Capítulo LXV

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A tensão se instalou, ainda não haviam garantias de que Aiala iria ceder, além disso o retorno da personalidade não significava que ela estava mais fraca. A verdade é que aquela Aiala metódica era ainda mais perigosa que a anterior. 

- E então? O que vai ser? - Disse a deusa da noite ciente de que Aiala sabia dos pormenores de sua oferta. - Escolherá perdão ou retribuição?

- Retribuição. - Aiala disse sem rodeios. Sua face trazia uma expressão neutra.

- Está disposta a me entregar o seu direito de justiça? - Indagou a deusa diante da decisão da garota. - Garanto que farei o possível para que se dê por satisfeita. 

As feições de Aiala suavizaram e seus ombros relaxaram um pouco. Ela se soltou nos braços de Poseidon voltou-se para a deusa. 

- Que tipo de justiça? - Indagou. 

Nix olhou para um lugar que não tinha ninguém e um portal negro, semelhante ao que apareceu em sua asa anteriormente, surgiu. 

- Querido filho? - Chamou a deusa. - Ouça o chamado de sua mãe. 

Do portal saiu o homem idoso de cabelos brancos e barba de igual cor, apoiava-se em cajado de pastor. Ele era muito magro e sua pele era bastante enrugada, o homem exalava sabedoria, a sabedoria adquirida através da experiência e do tempo.

Com a aparição do homem, Ebe, filha de Zeus recuou um passo e sua expressão se tornou séria e empertigada. 

O recém chegado não era ninguém menos que Geras, o daemon que personificava a velhice, mas o que Nix queria chamando-o alí? Os deuses não tardaram a compreender. Eles que sempre fizeram questão de exibir sua jovial aparência, eles que não haviam provado do dissabor destinado aos humanos, temiam e repudiavam totalmente aquele filho de Nix. Justiça? Sim. De fato Nix estava oferecendo a Aiala algo especial: o pior castigo que ela poderia impor a bela deusa Hera, deusa do casamento e da fertilidade, fertilidade essa que as mulheres perdiam uma vez que envelheciam. 

Agora foi a vez de Aiala compreender o que lhe estava sendo oferecido. 

- Hera receberá a pena justa e você dará por encerrado este conflito. - Falou Nix. - Temos um acordo Humana?

A garota pensou por um breve tempo e concluiu que Hera teria algo muito pior que a morte. Contudo, Aiala não respondeu, em vez disso ergueu a sobrancelha como se pedisse por algo mais. 

- Entendo! - Disse a digníssima deusa da noite. - Hera será jogada no Tártaro e ficará reclusa até que você decida que ela deve sair. - Ofereceu. 

- Mas isso é... - Começou Zeus, mas  apenas um olhar de Nix bastou para o fazer recuar e emudecer. 

Aiala ponderou, se a deusa estava disposta a negociar significava que ela via em Aiala uma ameaça, talvez não uma ameaça direta a ela, mas ao dito "equilíbrio"  e se esse era o caso ela não deixaria a chance fugir. Ela reconhecia a fama de Nix, e diante do comportamento dos demais deuses e monstros presentes ela pôde concluir que o boato de que a deusa da noite era a entidade mais poderosa que existe não estava longe de ser uma verdade. A garota analisou e se decidiu.

 - Aceitarei se incluir mais uma condição. - Barganhou a garota. Nix a olhou com curiosidade, questionava-se de onde vinha tamanha coragem. - Você me dará sua palavra de que os deuses jamais voltarão a perseguir os humanos tal como fui perseguida. 

Nix encarou Aiala, ela esperava um pedido egoísta, afinal era disso que toda criatura era feita, incluindo os humanos. 

- Sabe que sou aquela que detém o conhecimento por trás da imortalidade dos deuses, não sabe? - Questionou a deusa.  

Aiala: A Noiva do deus do marOnde histórias criam vida. Descubra agora