Capítulo LIV

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Com o passar do tempo a viagem foi ficando cada vez mais tranquilo e isso se devia ao fato de que quanto mais se distanciavam de Mégara, menos gente surgia à procura deles, até foram capazes de dormir sob um teto por duas noites. Chegaram próximos a Tânagra em tempo record e logo se despediram de Íris e Dídimo, a ruiva não precisou de muito para convencer o pirata a ir para casa com ela. 

Quanto a Nikolaus e Aiala, seguiram rumo ao vilarejo no ato da montanha, finalmente estavam em casa. Foram recebidos com festa, euforia, sorrisos conhecidos e os rostos de dois bebês recém nascidos que prontamente foram empurrados para os braços deles. A sensação de estar em casa era revigorante, mas Aiala não pode deixar de sentir ainda mais vívido o peso das vidas que carregava em suas costas, ela sentia que precisava proteger aqueles sorrisos, e precisava proteger aqueles bebês que mal tinham vivido ainda. 

Nikolaus percebeu a preocupação se instalando na mente de Aiala e se aproximou dela. 

- Vai ficar tudo bem! - Disse ele suavemente e baixo o suficiente para que só ela ouvisse no meio daquela multidão. - Vamos focar em descansar primeiro, comer até não poder mais e evitar o máximo de estresse possível. - Ele tetava parecer motivado, mas no fundo estava preocupado também. - Vamos viver Aiala. Viver e voltar pra casa outra vez.  - Falou ele. 

Aiala apenas assentiu e encostou a cabeça em Nikolaus. A festa durou até a senhora Ráptis ameaçar bater em todo mundo se não deixassem os dois descansarem da viagem. Cada um foi pra sua casa, mas antes Aiala pediu que Nikolaus fosse até sua casa no dia seguinte. Falou para ele que ela havia emagrecido demais e que havia uma roupa que desejava usar antes da batalha, então pediu que ele fizesse o favor de ir buscar na casa dela na manhã seguinte e que levasse até a senhora Ráptis para ajustar. 


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A garota chegou em casa e tomou um banho demorado, lavou os cabelos, se sentiu renovada após isso, colocou uma roupa leve. Trocou os lençóis da cama e estava prestes a ir dormir, ou pelo menos tentar, quando mais uma vez, após muito tempo, ela sentiu a presença de sempre a observando. Por alguma razão seu coração acelerou e ela sentiu satisfação com a chegada dele. Estava um pouco preocupada com a situação em que tinha se despedido dele na última vez que o viu. 

- Sabe, agora que paro para pensar, você esteve por perto desde que eu consigo ter memórias. Sempre na sombra, espreitando. - Falou a garota. - Mas eu não sabia o que era aquela sensação, eu ainda não tinha te conhecido e por isso não tinha como saber que era você. - Comentou. - Mas sabe o que eu pude perceber agora? - Indagou em retórica. - Coincidência ou não, sempre que a sua presença sumia, algo de ruim me acontecia. Era orgulhoso demais para admitir que estava dando atenção demais a uma relés humana, Poseidon? - Questionou. - Eu não consigo te ver, mas posso te sentir. Sei que está aí.

Poseidon deixou as sombras de maneira silenciosa e apareceu diante da garota. 

- Você sempre deu um pouco de trabalho, às vezes olhava tão diretamente para onde eu estava que eu me questionava se você realmente não estava me vendo. - Confessa o deus. 

Aiala o olhava, analisava sem pudor o deus por completo. Até fixar o olhar no dele. 

- Preciso de respostas, Poseidon. - Disse ela. - Por que se arriscar daquele jeito para me salvar? - Indagou. - Mesmo o humano de coração mais mole dificilmente arriscaria mais que seu corpo, a sua alma, por alguém com quem mal conviveu por seis meses. Não saltariam no estige daquela forma. 

- Digamos que eu te conheço a mais tempo do que você me conhece. - Falou ele, mas evitou responder às perguntas dela. 

Ela o olhava fixamente nos olhos agora. 

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora