Aiala: A Noiva do deus do mar

Capítulo XIV

O local era bem barulhento, tanto que era difícil imaginar que as autoridades realmemte não soubessem sobre suas atividades, a garota concluiu que eles recebiam uma boa compensação por debaixo dos panos para se fazerem de cegos. Parecia ser um Grande galpão com arquibancadas construídas posteriormente em madeira, ao centro de tudo ficava a arena e uma rede separava as pessoas dos lutadores. Apesar do local ser grande, era difícil transitar nele visto que havia tantas pessoas que era necessário se espremer por entre elas.

Aiala se misturou a multidão de modo a não chamar atenção para si, até fez algumas apostas nos lutadores, e passou a procurar por sua presa. Encontrar Ikáros não foi difícil, ele era enorme e exacerbadamente musculoso, suas feições eram duras e sua pele severamente queimada pelo sol, cheia de cicatrizes, ele devia ter quase dois metros de altura e aparentava ter cerca de 40 anos, suas mãos e pés eram grandes, seus cabelos eram curtos porém rebeldes, mesmo a metros de distância a garota podia sentir a aura violenta que emanava dele.

Aiala se lembrava muito bem daquele homem, aquele que espancou e humilhou seu pai, aquele que partiu seu amado irmão mais velho em pedaços, aquele que se uniu ao grupo e abusou de sua mãe, aquele que segurou seu pai para ele visse sem poder fazer nada a desgraça de sua mãe enquanto se deliciava com toda aquela barbárie, o homem que decepou a cabeça de seu pai. Ao avista-lo se acendeu a ira de Aiala, uma raiva que mal podia ser contida, ela o faria pagar, a alma de seus pais não poderiam descançar em paz até que ela fizesse aquele homem desejar a morte.

Com muito custo Aiala se conteve, sua vingança seria servida em uma travessa do mais puro ouro e ela se banquetearia até não sobrar nada. O plano já estava decidido.

As lutas se seguiram e Ikáros não deixou de lutar em algumas delas, mesmo que as regras considerasse vitorioso aquele que nocauteasse, atirasse para fora da arena ou forçasse o oponente a desistir, elas não se aplicavam a Ikáros. Ele lutou apenas cinco vezes aquela noite, foram cinco lutas, cinco oponentes e cinco mortes, era sabido que qualquer um que enfrentasse Ikáros na arena não passaria de mais carne morta. Porém a vida não se resume às regras da arena.

Aiala mandou um bilhete para o guerreiro mais enaltecido lhe convidando para encontra-la quando todos tivessem ido embora do local, ele aceitou assim que soube que se tratava de uma mulher. Já era quase madrugada quando as pessoas e organizadores finalmente deixaram o local, a pedido de Ikáros permitiram que ele continuasse a usar o galpão após fechar.

Com o plano em mente, a garota se dirigiu ao centro da arena e esperou de costas para Ikáros, ela estava confiante de que ele não à atacaria por vários motivos. O primeiro era pelo simples fato de que foi ela a convida-lo, o segundo é o fato de que uma mulher do porte físico dela não representava ameaça, o terceiro era porque fazer isso não seria divertido. Ikáros se aproximou de Aiala sem cerimônia, aí estava a segunda característica mais predominante nele, sua arrogância, ter um corpo forte o fazia se sentir invencível e isso o fazia ser pego com a guarda baixa, porém sua arrogância não era descabida visto que não existiam muitos homens dispostos a ataca-lo pra início de conversa.

Ikáros parou a apenas cinco passos de Aiala, isso significava que ele não era burro o suficiente pra ir direto ao encontro do desconhecido, mas isso não importava... Ele estava dentro do raio de ataque de Aiala.  Ela estava ciente de que teria apenas uma chance, Ikáros era forte mas não era muito esperto então ela tinha que atingi-lo antes que ele assimilasse o que estava acontecendo. Uma pessoa comum sequer cogitaria ir por livre e espontânea contra aquele monstro, mas Aiala estava longe de ser uma pessoa comum.