Prólogo

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O ano é 431 antes de Cristo, a Grécia estava em seu auge, uma potência em ascensão que marcou a história, seja pela sua contribuição na filosofia, história, teatro ou literatura. Mas isso não era tudo, Atenas e Esparta se encontravam em uma voraz batalha que ficou conhecida como a Guerra do Peloponeso. E é nesse período que a intrigante história de uma humana que desafiou os deuses em nome de sua convicção e vingança, acontece.

Um casal de simples fazendeiros que viviam do que plantavam em um pequeno vilarejo em Tebas, receberam em sua casa um visitante incomum. Naquele dia chovia muito, a tempestade estava furiosa e Fileto, o chefe da família Kokkinos, estava tenso e preocupado com sua pequena plantação, visto que sua esposa Jude se encontrava grávida de sete meses e aquela safra era a única garantia de sustento daquela família de três pessoas que logo seriam quatro. Enquanto isso, o pequeno Filemon de apenas oito anos, dormia sem preocupações em seu quarto. De repente ouviu-se quatro fortes batida na porta, quem seria àquela hora da noite? Quem teria se arriscado naquela tempestade?

Fileto vai então até a porta e uma vez que a abriu mal pode conter sua expressão de surpresa ao contemplar a figura parada na frente de sua porta. Era uma mulher jovem, em seus vinte e poucos anos, tinha cerca de 1,50 m de altura, seus cabelos eram compridos e ruivos, seus olhos brilhavam com a pouca luz que vinha de dentro da casa em um tom de verde muito estranho. Contudo, os olhos não eram a única coisa sinistra naquela figura, sua pele era muito pálida ao ponto de mesmo com a pouca luz ser possível enxergar suas veias sob a pele. No entorno de seus olhos encontrava-se severas olheiras e ela vestia uma comprida túnica branca com um cinto de couro adornado com algumas pedras preciosas em sua cintura, estava descalça e em sua presença surgiu do nada um perfume adocicado. Aquela jovem era tão sinistra que mesmo Fileto, um homem robusto com seus 1,90 m de altura, estremeceu diante dela e sentiu um forte impulso de fechar a porta e proteger a si e a sua família da melhor forma possível contra ela.

Tudo ficou ainda pior quando a mulher falou.

— Não vai me convidar para entrar? — Perguntou serenamente.

O corpo inteiro de Fileto estremeceu por completo e o suor frio escorreu ao longo de sua espinha, o tempo parece correr mais devagar à medida que a criatura falava. O ar sumiu dos pulmões de todos naquela pequena sala, inclusive de seu filho que tinha acordado no instante em que seu pai abriu a porta.

— Pequeno humano. — Disse a criatura. — São esses seus modos quando recebe em sua casa a visita da grande Pitonisa do oráculo de Delfos?

A aura que escapava daquela criatura era tão imponente que não havia na mente de Fileto a menor sombra de dúvida da veracidade do que ela dizia. Em seu íntimo ele sabia que aquela era uma Pitonisa, que recebia as profecias da parte do deus Sol, do qual nem mesmo os outros deuses conseguiam escapar.

Sem dizer uma única palavra, Fileto moveu-se lentamente para o lado dando espaço para a Pitonisa, a grande, passar. A pitonisa caminhou lentamente pelo cômodo, parando brevemente diante de Jude e fitou por um longo minuto sua enorme barriga, porém nada disse, voltou a caminhar e se sentou em uma cadeira na parte mais escura do lugar. Todos acompanhavam seus movimentos com o olhar, respirando cuidadosamente, fazendo o mínimo possível de ruídos, tentando não ofender a Pitonisa.

— Podem ficar à vontade. — Disse tranquilamente, porém sua voz não soava como a de uma mulher nem como a de um homem, o som dela era estranho e impossível de se dizer o gênero.

— O que você quer de nós? — Todos ficaram estupefatos, ninguém esperava que ele fosse o primeiro a se pronunciar, mas o pequeno Filemon não ligava para nada daquilo e sem pensar duas vezes saltou com a pergunta que seus pais também queriam fazer.

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora