íris e vocês entram depois de algum tempo.
Eles entraram no vilarejo e foram direto para o centro comercial, optaram por seguir para o mesmo lugar enquanto mantinham uma distância segura o suficiente para não parecer que estavam juntos. Nikolaus ainda tinha algumas moedas e foi o que usaram para comprar umas poucas coisas.
Enquanto caminhavam pelas ruas um homem saiu de uma taberna aos tropeços e esbarrou em Dídimo, o pirata mal sentiu, mas o homem se estatelou no chão, estava bêbado e pior, vestia uma farda comum aos guardas de Mégara.
Dídimo queria evitar uma comoção, se desculpou gentilmente, mas sem olhar diretamente para o guarda, não queria ser reconhecido. O guarda por outro lado estava frustrado com seja lá o que aconteceu na taberna e queria muito extravasar numa briga. Ele se pôs de pé e armou uma desengonçada pose de batalha.
- Pelo Olimpo! - Resmungou o pirata em voz baixa. - O que é que eu fiz para merecer isso?
Olhando de relance para Aiala ele a viu lhe dizer para que pegasse leve com o guarda e desse um jeito de sair dessa sem chamar muita atenção antes que uma platéia se acumulasse.
O plano dele era simples: o homem estava desorientado, ele empurraria de leve e o guarda cairia no chão, ele daria o fora dali antes que o bêbado se levantasse de novo. Fim. Dídimo só não contava com um pequeno detalhe.
O bêbado avançou sobre o pirata, Dídimo ergueu a mão direita e empurrou de "leve" o guarda, mas o guarda não caiu no chão. Na verdade ele caiu, mas antes de finalmente cair, o homem foi arremessado por cerca de doze metros e bateu contra a bancada de um estabelecimento usado para recolher tributo, as moedas nas caixas sobre a bancada caíram espalhando pelo chão o tributo recolhido naquele. Levou cerca de cinco segundos para que a surpresa da população se transformasse em uma confusão pelo dinheiro esparramado. Aquele não era o plano, mas serviu ao propósito. Dídimo correu em disparada para fora do vilarejo, guardas começaram a surgir de todos os lugares e alguns tentaram persegui-los, mas falharam, o quarteto estava correndo rápido demais e com maestria saltavam por cima ou se esgueiravam por baixo dos obstáculos, desviando com agilidade de pessoas, animais e objetos. Eles pararam de correr quando adentraram fundo na floresta.
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Aiala: A Noiva do deus do mar
FantasyA vida é uma constante busca. Alguns buscam felicidade, outros satisfação pessoal, tem aqueles que buscam o romance e aqueles que buscam completude sem ele, há aqueles que buscam amor e há aqueles que buscam vingança. Aiala Kokkinos vive em uma Gré...