Capítulo XLIII

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- Isso foi bem meloso. - Disse Dídimo. - Acho que já chega. Aiala fez beicinho.

- Vejo que nosso cavalo branco já está bem, não lhe parece isso Nikolaus? - Falou Aiala.

- Nosso cavalo branco me parece deveras saudável, Aiala. - Respondeu o homem ao perceber a brincadeira interna.

- De novo essa história de cavalo branco? - Resmungou o guia incomodado.

- Já que está bem até pra resmungar, vamos falar sobre a próxima parada. - Disse Aiala.

- Que crueldade, eu não ganho nem mais umas horinhas de folga? - Lamentou Dídimo.

- Não vejo necessidade. - Disse Aiala fingindo indiferença. - A não ser que você queira ficar mais tempo por aqui e encontrar mais criaturas como nosso amigo Cerberus.

- Eu dispenso. - Disse levantando-se rapidamente do chão. - Me sinto revigorado com suas calorosas palavras. - Debochou. - Vejamos... - Ponderou pescando o mapa de sua mochila. Ao identificar para onde estavam indo, a expressão naturalmente animada de Dídimo foi acometida pelo desânimo. Como quando nos lembramos de algo ruim.

- Não faça uma expressão como essa. - Pediu Íris. - É tão ruim assim.

- Aiala, você tem certeza de que precisamos ir pra lá? - Perguntou o Guia

. - Infelizmente, tem alguém que está lá que preciso visitar. - Disse Aiala. - Nikolaus, conseguiu encontrar alguma coisa sobre esse lugar no livro?

- Não tinha muita coisa, algumas coisas estavam ilegíveis. - Respondeu.

- Para onde estamos indo mesmo? - Perguntou Íris.

Silêncio foi o que predominou no lugar, a única coisa que podia ser ouvida era a lamúria sussurrante das almas em Asfódelos que agora soavam um pouco distantes.

- Íris, eu tenho tido essa sensação desde que chegamos aqui, mas... - Aiala dizia e, assim como os outros, não olhava para a ruiva diretamente. Fitavam o chão. Dídimo estava atento e com os olhos arregalados, Nikolaus transmitia certa melancolia no olhar e Íris seguia com sua melhor expressão despreocupada. - por acaso você aceitou vir com a gente sem saber de nada? - Questionou Aiala.

- Eu sei que é um lugar perigoso. - Disse Íris. - Apesar de minha família adorar a deusa Ártemis, eu nunca tive muito interesse em saber de muita coisa sobre os deuses ou seus domínios.

- Não Íris, esse lugar não é meramente perigoso. - Disse Nikolaus esfregando as têmporas. - É um lugar com chances quase nulas de retorno.

- Como assim? - Questionou Íris.

- Eu entrei aqui ciente de que talvez um ou nenhum de nós conseguisse voltar para o mundo dos vivos. - Falou Nikolaus. - Estou disposto a dar a minha vida para que ao menos Aiala retorne, mas não posso garantir nem isso.

- Vocês falam como se a gente fosse morrer. - Debochou Íris olhando para Dídimo, mas ele apenas desviou o olhar. - Que isso gente? A gente vai ficar bem, né?

- Aiala, eu vou analisar o mapa de novo, vou anotar o máximo de informação, vou tentar achar uma rota apartir daqui que leve para o mundo dos vivos e... - Ele parecia perdido e um pouco desesperado. - Vai ser mais perigoso pra você e Nikolaus, mas não consigo ver outra opção.

- Eu entendo. - Disse Aiala depois de pensar um pouco. - Não há o que fazer, Nikolaus e eu vamos prosseguir e você leva Íris para fora.

- O que estão dizendo? - Brada Íris exaltada. - Eu vou continuar com voc...

- Não vai não. - Interrompe Aiala. - Você entrou aqui sem entender o tamanho da furada na qual estava se enfiando.

- Mas agora eu sei e quero continuar.

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora