Capítulo XII

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"Na vingança e no amor a mulher é mais bárbara do que o homem."

-Friedrich Nietzsche



A garota não retornou para a hospedaria, em vez disso ela saiu em busca de algo elegante porém confortável para vestir. No fim ela escolheu uma roupa bonita, nada extravagante, comprou também um arranjo para cabelo visto que o mesmo tinha um véu que caia até a altura do nariz, cobrindo-lhe os olhos, ele era muito mais sofisticado e elegante que o chapéu que vinha usando, como o tempo estava frio ela teve uma desculpa para comprar e vestir uma capa nova feita de linho. A capa serviria tanto para melhorar o lock como para ajudar a esconder o par de adagas que ela cuidadosamente havia prendido em sua coxa, para ser usado em caso de necessidade.

Depois de arrumada, a garota finalizou os últimos passos do seu plano e se dirigiu ao ponto de encontro. Italós havia chegado primeiro, ele estava de pé, encostado na parede com os olhos fechados, pensando sabe-se lá em que. Aiala se aproximou dele cuidadosamente, mas antes que pudesse fazer ou dizer qualquer coisa, o homem o fez.

- Sem atrasos. - Disse antes mesmo de abrir os olhos. - Gosto disso.

Aiala agradeceu a si mesma por não ter caído na tentação de agir naquele momento.

- Parece que temos algo em comum, visto que também gosto de pontualidade. - Disse Aiala. Ele riu. 

A taverna estava lotada, algumas pessoas até comiam em pé, apenas uma mesa estava desoculpada. Ninguém se atrevia a se sentar na mesa que Italós costumava usar, mesa essa que naquele mesmo dia havia sido palco de um assassinato. Italós caminhou com tranquilidade, a medida que ele ia passando as pessoas saíam da frente dando livre passagem, ele se sentou primeiro e Aiala se sentou logo em seguida sem exitação.

- Devo adimitir que você é bem corajosa. - Falou Italós. - Apesar de tudo o que viu, você continua serena, é de se esperar que as mulheres sejam sensíveis a coisas assim. Uma características irritante.

- Já vi coisa pior, algo como aquilo não é nada. - Falou Aiala.

- Mesmo? - disse interessado. - Me diz o que aconteceu e eu digo se foi pior ou não.

Aiala sabia que se tratando de Italós aquele era um terreno perigoso, mas não é como se ela odiasse o perigo.

- Minha casa foi invadida quando eu era criança, toda a minha família foi assassinada na minha frente, fui a única que sobreviveu. - Falou serenamente.

Primeiro veio o silêncio.

- Por essa eu não esperava. - Falou. - Bom... Você ganhou. Isso é bem pior.

- Eu disse.

Felizmente ele sequer ligou os fatos, afinal, quais eram as chances do alvo dele se sentar por livre e espontânea vontade na mesma mesa que ele?

Italós pediu a comida e bebidas alcoólicas, enquanto comiam ele falava um pouco sobre suas aventuras e sobre seu gosto para artes, sempre evitando falar demais mesmo quando estava levemente embriagado. Enquanto isso Aiala evitava beber mais que o necessário, afim de se manter sóbria. Enquanto ouvia o homem falar, a garota não parava de pensar que ela poderia tê-lo conhecido em outras circunstâncias e que poderia jamais saber o quão cruel ele poderia ser, essa conclusão se aplicava aos outros que ela matou. Qualquer um que  olhasse para eles, seria incapaz de imaginar as barbáries que eles eram capazes de cometer. A maldade não tem face.

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora