Capítulo XLI

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O que havia do outro lado, você pergunta? Para falar a verdade, a princípio não tinha nada demais. O grupo se viu em um largo corredor que lembrava o interior rochoso de uma caverna, o caminho era único, mas haviam cavidades nas paredes em em alguns pontos, eram entradas que levavam só os deuses sabem lá para onde... talvez nem eles. O mundo inferior era tão extenso que é dito que nem o próprio Hades o conhece por inteiro, a quem diga que o submundo está em constante expansão, quem disse? Não faça perguntas difíceis.

Aiala seguia nas costas de Dídimo.

- Pra onde vamos agora, Dídimo? - Perguntou a garota.

- Vou verificar. - Dídimo pegou o mapa que estava preso em uma bolsa presa em sua cintura. Ele fazia tudo com Aiala em suas costas, ela tinha praticamente se tornado parte de sua bagagem. Ele analisou o mapa por alguns segundos. - Temos que seguir pelo corredor, logo estaremos em um ambiente mais amplo.

- Devíamos descansar um pouco, não sinto nenhuma presença estranha por perto. - Falou Íris seguindo Dídimo que tinha voltado a caminhar.

- O tempo passa de forma diferente no mundo inferior, segundo o que Nikolaus nos disse, podemos estar aqui há algumas horas ou há alguns dias, mas não podemos descartar a possibilidade extrema de terem se passado anos. Não é isso, Nikolaus? - Perguntou Dídimo.

Nikolaus não respondeu, Dídimo parou e olhou para trás, Íris fez o mesmo.

- Nikolaus? - Chamou Íris em voz baixa. Sua expressão deixava no ar um questionamento que ela logo verbalizou. - Você está bem?

O homem olhava para o chão, ele se sentia demasiadamente cansado, sua cabeça estava pesada e sua nuca doía um pouco, seu corpo parecia pertencer a outra pessoa, estava pesado.

- Estou b... - Ele conseguiu custosamente erger a cabeça um pouco, sua expressão estava suave, suave demais, como alguém que está prestes a adormecer. Aiala o olhava com atenção e seus olhos se esbugalharam quando ela viu um fino filete de sangue escorrer do nariz do rapaz.

- Nikolaus... - Murmurou ela.

Ele tentou dar alguns passos na direção dos demais, seus companheiros de aventura falavam alguma coisa, ele espremia os olhos, mas não conseguia ouvir nada. Não demorou a desabar no chão.

Quando viu Nikolaus tombar, Íris correu e deslizando no chão evitou que ele batesse a cabeça.

- Ele está vivo, pelo menos. - Disse Íris depois de avaliar o homem. - Ao que tudo indica desmaiou de exaustão, deve ficar bem depois de dormir bastante.

- Eu não quero parecer paranóico nem nada, mas sinto que ele fez algo absurdo lá no salão de julgamento. - Falou Dídimo enquanto colocava Aiala sentada no chão e apoiava as costas dela com cuidado na parede.

- Concordo, ele mesmo tinha dito pra gente que era impossível se mexer sem a permissão do Juíz até que o julgamento acabasse. - Disse Íris.

- Talvez ele nos conte quando acordar. - Concluiu Aiala, na verdade, nem ela sabia ao certo o que raios tinha acontecido. - Contudo, que fique claro que ele não tem obrigação de nos dizer nada. Todos nós temos segredos. - Ambos assentiram em concordância.

Nikolaus não estava acordando e por isso eles decidiram se revezar para descansar, de modo que um deles sempre ficava acordado. Estavam preocupados, mas o que mais poderiam fazer? Pelo menos o rapaz não estava com febre e isso era um bom sinal.

Muitas horas depois, Nikolaus começou a apresentar sinais de lucidez, pouco a pouco ele despertou e pela sua expressão notava-se que ainda lutava para se manter acordado, mas todos tinham dúvidas e precisavam de respostas. Dídimo ajudou o homem a se sentar encostando-o na parede assim como Aiala fazia. Ele mal estava acomodado quando a impaciência e Curiosidade de Íris chegaram no auge.

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora