Capítulo XXXI

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"Amar alguém profundamente lhe dá forças; ser amado profundamente lhe dá coragem."

- Yu Yu Hakusho





Enquanto comia toda a comida que a senhora Raptis havia trazido, Aiala se perguntava quem era a pessoa que Nikolaus estava trazendo com ele.

- Ele não disse o nome da pessoa, o que significa que dizê-lo para os gêmeos ou qualquer um no vilarejo seria irrelevante, neste caso posso concluir que é alguém que ninguém aqui conhece. - Falou para si. - Mas não consigo pensar em alguém que tanto eu quanto ele conheçamos, ele não traria alguém perigoso para o vilarejo, eu suponho, e por mais desesperadora que a situação seja ele sabe o que eu penso sobre trazer estranhos para cá. - Ponderou. - Então quem? Há uma peça faltando.

De fato havia um equívoco na linha de pensamento da garota, mas isso era algo que ela só contrataria no dia seguinte.

Aiala estava mais cansada do que tinha consciência de estar, ao fechar os olhos ela foi capaz de se desprender um pouco da realidade, o suficiente para descançar o corpo. Em algum momento, no meio da noite, ela sentiu que estava sendo observada, mas não abriu os olhos pois sabia quem estava fazendo aquilo, preferiu fingir que não havia notado. Quando mergulhou um pouco mais fundo na inconsciência, ela acabou por ver um Flash de imagens sendo passadas rapidamente. A garota viu imagens de um campo de batalha, viu uma espada longa com apenas um gume, a lâmina era negra com o fio claro e ao longo da lâmina, na parte mais próxima a empunhadura havia uma inscrição em grego que dizia "Lâmina da retribuição" , a empunhadura era uma mistura de preto e vermelho e a bainha era preta e dourada, ambas estavam em suas mãos. Ela viu também uma mulher de longos cabelos negros agachada no meio do campo, alheia a tudo a sua volta, a mulher estava quase debruçada sobre o corpo de alguém, sua tristeza e melancólica era tão vivida que Aiala podia sentir o nó na garganta, nesse momento havia movimentação em vez de uma imagem parada, mas não havia sons mesmo que aquele lugar estivesse envolvido em um intenso conflito, contudo sem aviso a garota pode ouvir um som que soava proximo a ela.

Era o som de uma trombeta, Aiala correu os olhos pelo campo de batalha a procura do lugar de onde vinha o som, mas não havia ninguém lá, enquanto procurava ela pode ver corpos espalhados pelo chão, sangue vermelho e dourado se misturando, humanos e criaturas que ela nunca tinha visto antes lutando entre si, pôde ouvir gemidos de dor, gritos de dedespero, urros animalesco, brados de ódio e o prantear daqueles que aos poucos desistiam da guerra e da vida ao ver seu bem mais precioso cair em batalha, a trombeta soou mais uma vez e Aiala finalmente a encontrou. Um homem, sim, um humano tocava o instrumento divino, seus ombros pareciam cansados e seu corpo balançava enquanto se forçava a ficar de pé e de alguma forma ele parecia triste, aquela era uma figura familiar para a garota, mesmo que ela não fosse capaz de ver o seu rosto, e mais uma vez a tristeza atingiu Aiala como um soco no estômago.

Derrepente uma mão calorosa tocou o ombro de Aiala fazendo-a se virar para encarar o autor do toque.

- Não chore, você não tem culpa. - Disse Ígnatios. - Não dava pra saber que iria acabar assim.

- Eu sempre soube que acabaria assim, apenas fui tola demais para evitar isso. - Aiala falou, mas não era como se ela estivesse dizendo, ela não sabia sobre o que estava falando.

- Viva, por nós, apenas viva. - Disse o velho homem antes de cair de lado imóvel no chão.

Nesse momento a fúria e a dor dominaram Aiala, sua visão ficou avermelhada e aos poucos sua consciência parecia ceder a ira, mas parou no instante em que ela viu Níobe a alguns metros de distância e inconciente o nome de sua amiga saiu de seus lábios chamando a atenção da capitã, ela olhou para Aiala imediatamente e sorriu, a distração durou menos que um segundo mas foi o suficiente para que Níobe fosse partida ao meio diante dos olhos de Aiala, ela morreu com um sorriso no rosto.

Aiala acordou imediatamente, mas por mais angustiada que estivesse não foi capaz de lembrar do sonho, sua boca amargava e sua cabeça doía, seu coração palpitava como o de um cavalo após correr e sua respiração estava irregular. Ela tentou se erguer da cama, mas desabou após o primeiro passo, estava tendo uma crise e nem sabia o motivo, se arrastou custosamente pelo chão e tentou alcançar as ervas calmantes sobre a mesinha no canto do quarto sem sucesso, mas então sentiu um leve toque em suas costas e depois seu corpo sendo erguido do chão e carregado até a cama, após acomadada, um copo foi levado até seus lábios, as ervas haviam sido esmagadas e diluídas na água para facilitar a ingestão, Aiala não podia ver quem a estava ajudando visto que estava lutando contra a inconsciente, mas estava grata pelo socorro. Ela apagou após o último gole, não estava dormindo, estava desmaiada.

Ao abrir os olhos na manhã seguinte, não havia vestígios de sua crise na noite antetior, também não havia indícios de que alguém além dela esteve alí, até os cacos do jarro de porcelana que ela havia derrubado haviam sumido bem como o copo no qual ela supostamente bebeu o remédio estava limpo, a garota começou a questionar se havia acontecido algo, até que percebeu que faltava parte da erva.

- Mas o que aconteceu comigo? Foi um sonho? - Perguntava para si. - Impossível, eu não tenho sonhos. Porque não consigo lembrar de nada? - Ela tocava em sua cabeça.

Com exceção da dor de cabeça, Aiala parecia totalmente bem, ela lavou o rosto, trocou de roupas e foi até a porta com a intensão de sair em busca de algo para comer, mas uma vez que abriu a porta se deparou com uma pequena sexta cheia de alimentos para o desjejum e até mesmo o almoço, imaginou que tinha sido a senhora Raptis outra vez. Após comer fez seu treinamento matinal e depois foi até a área presidencial do vilarejo para comprar algumas coisas, mas acabou voltando cheia de alimentos com os quais havia sido presenteada gratuitamente, acabou que ninguém lhe vendeu nada mesmo depois de muito protesto, a coisa se repetia: ela pedia um itém e quando fazia menção de efetuar pagamento ninguém aceitava. Voltou pra casa e almoçou o que havia recebido pela manhã, arrumou a casa e organizou tudo o que estava fora do lugar usual, afinal Nikolaus estava arrumando sua casa da forma que ele achava melhor e não da maneira que ela preferia, não tinha como ele saber, quando finalizou a fachina foi começar a preparar o jantar e quando estava no meio do serviço ouviu o chamado de Áthos em sua porta.


- O que há? - Questionou. - Eu estava ocupada.

- Nikolaus voltou. - Disse.


- E isso é coisa que mereça anúncio?

- Ele trouxe uma estranha com ele. - Falou o homem. - Não permitimos a entrada de desconhecidos sem registro ou aviso prévio desde o ataque. Mas como Nikolaus insiste em entrar com ela, achamos que era melhor você ir resolver por si mesma.


- Uma estranha? O que em nome do Olimpo ele tem na cabeça? Eu fui bem clara. - Falou retirando o avental e jogando-o em qualquer lugar.

Os dois deixaram a casa em direção a entrada da cidade a passos largos, as crianças haviam sumido das ruas, provavelmente era uma medida de segurança para protegê-las, os homens se amontoavam bravamente para proteger os mais frágeis e algumas mulheres guardavam a entrada de suas casas. Aiala abriu caminho por entre as pessoas até chegar a entrada e uma vez que chegou lá seus olhos encontraram primeiro Nikolaus e depois caiu sobre a mulher, ficou surpresa com a visita inusitada.


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Obrigada por acompanhar esta obra, espero que tenham gostado do novo capítulo, em breve voltarei com mais. Não esqueça de votar e comentar, isso ajuda outras pessoas a encontrar a obra. Fique a vontade para ler meu outro livro " O legado Neankanaua", talvez você ache interessante. Até a próxima, bjs😘💜💜💜

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora