Capítulo XLII

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Talvez você também esteja se questionando sobre o que íris não foi capaz de notar, mas a resposta para isso na verdade é mais óbvia do que se imagina. 

- Eu tenho muita inveja da sua vitalidade. - Nikolaus disse a Íris e logo em seguida suspirou cansado. 

- Eu também estou com inveja. - Falou Dídimo. 

Aiala apenas meneou a cabeça. 

- Vivos não deviam estar aqui e agora eu percebo que não é apenas por causa das criaturas perigosas que existem aqui. - Nikolaus considerou. - Estamos tendo nossa força vital roubada aos poucos, quanto mais esforço fazemos aqui, mas fracos ficamos. Estamos sendo drenados.

- Ou seja, ficar muito tempo aqui pode nos matar antes que alguma criatura faça o serviço. - Ponderou Dídimo. 

- Aparentemente esse é um problema que nem o anel pode resolver, também estou começando a sentir os efeitos. - Comunicou Aiala. - Temos que nos apressar ou morreremos. 

- Eu já estou pronto pra outra. - Disse Nikolaus se erguendo do chão. - Na verdade esquece o que eu falei, é melhor não ter outra. 

- Pelo menos agora temos uma lutadora habilidosa e alguém com poderes sobrenaturais no grupo. - Comentou Íris. 

- Não tão rápido. - Alertou Nikolaus. - Eu não dominei as técnicas ainda, além do mais, elas gastam mais energia que o normal e eu ainda não sei quando vou poder usar de novo. Vocês viram? Usei por alguns segundos e fiquei inconsciente por horas, esse não é um poder conveniente ainda, é uma faca de dois gumes. Mal consigo ficar em pé. - Considerou. -  E ainda tem mais, como eu falei, esse lugar rouba a energia vital e quanto mais eu gastar minhas forças, mais rápido minha energia vai se exaurir até me matar. Vocês me devem oito moedas de ouro, não vou morrer até que me paguem. - Brincou. - É melhor tomarem cuidado e não dependerem do meu poder, porque eu também não vou estar contando com ele. 

- Fazer o quê? - Íris deu de ombros. 

- De toda forma, para onde estamos indo agora? - Questionou Aiala. 

- Para Asfódelos.  - Respondeu Dídimo. - O campo dos irrelevantes. 

- Sobre isso só tenho um conselho, não toquem nas almas. - Instruiu Nikolaus. 

- Por quê? - Perguntou Aiala. 

- O livro não diz, mas é melhor não tentar descobrir. - Respondeu e começou a caminhar. 

O corredor era largo e a medida que se afastavam do lugar por onde haviam entrado, ia ficando mais e mais escuro. No submundo não havia céu e portanto não existiam corpos celeste, rochas luminosas que irradiavam luz própria clareavam o lugar, a quantidade de rochas luminosas determinava o quão iluminado o ambiente ficaria. O número de rochas luminosas caiu bastante e em vista disso o lugar estava mais escuro. Contudo, não estava tão escuro que eles não pudessem enxergar tudo à sua volta, com o tempo suas visões se habituaram a pouca luz. 

Possivelmente, demorou cerca de uma hora para finalmente chegarem a uma área aberta. Haviam almas caminhando por todo lado, o campo Asfódelos era enorme e a quantidade de almas espremidas  alí era absurda, elas não se tocavam e devido ao pouco espaço, como podiam não se chocar era um mistério. As almas cinzentas vagavam sem rumo, sem castigo e sem punição, afinal aquele era o destino dos que foram julgados nem bons nem maus. Aqueles corpos semi-transparentes iam para um lado e para o outro com suas cabeças baixas, murmurando coisas inaudíveis, suas faces estavam desprovidas de expressão e ao ver aquilo Aiala imaginava se não era melhor ir para os campos de Punição a ter que vagar daquela maneira pela eternidade. 

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora